O outro lado da mesma moeda

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Karol

Se alguém houvesse me dito um dia que ao conhecer Logan Carter a minha vida viraria um inferno, eu teria ignorado a forma doce como ele me olhou a primeira vez em que nos vimos, assim como teria dado de ombros com desdém para seu convite de irmos almoçar juntos. E, lógico, não ficaria feliz com suas visitas na escola, quando ele começou a ir me buscar.

Nosso namoro foi abrupto e sempre expliquei isso como 'paixão'.

Mamãe dizia que a paixão pode consumir como um fogo que arde e destrói, mas eu não a ouvi.

No entanto, foi exatamente isso que Logan fez comigo; ele me destruiu.

Quero dizer, não só o meu ex-marido fez isso comigo, mas posso dizer que ele abriu as comportas do meu emocional e a partir desse dia eu perdi as defesas, entreguei minha alma e o meu coração em suas mãos e dai por diante tudo desabou. Eu me perdi de mim para pertencer a ele.

Não era o certo, mas eu aprendi.

E quando eu achei que já era forte o suficiente, um soco ainda maior acertou a boca do meu estômago.

Ruggero Pasquarelli.

Mas com Ruggero não foi paixão. Não. Ele não me ardeu como fogo e me consumiu. Apesar das coisas terem sido intensas entre nós, não houve imediatismo ou pressa. Simplesmente aconteceu. E eu aprendi a confiar.

Eu vi o tempo parar quando me permiti amar de novo.

Assim como tinha escrito na minha lista de desejos.

Na verdade, amá-lo foi um trabalho que meu coração executou sozinho e silenciosamente e eu só me dei conta disso quando senti que poderia perdê-lo. Quando ouvi o tiro. Foi ali que meu amor mostrou as caras.

No entanto, era tarde.

Ruggero também me feriu. E ele me feriu através da pessoa mais importante da minha vida.

Então sim, talvez ele não tenha me danificado tanto quanto Logan, mas seu amor me queimou. E me fez desmoronar.
Ele arrancou de mim a pouca força que eu ainda tinha.

Mas jurei a mim mesma que se sobrevivesse, eu seria a fênix que tantos tentaram matar.

Com um peito à prova de balas – e de amor.

E foi com esse pensamento que acordei.

Havia um bip constante e muito próximo a minha cabeça, além de um estalar ininterrupto do ventilador de teto.
As hélices escuras giravam em uma velocidade mediana e foi a primeira coisa que vi, dando-me conta de que Blaine não conseguiu o que queria.

Eu estava viva.

Tão viva como nunca estive antes.

Pisquei os olhos lentamente, tomando consciência das partes do meu corpo, percebendo que tudo estava em seu devido lugar, apesar da sensação de dormência que imaginei ser fruto de alguma anestesia.

Passei a língua pelos lábios secos.

Dentro da minha boca jazia um gosto amargo. Mas não tão amargo quanto a minha alma estava.

─ Mamãe?

Fechei os olhos com força e os abri novamente.

Com a testa vincada girei o pescoço, encostando a bochecha no travesseiro.

Henry.

O meu filho estava ali.

Ele estava bem ali.

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora