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Meses antes.

KAROL

Mil e noventa e cinco dias

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Mil e noventa e cinco dias. Exatos três anos.

Mil dias atrás de grades enferrujadas e portões de ferro que impediam o contato com o mundo externo. Mil dias observando o comportamento doentio e por vezes apático daquelas que assim como eu, estavam presas ali. Mil dias rodeada por cercas elétricas de alta voltagem que se estendiam por cima dos muros quilométricos, dando a volta em toda a construção que foi a minha casa por todo esse tempo.

O presídio feminino de segurança máxima de Nova York abrigava as piores criminosas do país. Era visivelmente o lugar mais tenebroso do mundo para quem cometera crimes, mas podia ser ainda pior para alguém que era inocente.
Um completo e perturbador pesadelo.

Um pesadelo que chegava ao fim para mim - ao menos foi isso que pensei quando fui avisada por meu advogado, o doutor Agustín Bernasconi, que o pedido de reavaliação da minha sentença foi acatado pelo tribunal e, consequentemente, perceberam o equivoco cometido.

Eu estava livre. E não devia nada a ninguém.

A sensação de liberdade ao receber essa noticia tão extasiante me levou ao sétimo céu. De algum lugar do meu ser machucado e ferido submergiu a Karol do passado. A Karol que via algo bom em tudo, que nutria uma fé inabalável e acreditava em coisas boas.

Entretanto, poucas horas antes de assinar para pegar meus pertences, fui chamada até a sala do diretor Bryan Landon. Um homem grande, gordo e careca. Um homem que permeava meus pesadelos e soube transformar minha vida em um inferno ali dentro.
Ele estava sempre disposto a me prejudicar, e de fato conseguiu inúmeras vezes.

Mas não era ele que queria falar comigo, mas sim outro. Um cretino muito pior que ele. E eu o conhecia bem.
Infelizmente foi um amigo de Logan, meu ex-marido. O marido que eu havia assassinado para me defender, caso contrário quem teria morrido seria eu.

Logan Carter se casou comigo e me fez padecer em um calvário doentio. Eu não agüentava mais.
E eu precisei me salvar e salvar o meu filho.

O problema foi que no dia em que atirei em Logan, a minha alma se foi junto.
Eu perdi tudo.
E nem estou falando do meu direito de ir e vir. A minha maior e mais importante perda foi Henry, meu pequeno e adorável filho. Ele só tinha três anos na época e era seu aniversário quando tudo aconteceu.

Henry estava agora com Elizabeth, a mãe de Logan. E esse era outro problema que eu precisaria resolver, mas tinha perfeita consciência de que minha ex-sogra não iria facilitar.
Ela era como Logan, dois sádicos perversos.

─ Eu realmente não sei o que deu na cabeça da Meritíssima ao reavaliar seu caso e te declarar como inocente... ─ O tal homem que queria falar comigo disse, perambulando pela sala de Bryan, pairando ao meu redor com aquele terno cinza e gravata impecável. Parecia assustador, mas aprendi a não demonstrar meus medos. ─ Nós dois sabemos que descarregar um revolver em alguém não é um ato de sobrevivência. Você queria matá-lo. Planejou isto.

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora