Perfeito Topázio

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Karol

Eu tinha perfeita consciência dos riscos das minhas atitudes, mas sai empurrando as pessoas que também esperavam para atravessar e chamei bem alto pelo meu pequeno menininho que estava ali. Ele estava ao meu alcance.

Porém foi a atenção de Elizabeth que chamei. A mulher me olhou no fundo dos olhos e vi todo o ódio do mundo contido ali.

Ela sempre me detestou, mas naquele momento ficou mais nítido ainda.

Tropecei na rodinha de um carrinho de bebê e quase cai. A mãe do bebê pediu desculpas, ela estava ao telefone e parecia se sentir realmente culpada. Eu apenas assenti e continuei minha corrida afoita.

Elizabeth ainda parecia estática, até que gritei por Henry de novo e, nesse instante, meu filho olhou para trás, com aqueles olhinhos atentos e amendoados. Ele esquadrinhou a calçada, mas havia mais gente atravessando, passando na minha frente. Que droga!

─ Henry! Aqui! Aqui! ─ Ergui a mão no ar por cima da cabeça de alguns homens engravatados que conversavam sobre a bolsa de valores e outras coisas que não me importavam. Eu só queria que eles saíssem do caminho logo.

Quando por fim consegui me espremer por entre os executivos, vi minha ex-sogra dizer algo ao motorista, em seguida o homem olhou exatamente na minha direção. Otávio parecia perplexo, mas não tive tempo hábil de falar nada. O motorista começou a empurrar a cadeira do meu filho para dentro da loja tão rápido que de um segundo para o outro tudo se tornou um simples borrão.

Alcancei Elizabeth no minuto seguinte e podia sentir meu coração martelando.

Todo meu corpo pinicava de agonia, de nervosismo, de afobação. Eu nem sabia o que sentir de fato.
Era uma explosão de sentimentos controversos. Ao mesmo pé em que estava feliz, a raiva começou a crescer, principalmente quando a ignorei e segui para a loja e, nesse exato momento, dois seguranças enormes brotaram na porta, fechando a minha passagem.

Cambaleei para trás com o suor escorrendo pelo meu rosto.

─ Eu quero passar!

─ Perdão, mas a sua entrada está proibida nesse estabelecimento e se insistir, seremos obrigados a chamar a polícia. ─ Um deles falou do modo mais frio possível.

Eu só consegui soltar um muxoxo de desespero, era um som engasgado quase inaudível.

─ O que estava pensando?

Elizabeth.

Virei-me debilmente, encarando-a.

─ Eu quero ver o meu filho.

─ Não. Você não vai vê-lo! ─ Ela estava com um celular enorme na mão e digitou algo rapidamente, quase sem tirar os olhos de mim. ─ Quantas vezes eu preciso dizer que você não tem mais direito algum sobre o Henry? Deixe o garoto em paz. O meu neto já passou por muitas coisas. Apenas... deixe ele pensar que a mãe dele está viajando e vai voltar um dia, mas não agora. Ele não merece saber que você é uma assassina.

Agitei as mãos no ar sem conseguir reagir àquilo.

Do que ela estava falando? Henry pensava que eu fui embora? Que eu o abandonei?

Não. Ela não fez isso...

─ O que disse a ele? Que mentira contou ao meu filho, Elizabeth?!

─ Eu contei o que era melhor para ele! ─ Seu tom superior me injuriou ainda mais. ─ Sou a avô desse menino, ele é tudo o que sobrou do Logan e eu irei protegê-lo de tudo e todos! Inclusive de você, sua infeliz!

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora