Seja Forte

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Karol

Nunca levei muito tempo da minha vida pensando sobre a morte, assim como a maioria das pessoas, mas inúmeras vezes fui levada a um ponto crucial da minha existência, principalmente quando estive nas mãos do Logan e depois do Blaine.
Sempre existiu um homem com a minha vida nas mãos.

E nada nunca me apavorou tanto quanto naquele momento. Mas não por mim, e sim pelo meu filho que estava ali, bem atrás de mim, chamando baixinho como se não entendesse nada, e provavelmente não entendia mesmo, afinal sua pureza estava intacta, apesar dos monstros que o rodeavam.

Na minha cabeça só conseguia pensar num modo de tirá-lo dali.

─ Elizabeth? ─ Repeti tentando ganhar tempo. ─ Como assim ela te pagou? Ela não tem dinheiro algum, está presa.

─ Bom, de onde ela tirou o dinheiro eu não sei, mas gente ruim é assim, sempre está preparada. E, como ela era amiga do Blaine...

─ Conhecia o Blaine também?

─ Trabalhei para ele por anos. Foi assim que a sua sogra chegou até mim, sabia? Somos velhos conhecidos. ─ Seu sorriso foi nojento.

Meu estômago estava dando voltas com tantas coisas ruins que passavam dentro de mim.

Aquela infeliz gritou aos quatro ventos que me mataria no dia em que fui visitá-la. Ela já sabia o que fazer.
Planejou tudo da forma mais doentia...

Abaixei a cabeça e fitei o chão, depois olhei para ele e para a arma.

─ Ao menos me permita... me despedir do meu filho. É só isso o que peço.

O homem destravou a arma. Seu sorriso ia morrendo e a impaciência parecia crescer.

─ Escuta só, eu não tenho tempo pra isso. Tempo é dinheiro e eu já precisei acertar com a segurança da sua casa, então... Colabora comigo.

─ Quê? Não! A segurança... eu mudei. Contratei gente nova e...

─ Aqueles? ─ Apontou com o queixo para a janela, sinalizando a direção da frente da casa. ─ Nunca ouviu que com dinheiro compramos as almas das pessoas? Só precisei balançar uns dólares na frente da cara deles e... Pronto! Passei uns bons tempos para arquitetar tudo? Sim, mas valeu a pena. Nunca tenho pressa, prefiro que o trabalho seja bem feito.

Franzi o cenho com força.

Esse tempo inteiro convivi com meus inimigos, com pessoas prontas para me prejudicar, ferrar com a minha vida.

Como pude ser tão cega? Como não percebi nada?

Não eram meus seguranças, só estavam cuidando de mim até o verdadeiro assassino chegar.

Sou uma burra!

Eu devia ter aceitado os policiais que Ruggero queria colocar para vigiar a casa. Fui teimosa demais.

Se eu o tivesse escutado...

O problema foi que na época achei que seria um grande exagero, já que Blaine estava morto e Elizabeth presa.
Não parecia existir um inimigo tão grande assim, uma ameaça fatal.

Passamos semanas e mais semanas tudo bem.

Eu pensei que podia ser feliz.

Mas nunca serei. A felicidade não é pra mim.

Mas tem que ser para o meu filho!

Sem pensar muito, dou as costas para o homem e fico de cócoras, de frente para o meu menino, então seguro sua mãozinha suja de tinta e tento sorrir apesar das lágrimas salgadas que descem pelo meu rosto, pingando na blusa que estou usando.

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora