15.

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ALICE

— Você não pode ficar trancada aqui dentro pra sempre!

Stefany veio aqui em casa e está tentando me convencer a sair com ela há quase meia hora. Eu que a chamei para vir para cá porque a Bella saiu com o Igor. Eu só queria ficar vendo um filme e comendo besteiras, mas Stefany está decidida a me tirar de casa.

— Eu não tenho vontade de me arrumar e muito menos estar um em local barulhento e cheio de gente.

— O que você se tornou, uma velha? Pelo amor de Deus! Você é bonita e jovem, vamos dar uns beijos por aí! — ela fala, mas volta atrás. — Quer dizer, você, porque eu namoro.

— Eu não quero ficar com ninguém, Ste.

— Então vamos sair para beber e nos divertir! Ficar aqui dentro trancada não é uma boa opção. Você precisa se distrair!

Faz tempo que eu não saio para uma festa, porque meio que me traumatizei depois da última. Também não sinto vontade, só quero ficar em casa sem fazer nada, mas acho que Ste tem razão. Eu preciso me distrair e parar de ficar deprimida dentro de casa, então, junto todas as minhas forças e me levanto da cama.

— Tudo bem, vamos.

Ela bate palmas animada e me dá um abraço, me mandando ir tomar um banho em seguida. Fico feliz de ter Ste na minha vida, porque ela sempre está comigo para tudo, sem me julgar. Ela sempre tenta me colocar para cima e larga o namorado para sair comigo, e eu não poderia explicar o quanto eu sou grata por Deus tê-la colocado na minha vida e ter a deixado permanecer comigo. Escovo os dentes e saio do banheiro, encontrando uma roupa separada na cama. Stefany sempre consegue combinar peças, e como eu amei o look que ela fez, me visto e calço uma bota preta que combina. Ela aparece no quarto com um vestido vermelho maravilhoso e com uma maleta de maquiagens na mão.

— Uau! Você está linda.

— Você que está, olha esse vestido.

Ela dá uma voltinha rindo e me chama para me maquiar.

— Tem certeza que o Guilherme não vai se incomodar de você estar indo para uma festa sem ele? — pergunto, enquanto ela passa base no meu rosto.

— Não, eu já falei com ele. Ele confia em mim e sabe que eu também preciso de um tempo com as minhas amigas.

— Se eu estivesse com o Noah, ele morreria se eu fizesse isso. — suspiro fundo, pensando em como eu queria estar com ele e no quanto queria que nós tivéssemos sido um casal normal.

— Acho que vocês dois realmente não era pra ser. Uma hora ou outra vocês iriam terminar por causa dessa intensidade toda e dessa raiva dele por qualquer coisa. Pode doer agora, mas no futuro você vai perceber que foi melhor assim.

— É, eu sei.

Eu e Noah brigávamos demais por coisas bobas, e isso desgastava muito o nosso relacionamento. Éramos imaturos demais e hoje percebo que tinha muita coisa errada. Acho que Stefany tem razão, realmente não era pra ser, mas é difícil aceitar isso. É difícil aceitar que devo seguir em frente e esquecer ele. Ele me fez feliz mas também me machucou muito, e a aposta está como prova. Nunca fui tão humilhada na minha vida. Não posso aceitar esse tipo de coisa e voltar com ele. Não mesmo. Não posso nem sequer pensar em voltar com um cara que me usou da pior forma possível.

. . .

Agradeço Stefany umas mil vezes por ter me arrastado para essa festa, porque estou me divertindo tanto que nem lembro da última vez que me senti assim. Faz tempo que não me sinto feliz, e hoje parece que eu posso esquecer de toda a merda que está acontecendo na minha vida e fingir que tenho uma vida normal como uma adolescente normal, sem problemas. Posso fingir que não estou quebrada por dentro e que tem um cara por aí que quer me matar por tê-lo feito ser expulso da escola. Posso fingir que os meus pais não morreram e que eles ainda estão comigo em algum lugar.

— Você quer mais uma bebida? — Stefany grita em meio ao som alto.

— Quero! Eu vou com você. — seguro a mão dela e vamos abrindo o caminho entre as pessoas até chegarmos no bar. Tenho medo de ficar sozinha, porque aqui é muito grande e está lotado. Nos sentamos nos banquinhos do balcão enquanto esperamos a bebida ficar pronta. Bebi dois copos mas ainda estou bem. Sinto que Stefany está maneirando, porque alguém aqui tem que ficar bem e ela quer que eu me divirta. — Você pode beber o quanto quiser, Ste. Não precisa se preocupar comigo.

— Essa noite é sua, Alice. E eu estou muito bem bebendo pouco, porque chegar em casa bêbada renderia uma boa discussão com o Guilherme. Ele me pediu para não exagerar.

Guilherme não bebe, mas ele não vê problema quando Stefany fica bêbada, exceto quando ela não está na companhia dele. Imaginar a sua namorada completamente bêbada no meio de uma multidão dessas é realmente de se preocupar. A nossa bebida chega junto com uma garrafinha d'água para ela, para cortar o efeito do álcool.

— Você quer voltar pra pista?

— Não, eu estou cansada de ficar em pé. Essa bota é linda mas está acabando com os meus dedos.

Ficamos um tempo conversando olhando para a multidão, e de repente eu vejo o cabelo de alguém que eu conheço muito bem.

— João! — grito, mas ele não ouve.

— Quem? — Stefany pergunta.

— Meu amigo da escola, o João. Ele está aqui. Vou ligar para ele. — pego o celular e ligo. Peço para ele vir até o bar gritando, porque está uma barulheira aqui dentro. Beberico a minha bebida, ainda olhando para a multidão, e quando vejo ele vindo na minha direção, ele está com uma pessoa. Com o Noah. — Puta merda. — me viro de volta para o balcão. Não é possível que ele esteja aqui.

— O que foi?

Indico com a cabeça para o lado e ela arregala os olhos.

— Esse cara tem um radar ou alguma coisa do tipo? Tem certeza que o seu celular não está rasteado?

— Ele não pegava o meu celular.

Se ele pegasse, eu com certeza não duvidaria disso, porque Noah é capaz de tudo, e essas coisas de destino só existe me filmes de romance onde tudo é perfeito, o que não é nem um pouco o nosso caso.

— Oi. — Ste os cumprimenta, então eu me viro devagarinho com o coração disparado. Quando ele me vê, ele me olha por completo. Ele está com uma camisa social listrada e com uma calça preta, completamente lindo e cheiroso. Sinto o cheiro gostoso dele daqui, me fazendo ficar sem ar.

— Oi. — tento dar o meu melhor sorriso e agir naturalmente. Ele continua parado, me olhando sem nenhuma reação.

— E aí, Alice. — João interrompe a nossa troca de olhares e me dá um abraço rápido. Noah acaba sentado ao meu lado e João ao lado dele. O cheiro dele está forte demais e ele está perto demais, o que é perigoso. Muito perigoso.


Essa festa vai render 🙈
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Nove Dias - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora