|018|

766 62 25
                                    

“Estou consumido demais com a minha própria vida
Somos jovens demais para isso?
Sinto que não posso me mover”
The NBHD

— Você se lembra da sua mãe?

— Acho que lembro.

— Lembro da minha. Ela era uma linda mulher, e todo mundo adorava ela. Antes do C.R.U.E.L., ela era tudo que eu tinha. Quando ela ficou doente, eu não soube o que fazer. Deixei ela trancada, escondida, pensando que talvez ela fosse melhorar. Toda noite, ela fazia uns barulhos horrorosos, gritava... Até que uma noite, ela parou. Ficou quieta. Eu fui até o quarto dela e havia sangue por todo lado, mas ela estava sentada lá, calma. Disse que se sentia melhor, que as visões tinham sumido, e que ela tinha dado um jeito... Ela arrancou os próprios olhos, Thomas. Existem milhões de pessoas sofrendo no mundo, milhões de histórias iguais à minha. Não vou virar as costas para elas. Eu não vou!

— O que você 'tá querendo dizer? — Thomas a questionou confuso.

— Eu já disse que quero que você entenda. — ela afirmou.

— Entender o quê? — ele franziu o cenho.

— Porque eu fiz isso.

— Você fez o quê?! — Angel surgiu por entre as rochas denunciando sua presença.

Ela congelou, o choque atravessando seu corpo como um raio. Ela mal podia acreditar no que estava ouvindo. A pessoa em quem todos confiavam, aquele que sempre parecia leal, agora se revelava como uma traidora. Foi possível ver o berg e os helicópteros se aproximando. Eles haviam sido entregues por ela.

Sua mente já trabalhava a toda velocidade, pensando no que faria a seguir.

— Teresa... — a decepção na voz do garoto era perceptível.

Angel avançou como um raio em direção a garota e a palma da sua mão foi de encontro com o rosto dela em um som seco, deixando um rastro de dor ardente. A raiva que ela sentia parecia transbordar por cada poro, e o tapa foi apenas uma fração da tempestade que se passava em seu peito. Surpresa e dor se misturaram no olhar da Teresa, enquanto tentava compreender o que havia acabado de acontecer.
Depois do golpe, um silêncio pesado se instalou.

— Por favor, não lutem contra eles. — ela implorou com os olhos lacrimejados e a mão sob seu rosto.

— Merda, Teresa! — Thomas segura o braço da loira. — Temos que avisar aos outros, Angel.

Antes que pudessem chegar no acampamento o silêncio da noite foi quebrado por um estrondo ensurdecedor, seguido pelo crepitar de explosões ao longe. As barracas do acampamento tremeram com a força do impacto, e o braço-direito, ainda meio adormecido, foi jogado em um caos repentino. Gritos ecoaram no ar, misturando-se ao som dos tiros e às ordens desesperadas dos líderes. Soldados inimigos surgiram de todas as direções, armados e determinados, avançando em um ataque coordenado e brutal. As defesas do braço-direito, pegas de surpresa, tentavam se organizar, mas a avalanche de fogo e metal parecia imparável.

O chão sob os pés deles vibraram com o peso dos veículos que invadiam o acampamento, suas luzes cortando a escuridão como lâminas afiadas.

A garota correu, o coração disparado, desviando de destroços e explosões que o cercavam, tentando encontrar seus amigos em meio ao pandemônio. Minho e Newt estavam a alguns metros, lutando para se protegerem atrás de uma barricada improvisada. O som dos disparos era ensurdecedor, e o ar se enchia do cheiro de pólvora e terra revirada. A cada passo, Angel sentia o desespero crescendo dentro de si. Viu aliados caírem, outros sendo arrastados pelos invasores, e sentiu a impotência apertar seu peito como uma mão de ferro. O braço-direito estava sendo destruído, e eles estavam perdendo terreno a cada segundo que passava.

Ela conseguiu chegar até o Vince e a Harriet que estavam se protegendo em cima de uma metralhadora. Mas mesmo em meio ao caos, havia uma determinação inabalável nos olhos deles. Sabiam que precisavam resistir a qualquer custo. E, mesmo que a esperança estivesse se esvaindo como a fumaça das explosões ao redor, eles não iriam desistir sem lutar.

Harriet jogou uma arma para a garota sem pensar duas vezes.

Em meio ao caos, ela percebeu que a posição em que Newt e os outros estavam era vulnerável demais. Os invasores se aproximavam rapidamente, e eles estavam ficando sem munição e opções de fuga. Analisando a situação com rapidez, decidiu que precisava criar uma distração para dar tempo aos amigos de se reorganizarem e, quem sabe, encontrarem uma rota de escape.

— Eu vou tentar distraí-los! — ela gritou para Thomas, que a olhou com preocupação e desespero nos olhos.

Antes que ele pudesse protestar, ela já estava em movimento, correndo em direção ao lado oposto do acampamento, onde a concentração de soldados inimigos era maior. Enquanto corria, disparou contra os invasores, atraindo sua atenção e fazendo com que parte deles a seguisse. Os tiros vinham de todos os lados, e ela mal conseguia respirar enquanto se movia, o pânico ameaçando tomar conta. Mas continuou correndo, pulando sobre destroços e desviando dos disparos, determinada a afastar o máximo de inimigos possível dos seus amigos. Sua coragem deu a Thomas e aos outros a brecha que precisavam. Com os inimigos distraídos, eles conseguiram se reorganizar e iniciar uma contra-ofensiva, ganhando tempo precioso para tentar escapar do cerco. Porém, ela sabia que estava se arriscando demais, e o número de soldados que a cercava aumentava a cada segundo. Enquanto recarregava a arma com mãos trêmulas, ela percebeu tarde demais que havia sido encurralada. Os soldados inimigos, em maior número, finalmente conseguiram cercá-la. Tentou lutar, disparando os últimos tiros, mas sabia que era uma questão de tempo antes que fosse sobrepujada. Quando a munição acabou, ela sacou uma faca e se preparou para o confronto corpo a corpo, determinada a não cair sem lutar. Mas o esforço foi em vão. Um dos soldados a desarmou com um golpe certeiro, e, antes que pudesse reagir, sentiu uma dor aguda no ombro ao ser imobilizada. Tentou se soltar, mas estava exausta e ferida, e os soldados foram rápidos em prendê-la. Com uma força que não sabia que ainda tinha, tentou gritar para alertar seus amigos, mas foi silenciada por um golpe que a deixou atordoada.

— Janson, seu filho da...

Enquanto a escuridão começava a tomar conta, a última coisa que viu foi o rosto de um dos inimigos, impassível, enquanto era arrastada para longe. Seus pensamentos estavam confusos, mas uma única certeza a acompanhou enquanto perdia a consciência: ao menos seus amigos teriam uma chance de sobreviver.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 09 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

The Maze Runner • Fight Until The End [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora