Detetive Pasquarelli

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Karol

Me debati nos braços de Agustín. Eu tinha que voltar. Tinha que voltar!

─ Karol, pelo amor de Deus!

Praguejei por entre os dentes e tentei me soltar, então ele me pôs no chão, porém as minhas pernas não se sustentaram como eu queria e acabei tombando na direção dele e sendo amparada por seus braços que não me deixaram cair.

Olhei para a porta por cima do ombro de Agustín e esperei que Ruggero saísse, que viesse até nós, mas nada acontecia.

─ O Ruggero.

─ Eu também escutei, Karol. Mas não há nada que possamos fazer. Você tem que ir para o hospital. Está perdendo muito sangue!

─ Foda-se! ─ Tentei gritar, mas quase não havia voz. A fraqueza me tomava. ─ O Ruggero... O Blaine vai matá-lo... o tiro, Agustín. O tiro!

Fui posta em seus braços de novo e não tive forças de me soltar.

Meus olhos estavam presos na porta.

Cadê ele? Porque o Ruggero não sai de lá? Porque ele não veio ao menos dizer que estava bem, que o tiro atingiu o Blaine? Por que... tinha que ter atingido aquele desgraçado.

─ O Ruggero me deu o número do Danny, um cara que ajudou a gente na delegacia. Eu liguei antes de entrar, porque não confiei muito nesse plano todo. E eu te juro que ele está vindo e vai ajudá-lo. Mas pelo amor de Deus, me deixa te levar ao hospital logo!

Bati com a testa no ombro dele e fechei os olhos.

Porque o Ruggero ainda estava lá dentro?

─ Eu o amo. E-ele... ele não pode morrer.

─ Prometo que não vou deixar que ele morra. Eu vou ligar pro Danny de novo.

E Agustín cumpriu sua promessa. Assim que entramos no carro ele ligou novamente, deixando o telefone no viva-voz e ouvi quando o homem disse que já estava a caminho com reforços.

Mas isso não aliviou o meu mau pressentimento.

Ruggero

Cai de joelhos e encarei Blaine nos olhos. O ardor no meu peito era forte o suficiente para me fazer ranger os dentes. Era exatamente onde a bala tinha acertado.

Engoli em seco.

O mundo a minha volta girava ligeiramente.

─ Nunca deveria ter sido assim. ─ Ele disse com um pesar profundo.

Puxei o ar com força.

─ Eu confiei em você a minha vida inteira.

─ E eu quis ser digno da sua confiança! ─ Gritou. Era a primeira vez que eu via tão fora de si. ─ Sempre cuidei de você. E-eu... Ruggero, me perdoa... Esse tiro... ─ Deixou a arma cair e passou a mão pelo rosto. Estava desesperado.

Ele gostava de mim, mas era o tipo de gostar que eu não precisava.

Eu nunca quis um afeto que fizesse alguém passar por cima dos outros para me colocar no topo, que precisasse sacrificar vidas para me fazer bem.
Jamais pedi isso.

Eu o tive como um pai, um mestre, mas...

Blaine era o meu algoz.

Tossi e apoiei uma mão no chão.

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora