Karol
Um espasmo forte do meu próprio corpo me fez pular da cama como se ela estivesse prestes a me ferir.
Quando dei por mim já estava distante, com uma mão sobre a boca e o coração latejando com força no peito.Franzi o cenho para o meu advogado que me encarava com a mesma expressão assustada.
Aquilo... não podia ter acontecido.
Não!
De modo algum!
Mas... porque eu não impedi? Porque não consegui fazer isso?
─ Agustín, você não... não tinha esse direito! – Murmurei sem muita ênfase no que dizia.
A minha cabeça ainda tentava processar tudo aquilo.
Beijá-lo em outras circunstâncias, em outro momento da minha vida, talvez tivesse sido uma felicidade para mim, porém quanto mais eu assimilava a situação, mais ia crescendo um sentimento de irritabilidade.
Não. Não era para ter acontecido!
Ruggero estava impregnado em mim e era o sabor de seu beijo que eu buscava. Era do toque dele que eu precisava e de seu cheiro que ansiava. Não do Agustín. E por mais que ele fosse bom pra mim, ainda assim, nunca seria o detetive.
─ Karol, me desculpa, mas... ─ Ele respirava com dificuldade e eu também. O quarto parecia estar se fechando a nossa volta. ─ Eu não consigo mais fingir que não sinto nada. Não posso sufocar esse sentimento que...
─ Para! ─ Guinchei desesperada. Eu não queria ouvir. Não queria saber. ─ Por favor, se você realmente ainda quer continuar com o meu caso e me ajudando, então não toca nesse assunto. Eu te imploro.
─ Você retribuiu o beijo. Karol, você retribuiu! Eu tinha dúvidas se você sentia alguma coisa, por mínima que fosse, e agora tenho certeza de que sim. Sim, você sente! O seu beijo não foi indiferente.
Abanei a cabeça, desnorteada.
Não. Não fui indiferente, mas também não encontrei em seus lábios aquilo que me faltava.
E cada vez mais isso ficava mais claro.
─ De todo modo, não posso ser recíproca, Agustín. ─ Pousei as mãos na cintura. ─ Eu não posso colocar o coração nessa nossa história, porque não o cabe. Não é assim. Eu não sinto o mesmo que você.
─ Mas, talvez...
─ Não vai rolar. ─ Bufei. ─ Me perdoa se com esse beijo eu... eu dei a entender algo, mas... eu te vejo como um grande amigo, um anjo pra mim. Mas é isso. Só isso.
Eu tinha consciência de que as minhas palavras o magoavam, mas não me freei. Eu não ia mentir pra ele, tampouco alimentar esperanças.
Pois se havia alguma dúvida em mim com relação a ele, já não existia mais.Sim, é claro que ele me atraia. Agustín era um homem bonito, charmoso e extremamente capaz de despertar coisas no coração de qualquer mulher.
Mas no meu caso, não. Meu sentimento por ele se confirmou outro.Não que fosse só gratidão, mas também não era amor.
Pelo menos não o tipo de amor que ele queria.
─ Não sentiu nada com esse beijo? ─ Ele insistiu.
Seus olhos castanhos me fitavam com tanta intensidade que meu peito apertou.
Desviei o olhar.
─ Só posso dizer que talvez seja melhor passar o caso para outro advogado. Eu não quero magoar você mais ainda.
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À Prova de Balas
Romance"Três anos enclausurada. Três anos pagando por ter cometido um crime em legítima defesa. Três anos em que estou longe do meu filho, que perdi completamente o contato com a minha mãe e não pude cuidar dela em seus últimos momentos de vida; três anos...