17. De volta ao reforço

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S/N Gray

Após a festa, eu e Cissa passamos o domingo inteiro trancafiadas no quarto, curando a ressaca e aproveitando nosso último dia de descanso.

Ou seja, eu e Tom não tivemos a oportunidade de nos encontrar após os últimos acontecimentos, e eu na verdade estava aliviada com isso.

Eu não tinha ideia de como a minha relação com o garoto seria a partir de agora. E se ele me tratasse como qualquer uma? E se ele me tratasse com indiferença, assim como fez com aquela lufana?

E para o meu desespero, uma nova semana havia começado, e ela trazia o reforço consigo.

Durante as investigações sobre a morte de Murta, algumas atividades tinham sido interrompidas - como o reforço e detenções -, mas agora que tudo já tinha se ajeitado e a grande partida de quadribol que deixava todos alvoroçados tinha acontecido, as coisas voltariam ao normal.

Eu e Narcissa chegamos no grande salão atrasadas, e a mesa da Sonserina estava abarrotada de gente. Em volta dos meninos se encontravam várias garotas e garotos, obviamente puxando o saco de Ryder pelo jogo. Querendo ou não, hoje não conseguiríamos nos sentar com eles.

Assim que adentramos percebi um burburinho. Olhei em volta e notei que algumas meninas sussurravam olhando em nossa direção. Pelo visto, o que eu tinha feito na festa já tinha se espalhado.

Fomos até o fim da mesa, perto de algumas colegas da nossa sala. Assim que sentamos, o assunto iniciado foi certeiro sobre a comemoração de sábado. Agora, não só Ryder era conhecido entre as pessoas da Sonserina - e de outras casas -, mas Tom Riddle também.

Revirei forte os olhos quando escutei uma das garotas dizer: "O monitor que você pegou é muito gato. Se eu soubesse antes que ele não é santinho como parece, eu já teria aproveitado".

Como se ela tivesse chance...

E será que tinha? Bufei ao notar que fiquei enciumada com essa possibilidade.

Xxx

Apesar de ter me estressado algumas vezes com as perguntas inconvenientes da garota da minha sala, o almoço tinha sido bom.

Não notei a presença de Riddle por ali, o que provavelmente significava que ele já tinha comido e estava esperando o professor chegar, como o bom puxa-saco que era.

Olhei para o outro lado da mesa em que eu estava, tendo visão da mesa da Grifinória, que estava quase vazia. Os poucos alunos que estavam lá tinham a cara mal-humorada, provavelmente pela derrota feia de sábado.

Notei os cabelos pretos e brilhosos de Sirius Black de longe, e me lembrei que tinha que devolver despercebidamente o Mapa dos Marotos, antes que ele percebesse.

– Narcissa, eu preciso falar com seu primo. - Ela revirou os olhos - Se quiser, vá com Andrômeda para a sala. Eu encontro vocês lá.
– Tudo bem. - Disse a contragosto.

Dei a volta na grande mesa da Sonserina e andei devagar até a da Grifinória. A bolsa de Sirius estava ao seu lado, em cima do banco, e ele comia distraído.

Aproveitei a oportunidade e peguei o Mapa, o jogando rapidamente no meio dos livros do garoto, e sentando do outro lado dele.

– Bom dia! - Falei contente por ter sido tão fácil.

O moreno me encarou, revelando um pequeno corte e alguns tons arroxeados pelo rosto, provavelmente causados pela briga após a partida.

– Bom dia. - Disse seco, e voltou a comer.
– Você tem que parar de se meter em brigas. - Comentei, tocando um dos hematomas. Ele fez careta.
– Estou muito bem, a propósito. Obrigada por se preocupar. - Disse irônico.
– Não tive tempo de te ver depois da partida.
– Claro que não, ficou do lado das cobras que chama de amigos, e não do meu lado! - Eu tive vontade de rir.
– Eu não tenho lado nessa história, nem comece! E vocês que não aceitaram a vitória da minha casa...
– A trapaça, você quis dizer. - Me interrompeu, me encarando.
– O choro é livre, Black! E além do mais... você se vingou bem.
– O quê quer dizer?
– Do que você acha? Estou falando do estrago que você fez em Lucius!
– Foi tão terrível assim? - Ele levantou a sobrancelha.
– Sirius, você quebrou o braço do garoto!
– Ora, pelo menos uma coisa boa aconteceu naquele dia, então! - Ele sorriu, e eu arregalei os olhos. Ele realmente não gostava de Malfoy.
– Finalmente um sorriso vindo dessa cara de bunda.
– Não vá achando que está tudo bem. Não é porque você me contou uma notícia boa, que eu te perdoei. Sei muito bem o que você fez. - Ele disse sério, e eu arqueei as sobrancelhas sem entender.
– Vai Black, desembucha de uma vez!
– Como se não bastasse não ficar do meu lado, você ainda resolve se atracar com o filho da puta do Higgs! - Eu nem sabia o que dizer. Até ele sabia?
– Sirius Black! - Falei sem reação.
– S/N Gray! - Ele disse meu nome, com a mesma cara de indignação que a minha.
– Você sabe que está puto pelo que aconteceu no jogo, e não comigo. Então nem pense em descontar essa sua raiva em mim. - Apontei o dedo, tentando ignorar o fato dele saber o que aconteceu.
– Tudo bem, isso pode até ser verdade. - Me encarou antes de continuar - Mas isso não muda o fato de você ter beijado aquele nojento.
– Deixa de ser idiota.
– É sério! Não sei como sua boca ainda não caiu. - Fez careta.
– Se a sua boca que beijou Mabel Flint ainda não caiu, a minha também não vai. - Disse debochada e ele fez a maior cara de nojo ao relembrar que tinha beijado a garota após uma aposta. Eu gargalhei.
– Só de lembrar já quero vomitar.
– E então, está tudo bem entre a gente? - Ele me encarou risonho.
– Sempre esteve, eu só estava fazendo drama mesmo. - Revirei os olhos - Que foi? Quando é o Malfoy fazendo drama você gosta. - Eu prendi o riso.
– Cala essa boca e vamos logo para a aula. - Levantei e dei um tapa em sua cabeça, recebendo um chute na bunda em troca.

Ambitious - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora