Morte

83 4 0
                                    

A maior parte dos dourados já estavam mortos. Sísifos, Regulos, Tenma, Atena e outro cavaleiros foram para o Lost Canvas (nessa historia o Lost Canvas esta no submundo), onde fica o castelo de Hades.

Now We Are Free - Hans Zimmer & Lisa Gerrard (música)

.....

Submundo
Sísifos estava bastante debilitado, cego após uma intensa luta com o juiz do submundo Aiacos de Garuda. Quando chegam à porta do castelo de Hades há um guardião e a porta mágica só se abre com um coração que equilibre a balança.
O Cavaleiro de Ouro de Sagitário tira seu próprio coração e oferece ao Faraó, o guardião põe na balança e se assusta ao ver que o coração puro do sagitariano se equilibra na balança. O espectro considera aquilo uma mentira e ataca, mas o Sagitário, mostrando sua fé em Atena o destrói com facilidade em frente ao portal que se abre. Seus últimos pensamentos foram direcionados a ela, a mulher que trouxe vida a sua vida: Ártemis.
 
 
Olimpo
Ártemis estava no templo de Zeus que convocou os deuses para mais uma tediosa assembleia, não havia dormido bem, estava mais agitada que o normal.
Ártemis sentiu uma dor insuportável em seu o peito, gritou enquanto caia de joelhos chamando atenção de todos e desmaiou.
Ela sentiu quando Sísifos retirou seu coração porque seus corações batiam juntos, sabia que ele não aguentaria muito, seu cosmo estava indo embora, sua alma já começava a se desvencilhar do seu corpo. Sabia que apenas um frágil fio o prendia ao mundo dos vivos.
A deusa acordou em seu templo estava sozinha em seu quarto, quando desceu as escadas encontrou o irmão.
Apolo a olhou: "Não! Já sei o que irá me pedir, mas não há essa possibilidade. Nosso pai já retirou a minha carruagem e mesmo que eu a tivesse não deixaria você ir ao mundo dos mortos atrás dele."
Ártemis nada falava estava triste, cansada, fraca demais.
Apolo: "Será que você não entende! Nosso pai até agora fez vista grossa para as suas loucuras porque há uma guerra acontecendo, mas você não pode sair do Olimpo! Cada vez que sai fica mais fraca. No submundo Hades é soberano. Nem eu, nem nosso pai, nem ninguém poderá protege – la. Será que não ver que não quero perde – la?"
Artemis caminhou ate Apolo e o abraçou: "Eu te amo, minha melhor parte! Cuide de Ilias. Não há mais ninguém que eu confiaria o meu maior tesouro. Ele entenderá!"
Apolo a olhou sabia que nada a impediria.
 
Artemis caminhava pelo Olimpo quando sentiu seu braço ser puxado e foi arrastada para um pequeno espaço:
"Tome, pegue!" – e colocou um pequeno saco bege em suas mãos – "são moedas, moedas que eu mesmo forjei. Irá precisar!" – Hefesto* falava baixo.
Artemis não tinha uma relação próxima com o filho de Hera. Surpresa respondeu: "Obrigada!" – e o abraçou.
Caminhou até o templo de Afrodite.
Afrodite: "Eu sinto muito pelo seu mortal!" – falou enquanto a abraçava, estava triste por eles.
Ártemis: "Não há mais ninguém aqui que entenda como meu coração esta além de você! E por isso te peço pra que me ajude!"
Afrodite: "Sabe que não posso, querida! – retirou carinhosamente uma mecha de cabelo que estava no rosto da deusa da caça -  "Zeus já avisou a todos que não podemos ajuda –la. "Você precisa cumprir a sua pena."
Artemis: "Ele não terá esse tempo. Meu coração não pode viver se não existir vida no coração dele. Nossos corações estão ligados" – sussurrou triste.
Afrodite reconhecia ali o poder do raro e sincero amor. Preocupada perguntou: "Você iria ao inferno por ele?"
Artemis: "Não há lugar que eu não iria por ele!"
Afrodite entendeu que a deusa da lua falava sério.
Afrodite: "Venha!" – puxou a mão de Artemis e sorriu – "O amor sempre nos deixa um pouco rebeldes!"
E assim levou a apaixonada deusa até a entrada do submundo.
Afrodite: "Agora é com você! Boa sorte com seu cavaleiro!" – falou tentando não demonstrar a preocupação que estava, pois o inferno não era um lugar que alguém deveria ir, principalmente uma deusa igual Artemis que já tinha tantos inimigos por lá.
Artemis abraçou Afrodite, pegando a deusa do amor de surpresa com aquele gesto.
Artemis: "Obrigada, minha amiga!"
Afrodite estava muito emocionada: "O amor de vocês me inspira!" – e desapareceu.
 
 
 
Submundo
A bela deusa lunar caminhou até as margens do rio Aqueronte* logo um barco se aproximou. Um velho esfarrapado e descuidado, com uma barba branca emaranhada com um rosto rígido, sujo e sombrio a olhou.
Artemis estava com uma capa cobrindo seu rosto e ocultando seu cosmo, entrou no barco enquanto o barqueiro de Hades a olhava desconfiado.
Ela jogou o saco de moedas e ele ficou feliz, eram moedas raras, valiosas, nunca tinha visto algo igual.
Começaram a longa viagem, mas o velho a observava e então de repente parou o barco.
Barqueiro: "Não, você não esta morta!" – se levantou e andou ate ela – "mas vejo que não é humana!" – retirou a capa do rosto dela e ficou assustado: "Ohh... a filha de Zeus! A deusa Artemis, a deusa da lua!"
Voltou para seu lugar e ia dando a volta no barco para voltar ao mundo dos vivos.
Artemis: "Pare! Não irei voltar!" – ordenou.
O velho curioso perguntou: "Por que uma deusa quer ir ao reino dos mortos?"
Ártemis: "Isso não o interessa, me leve pras terras de Hades! Caronte!"
Caronte: "Sabe que não posso, senhorita! Meu mestre só permite a entrada dos mortos!"
Ártemis: "Eu te dei as moedas mais raras que existem, feitas pelo próprio Hefesto" – falou em desespero – "por favor, me leve!"
Caronte se sensibilizou dava pra notar a tristeza e o desespero dela, mas Hades não permitia vivos no submundo.
Caronte: "Desculpe, bela deusa, mas não posso!"
Ártemis se levantou e o olhou nos olhos.
A: "Me leve agora ou juro que nunca mais a verá! Sei que é através da minha luz que conversa com o espírito dela. Volte o barco e a perderá pra sempre!" – dava pra sentir a determinação naquela voz.
A única coisa importante na vida do infeliz barqueiro era poder conversar com sua amada nas noites de lua cheia, sua amada era devota de Ártemis e seu espírito aparecia através da luz da deusa lua. Caronte olhou pra deusa e viu que falava sério e a levou.
A: "Eu voltarei, me aguarde!"
 
 
Ártemis com cosmo oculto andava pelo sombrio submundo e através do rastro de sangue e corpos de cavaleiros e espectros chegou à porta do palácio de Hades e lá estava no chão o seu cavaleiro com aquelas asas que o faziam parecer um anjo.
Ajoelhou-se ao lado dele e o beijou nos lábios, faltava muito pouco para a alma dele deixar seu corpo. Pegou o coração que ele havia arrancado e colocou no peito dele.
Ela o carregou em seu colo, próximo ao seu peito.
A: "Tá escutando, meu amor? É o meu coração te chamando, por favor, não me deixe! Não posso usar meus poderes aqui! Por favor, aguente só mais um pouco" – lagrimas escorriam pelo seu delicado rosto.
Quando chegava perto do rio, Caronte viu que a deusa chorava e carregava um mortal. Ali compreendeu o desespero da deusa e viu que algo que nunca imaginou: uma deusa apaixonada se arriscava pra salvar um mortal, seu duro coração por alguns minutos se comoveu.
 
 
 
 
Terra
Logo chegaram ao mundo dos vivos, o levou pra uma floresta e começou a usar seus poderes de cura, estava muito fraca, ocultar o cosmo a consumia muito e ainda havia a redução de poderes que Zeus fez. Tentou, tentou por horas até cair no chão sem forças, mas o coração dele voltou a bater e seu debilitado corpo parecia se regenerar. Mas sabia que por mais que tentasse não conseguiria salva – lo, a vida dele estava indo embora.
 
 
Olimpo
Zeus em fúria gritava: "Agora ela foi longe demais! Estou cansado de sua desobediência! Ela será presa nos Elíseos e não sairá de lá até que aprenda a não me desafiar"
Hera: "Até que enfim tomou uma atitude, meu amado marido! Que tipo de mensagem esse comportamento rebelde de Artemis passa para os outros deuses?! Que as ordens de Zeus não precisam ser cumpridas?!"
Apolo vociferou: "Cala a boca, sua víbora!"
Zeus gritou: "Basta! Irei busca-la e eu mesmo a trancarei nos Elíseos!"
Apolo: "Eu também vou!"
Zeus: "Não! Nenhum deus sairá do Olimpo!"
 
 
 
Terra
Uma deusa chorava ao lado do seu amado cavaleiro. Ártemis não queria, não podia deixá-lo partir, mas nada poderia fazer.
Zeus chegou e ficou triste pela cena lamentável que viu, estava distante da filha e sentiu um cosmo perto dele.
Zeus: "O que fazes aqui? Eu fechei todas as portas do olimpo! Como saiu?"
"Eu já estava aqui! Não posso ficar longe! É por mim que eles choram afinal eu sou o amor!" – falou uma emocionada Afrodite.
Z: "Não posso deixar ela me desrespeitar assim, a trancarei nos Campos Elíseos e espero que lá ela aprenda!"
Afrodite: "Não irá adiantar e você sabe! Ela não suportará viver sem o mortal! O coração deles estão ligados"
Z: "Não diga bobagens! Ela é uma deusa!"
Afrodite: "Não! Ela é uma mulher!"
 
 
Zeus e a deusa do amor se aproximaram da deusa da lua.
Ártemis chorava, suas lágrimas e seus cabelos estavam pratas e quando viu seu pai se jogou aos seus pés.
Z: "Não faça isso, minha filha!" – falou surpreso e triste.
Artemis: "Sei que passei de todos os limites, mas não podia deixa-lo lá sozinho, não posso deixa–lo morrer! Eu aceito todas as punições possíveis, mas, por favor, o salve! Deixei – o viver é só o que peço! Não me importo de passar os próximos séculos trancada numa prisão, mas preciso saber que ele esta vivo, que tem uma chance de ser feliz! Só assim eu suportaria a vida! Preciso que o coração dele viva pro meu existir!" – falou aos prantos.
Afrodite chorava com aquela comovente cena. Por mais que conhecesse o amor, ele ainda a surpreendia. Ver a deusa da caça naquele estado era no mínimo desesperador.
Zeus a levantava: "Desculpe, não há o que fazer... não posso trazer a vida dele... apenas um fino fio a segura!" – respondeu sincero.
Artemis agarrou nas pernas do pai ajoelhada igual uma criança: "Por favor, meu pai tire a minha a vida! Não tenho como viver sem ele! Não suporto mais essa dor. Quando o coração dele... pare o meu. Saber que ele estava aqui e seu coração batendo eu podia suportar, mas não posso viver num mundo que ele não exista. Por favor tire a minha vida junto com a dele, pai" – implorava enquanto olhava nos olhos de seu pai.
Zeus estava paralisado, nunca alguém o pediu algo assim, a dor dela era tão grande que pedia pra morrer junto daquele humano.
Afrodite apenas chorava. Um amor daquele era raro e forte demais.
Artemis: "Eu prefiro morrer a continuar sentir essa saudade. É como se a minha alma ficasse numa busca constante me esgotando emocionalmente e fisicamente. Estou cansada. – suspirou entre as lagrimas iluminadas que caiam em seu rosto - Estou cansada de sentir essa dor. De sentir que dentro de mim só há saudades, fazendo que toda vez que eu respire doa. Nosso coração bate como um só! Se nosso coração parar de bater então partiremos juntos"
Zeus se compadeceu do sofrimento dela e a levantou a abraçando.
Z: "Desculpe! Realmente não posso fazer nada! Até pra mim há limites!"
A deusa do amor que até então ouvia tudo calada e apenas chorava: "Há algo que posso fazer pra traze – lo de volta! Mas preciso que Zeus permita!"
Zeus: "Diga..." – fazendo um gesto positivo com a cabeça.
Afrodite caminhou até Artemis: "O amor tem muitos mistérios e principalmente magia! Em séculos de vida não vi essa forma tão pura de amor! Um amor que foi capaz de enfrentar tantos desafios. Sei o quanto seu cavaleiro sofre com a sua falta e o vejo chorar, me questionando o porquê de não serem possíveis."
Artemis: "O que tenho que fazer pra trazer Sísifos de volta?"
Afrodite: "Não é algo fácil! O amor que gera a vida é puro e requer sacrifícios. Esta disposta a se sacrificar por esse amor?"
Artemis segura respondeu: "Sim!"
Afrodite: "Terá que tirar a preciosa energia da vida que corre em você!"
Zeus: "Como assim? Morrer por ele? Não!!!"
Afrodite: "Se ela fosse humana sim, mas há vida demais nela, há imortalidade."
Zeus: "Abrir mão da imortalidade dela? Que loucura!!!"
Artemis: "Não posso viver num mundo onde Sísifo não viva! Se for isso, por favor, tire de mim a imortalidade. Após conhecer Sísifo ela virou pra mim uma maldição. Eu não aguento mais o peso da imortalidade é como se eu morresse varias vezes enquanto estou viva. Não sei o que é vida sem ele, apenas sobrevivo nesses últimos anos e nem consigo pensar na eternidade sem ele... a imortalidade é um peso que não posso mais carregar".
Afrodite: "Não apenas isso! Quando tirar a sua imortalidade, tirarei seu poder de gerar a vida. Nunca mais poderá gerar um filho, uma vida pra toda a eternidade. Isso é um peso muito grande. Tem certeza?"
Artemis: "Sim!"
Zeus a segurou pelos braços: "Tem certeza que deseja abrir mão da sua imortalidade por um humano, viver como uma simples mortal, minha filha?"
Artemis: "Sim, como mortal poderei encontrá-lo do outro lado" – sorriu em meio as brilhosas lágrimas que escorriam pelo seu pálido rosto.







________________________________________________

Notas:

*Hefesto é o deus do fogo, dos metais e da metalurgia na mitologia grega.Filho de Zeus e Hera, portante irmão de Artemis. Sua figura também estava associada ao trabalho, pois foi um grande forjador e joalheiro. Na mitologia romana, ele é chamado de Vulcano.

*Caronte é o barqueiro de Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos.

*Rio Aqueronte - após sua morte, a alma era levada de barco pelo Caronte, deixando no Rio Aqueronte todos os seus sonhos, desejos e deveres que não foram realizados em vida. O rio mitológico Aqueronte localiza-se no Epiro, região do noroeste da Grécia. Tbm conhecido como o Rio da Tristeza ou rio da dor.

Por favor, deixem seus comentarios! Ansiosa por eles!

Arco e flecha: Ártemis e SísifosOnde histórias criam vida. Descubra agora