063 - Na Beira da Lagoa

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Rugindo à lua o Pensamento grassa
Preso ao galope que no céu martela...
A voz penosa grunhe igual procela
Que o vento atroz arrasta pela praça...

Depois dos trinta o mundo perde a graça,
Restando só as dores e a novela
Que no meu peito, aos poucos, se esfarela...
Percebo a lua... Mas a lua passa...

Que ris de mim, terrível lua branca?
Não vês que a vida segue meio manca
E os olhos choram sangue e fel à toa?

Que ris assim, se teu luar é ermo?
Hás de morrer no céu azul-enfermo...
E eu morrerei na beira da Lagoa...

Gustavo Valério Ferreira

9/4/2021

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