044 - Os Domos

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Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
Alphonsus de Guimaraens


No coração, os pulsos das tristezas
podem mudar o viço do que somos?
As dores fúlgidas nos são defesas...
Hão de chorar aos céus os cinamomos!

Humanos são demônios agradáveis
enquanto presos em divinos domos...
Porém libertos dos umbrais instáveis
esmurram, não o Physis, mas o Nomos!

Gustavo Valério Ferreira
03/06/2020



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         O poema acima é resultado dum desafio acordado entre o poeta Gabriel Zanon Garcia e eu.

          Montamos o desafio a partir de recomendações de Antônio Feliciano de Castilho em seu Tratado de Versificação publicado em Lisboa, em 1851.

          Segundo Castilho, o verso ideal é aquele que tem a maior variação fonética, conseguindo abranger todos ou a maioria dos sons vocálicos.

Do Desafio:

Fazer um poema obedecendo as seguintes regras:

1. Versos isométricos
2. Sem metaplasmos
3. Ter 2 quartetos
4. Rimar todos os versos (rima soante)
5. Usar todos os sons vocálicos por verso
6. Usar o vocábulo "céu" na 6ª tônica do verso 4.



         Observe que a vogal não precisa aparecer graficamente, basta que o fonema seja representado.

          Sendo assim, a vogal "O" e a consoante "L" podem representar o som da vogal "U" em algumas palavras;  

          A vogal "E" pode, do mesmo modo, representar a vogal "i".


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