Trago traços e traumas intratáveis;
são travas que me trancam e atrapalham
os transes cerebrais que mui trabalham
mas não traduzem fatos imutáveis...
Transcrevo os trapos, tratos degradáveis
que trazem à luz tramas que se espalham
em trágicos lençóis crus que achincalham
minha vida de trevas transitáveis.
São trágicas heranças trapaceiras
genéticas triviais alvissareiras
destroços imortais das travessias.
Transmudam-me com trajes de vergonha
transladando e velando a alma que sonha
transcender-se no espaço em ondas frias.
Gustavo Valério Ferreira
13/03/2020
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A repetição de consoantes (aliteração), no caso do poema acima, dígrafos, foi propositalmente utilizada para causar dificuldade na leitura (algumas pessoas consideram como trava-línguas) como também para garantir um ritmo, já que os pés métricos e o posicionamento dalgumas tônicas não seguem os padrões sucessivos e/ou constantes dos outros versos.
Também é possível observar a homofonia causada pela repetição constante da vogal a, aqui usada como uma figura de linguagem (assonância) com base em dicas propostas no Tratado de Versificação de Castilho.
Outro recurso utilizado no ajuste métrico se encontra no verso 10, onde executei a tritongação do hiato "tri-vi-ais" (sinérese).
Também é possível observar a assonância na vogal i presente na maioria dos versos, porém aplicada com maior destaque no primeiro terceto.
As rimas ricas podem ser observadas, inda que poucas, nos tercetos:
O terceiro verso de cada terceto são pares ricos:
travessias/frias = (s.f)/(adj).
O primeiro e o segundo verso do último terceto também são pares ricos:
vergonha/sonha (s.f)/(verb).
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Versos Revivalistas
Poetry[2020] É uma obra composta de versos cujo o autor tenta adequá-los rigorosamente à métrica e regras clássicas. A ideia é manter as técnicas de versificação que os Imortais usavam para compor poemas eternos e inesquecíveis.
