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"Não é estranho?
O quanto as pessoas podem mudar
De estranhos para amigos
Amigos para amantes
E estranhos de novo"
— Celeste

Os Clareanos andavam lentamente pelo deserto em um completo silêncio. Ninguém se atreveu a quebrá-lo e nem queriam. Eles haviam acabado de perder uma pessoa que era importante para todos eles. Na cabeça de todos pairava o mesmo questionamento; Quantas mais pessoas todos iriam perder no caminho?

Ninguém seria capaz de encontrar uma resposta no momento, essa parte soava mais assustadora.

Caminharam por horas e estava anoitecendo, o clima frio era evidente pelo deserto. Eles teriam que parar em algum lugar para se aquecerem e passarem à noite.

Angel estava inconformada com tudo que aconteceu que acabou não prestando muita atenção nos seus amigos. Eles estavam cabisbaixos e pensativos, não muito diferente dela.

— Achei um lugar.

Thomas foi o primeiro que se pronunciou em horas. Ele indicou uma estrutura de ferro uns vinte metros de onde estavam.

— Vou procurar madeira pra fazermos uma fogueira.

Aris avisou ao grupo e Caçarola foi com o garoto.

Todos se acomodaram no local que Thomas havia indicado para aguardarem os garotos retornarem com a madeira.

Logo, eles voltaram com grandes e pequenos pedaços de madeira em mãos e não demorou muito para acenderem, produzindo faísca em uma pedra que haviam encontrado pelo caminho.

O clima pesado entre eles não mudou. Todos se concentravam ao redor da fogueira, buscando se aquecer.

— Eu pensei que a gente fosse imune.

Minho comentou quebrando o silêncio.

— Nem todos nós, eu acho.

O olhar da Teresa evidenciava que ela sabia de alguma coisa, mas nem todos perceberam. Thomas sabia que havia algo de errado com ela desde a última conversa que tiveram. A Angel desconfiava que havia algo acontecendo, mas não era hora para perguntar.

— Se Winston foi contaminado talvez também role com a gente, não é?

Newt perguntou.

— Eu nunca pensei que diria isso... — a atenção do grupo foi voltada para o Caçarola, algumas lágrimas escorriam por seu rosto — Mas, sinto falta da Clareira.

— Todos sentimos...

Angel respondeu cabisbaixa. Newt percebeu como a garota estava e tentou tocar em sua mão como um sinal de conforto, a mesma se esquivou fazendo o garoto se questionar pela sua atitude.

Ela não queria mais sentir a dor de perder outra pessoa. Talvez essa fosse sua única forma de auto-defesa disponível no momento. Ela odiava ter que fazer isso, mas para todos os efeitos, ela sentia que precisava.

Por mais incerto que aquilo soava ser, a morte era iminente para todos eles.

As horas se passavam e os clareanos adormeciam ao redor da fogueira, enquanto as chamas cessavam aos poucos.

— Angel...

Newt suspirou antes de continuar. Angel sentiu suas costas queimarem. Ela sabia que o garoto não tirava os olhos dela e tentou ficar imóvel para não denunciar que a mesma ainda estava acordada.

— Eu sei que está acordada. Eu sei como se sente. Só quero que saiba que... deixa pra lá.

Newt olhou a garota por uns instantes esperando que ela falasse alguma coisa, mas só se fez presente o silêncio. Ele bufou entendendo o recado e se virou pra o lado oposto, se arrependendo de ter tentado iniciar aquela conversa.

Ele se sentia péssimo por ver ela se afastando, mas ele entendia o lado dela e já se sentiu da mesma maneira. Se ela precisar de um tempo, ele vai dar o tempo que ela precisa. Ele sempre vai esperar por ela.

O dia ia amanhecendo e o deserto esquentava cada vez mais.

— Pessoal acordem, precisamos continuar.

Thomas estava organizando as coisas na mochila tirando o máximo de areia possível e colocando de volta em suas costas. Os clareanos iam acordando sem pressa, fazendo o mesmo que o garoto para continuar.

Caminharam por horas e a água já havia acabado para todos. A rotina não mudou muito do dia anterior.

No final da tarde decidiram descansar no meio do deserto. A temperatura logo iria cair e não havia madeira necessária para acender outra fogueira.

Todos adormeceram sem dificuldade.

— Newt levanta! Levantem! Angel, Caçarola, Aris tô vendo uma coisa.

Thomas acordou os clareanos quase aos berros.

— O que foi?

Angel perguntou assustada e confusa com o desespero do garoto.

— Estão vendo?

Ele aponta para um lugar com algumas luzes um pouco afastadas de onde estavam.

— São luzes!

Todos se entreolharam com uma possível esperança de encontrar outras pessoas que pudessem ajudar.

O barulho do trovão assustou os clareanos. Logo viram uma nuvem carregada atrás deles e que se aproximava cada vez mais.

— Vamos! Temos que ir agora! Rápido!

Todos pegaram suas mochilas do chão e correram enquanto os trovões se aproximavam.

"Depressa corram! Rápido! Corram!"

Eles gritavam incentivando uns aos outros.

— Vão pro prédio!

— MINHO VEM!

A loira se aproximou correndo do garoto.

— Ah cara! Mas que merd...

Quando chegaram próximo ao prédio um raio atingiu o Minho. Thomas e Angel estavam perto demais do garoto e eles acabaram caindo, um para cada lado.

Um zumbido pelo barulho do raio era quase insuportável, eles ouviram as vozes dos clareanos distantes. O corpo dos dois ficou dormente por segundos, se a carga de energia fosse mais forte eles ficariam impossibilitados de levantar quase no mesmo instante.

Todos correram para onde o Minho foi atingido. Ele estava inconsciente no lugar e todos estavam temendo o pior.

Caçarola e Teresa estavam mais à frente.

— Aris! Ajuda a Angel!

Caçarola gritou.

Thomas e Newt carregaram o Minho para dentro do prédio e Aris fez o mesmo com a garota que estava com dificuldade em andar. Ela só conseguia pensar no seu melhor amigo desacordado.

É gente, voltei! Gostaram do capítulo?

The Maze Runner • Fight Until The End [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora