Karol
Enquanto levava Agustín até a porta, ponderei internamente sobre os acontecimentos e apesar da dor de cabeça que me deixava desnorteada, havia um apelo muito forte no meu coração para que eu fosse até o Henry. O meu bebê estava precisando de mim. Eu tinha que saber se ele estava sendo bem cuidado, se fazia fisioterapia...
Eu não podia ficar de mãos atadas.
─ Agustín, espera...
Ele, que já estava perto do elevador, virou-se para mim.
Deixei a porta aberta e caminhei até meu advogado, decidida a pedir uma carona até a mansão dos Carter.
─ Precisa de alguma coisa?
─ Uma carona. Eu quero ir até a casa onde o meu filho está. Preciso ver o Henry, saber como ele está.
─ Karol, eu não acho que seja uma boa idéia.
─ E o que seria uma boa idéia, afinal? Ficar aqui de braços cruzados enquanto o meu filho fica nas garras daquela mulher maldita?! Não posso suportar. Eu vou morrer se não vê-lo. Por favor, precisa me ajudar!
Agustín pousou uma das mãos na cintura e ficou me encarando.
Eu não entendia essa hesitação dele. Independente de tudo, eu ainda era a mãe do Henry. Era perfeitamente normal que eu quisesse cuidar dele. Pois por mais que Elizabeth tivesse sua guarda naquele momento, eu sempre seria a mulher que lhe deu a vida. E meu bebê nunca teria um amor maior do que o meu.
─ Dorme um pouco e descansa. Você precisa colocar a sua cabeça no lugar e depois nós...
─ Agustín, eu realmente...
─ Karol. ─ Ele tocou meu braço e eu me afastei bruscamente, sem me importar de deixar clara a minha irritação. Meu advogado passou as mãos pelos cabelos. ─ Entenda que eu estou fazendo o possível para conseguir as visitas. E se você for lá armar um escândalo ou coisa do tipo, eu não poderei fazer nada. Pensa com clareza, por favor!
Estacionei as mãos na cintura e o fitei por trás do meu aborrecimento.
Que caralho!
Aquela filha da puta da Elizabeth estava colocando a vida do meu filho em risco, mas era de mim que a justiça queria afastá-lo.
Porra!
─ E isso vai demorar muito? Essas benditas visitas?
Notei que ele relaxou um pouco.
─ Eu dei entrada nisso tudo hoje, então precisamos aguardar, mas não imagino que demore tanto. Farei o que puder para adiantar tudo.
Soltei o ar por entre os dentes e me forcei a aceitar suas palavras.
Eu tinha que me agarrar a algo, qualquer coisa que me desse esperança.
─ Tudo bem. Mas, por favor, faça tudo o que puder.
─ Eu farei, Karol. Não irei descansar até que o Henry esteja com você.
Assenti mesmo que a contragosto.
─ Boa noite, Agustín.
Ele sorriu e seu sorriso esbanjou todo o cansaço que sentia.
Voltei a me sentir culpada. Agustín não precisava dos meus surtos. Ele já tinha feito tanto por mim. Droga!
─ Até logo, Karol.
Acenei com a cabeça e esperei até que ele entrasse no elevador, então dei a meia volta e entrei, encontrando Margô na sala.
Ela estava indo na direção da escada, mas parou para me esperar, oferecendo aquele olhar maternal de que tanto eu tinha saudade.
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À Prova de Balas
Romance"Três anos enclausurada. Três anos pagando por ter cometido um crime em legítima defesa. Três anos em que estou longe do meu filho, que perdi completamente o contato com a minha mãe e não pude cuidar dela em seus últimos momentos de vida; três anos...