Decisões

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Algumas semanas depois

Karol

Cruzei os braços bem rentes ao corpo e estreitei os olhos, pensando que deveria ter posto os óculos escuros antes de descer. Mas eu não tinha pensando muito em mim, na verdade, meu foco era a fisioterapia do Henry.

A nova equipe médica que contratei para avaliar o caso do meu filho me deu muita esperança de que ele voltaria a andar, então entramos em uma grande missão ininterrupta de exercícios mais pesados, mas que o levariam a uma recuperação total.
E meu menino teve garra o suficiente para suportar tudo isso nas últimas semanas.

No entanto, eu não sai de seu lado em momento algum. Eu queria estar em cada momento.

Agora estávamos numa sessão de hidroterapia, ou seja, a piscina da mansão havia sido adaptada o suficiente com algumas barras chumbadas na parte de dentro, facilitando os exercícios que Henry precisava fazer, além claro, de vários tipos de acessórios diferentes. E, o melhor de tudo era que eu sentia que o meu filho estava se divertindo.

O fisioterapeuta que vinha dia sim e outro não, era um rapaz muito agradável e que sabia lidar muito bem com o meu menino. Estavam se tornando bons amigos.

─ É incrível a melhora do Henry. ─ Nelly falou ao meu lado, tão contente quanto eu. Nessas semanas havíamos nos aproximado muito e, de fato, eu começava a considerá-la uma amiga, principalmente por que demonstrou ser digna da minha confiança. ─ Fico espantada com a garra desse menininho.

Assenti sorrindo.

─ Eu penso o mesmo. E não sabe o orgulho que eu sinto, Nelly.

─ Mas o Henry também deve sentir muito orgulho da senhora. Porque não desistiu de ajudá-lo um dia sequer. É uma verdadeira mãe, e devo dizer que é também uma patroa muito querida por todos. Sem brincadeira, a casa já é outra desde que resolveu morar aqui. Agora tudo tem vida e até o Henry é outro.

Abanei a cabeça achando graça. Era completamente difícil encontrar alguém tão doce e sincera nos dias atuais. E isso eu gostava muito nela.

─ Só estou realizando o meu sonho de cuidar do meu filho. O resto é consequência, entende?

─ A senhora está colhendo os frutos da sua bondade.

─ Não sei se sou tão boa assim, mas...

─ Ah! ─ Nelly me empurrou de leve com o ombro. ─ A senhora ajuda todos os funcionários, mesmo pagando um salário incrível para todos nós. É uma pessoa muito generosa com todos. E isso é admirável.

Senti meu rosto esquentar um pouco.

Eu sentia que não estava fazendo mais do que a minha obrigação.

Apesar de ter que gerir muitos negócios e ter muitos gastos em relação a isso, ainda assim, sobrava muito dinheiro.
Dinheiro o suficiente para me sufocar. E, na verdade, eu não sabia o que fazer com tudo aquilo além de ajudar quem estava comigo, quem me ajudava e tratava bem o meu filho.

E, claro, estava pensando em abrir alguma instituição para ajudar mais pessoas, só precisava pensar direito sobre tudo isso; mas já era uma idéia fixa.

─ No fundo, Nelly, eu só desejo a recuperação total de Henry e a minha vida de volta. Só preciso de paz. Só isso.

Ela assentiu ao meu lado.

Mais adiante, dentro da piscina, o fisioterapeuta segurava meu filho nos braços, ajudando-o a encolher e esticar a perna direita, depois a esquerda.

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora