37.

1K 77 15
                                    

ALICE

Depois de um longo banho e tirar o resto de sangue que a chuva não tirou, me enrolo na toalha e visto o pijama que trouxe na bolsa. Sei que a Stefany me emprestaria roupas caso eu precisasse e eu não precisaria trazer nada além de calcinha para dormir na casa dela, mas eu prefiro usar as minhas próprias coisas. Mais do que usar as minhas roupas eu amo usar as do Noah, fico em paz com o cheiro maravilhoso dele. Será que ele ainda vai querer usar o mesmo perfume? Esse "novo" Noah me deixa com receio, porque não sei o que ele vai querer ou decidir. A enfermeira disse que vai demorar meses até a memória dele voltar, isso se não ficar permanente. Eu desejo do fundo do meu coração que demora apenas um ou dois meses no máximo, porque eu quero ter Noah de volta comigo. Quero ele me abraçando, me beijando, me tocando, me amando e sabendo quem eu sou. Sabendo os meus gostos, sabendo o quanto eu o amo e lembrando de toda a nossa história. Não foi uma das melhores, mas é algo que nos marcou e nos fez crescer, e eu preciso reconhecer isso e quero que ele também lembre-se de que aprendeu com o erro. Não consegui nem contar a ele que namorávamos quando eu o vi deitado na cama do hospital. Não me senti muito confortável para dizer "eu sou sua namorada" se ele nem sequer sabia o meu nome até eu falar.

— Você quer comer? Eu deixei o seu prato pronto dentro do micro-ondas. Posso te fazer companhia, se quiser. — Ste diz quando chego no quarto dela. Eu vou dormir com ela, como sempre fazemos quando venho dormir aqui. Por sorte, Guilherme não está aqui hoje e eu vou poder dormir de conchinha com alguém. Sorrio com o meu próprio pensamento. — O que?

— Estava pensando em como vou dormir de conchinha com você hoje. — brinco, sorrindo maliciosamente pra ela.

— Você pode fingir que eu sou o Noah! — ela abre a boca, fingindo estar chocada e em seguida gargalha, me fazendo rir também.

— O Noah não tem um cabelo tão grande assim e nem esses peitos enormes. — comento, apontando para ela e dando um tapinha na perna dela em seguida. — Vem comer comigo.

Estou sem apetite e sem nenhuma vontade de comer, mas não quero fazer desfeita com ela que guardou a comida pra mim. E a comida dela é uma maravilha, não vou ser capaz de deixar desperdiçar. Pego o meu prato e um talher antes de me sentar na mesa e enfiar uma garfada de macarrão na boca.

— Você vai tentar ver ele amanhã? — ela pergunta, sentando-se na minha frente. Não consegui ver Noah ainda hoje, não liberaram a visita. Artur me ligou dizendo que Vivian praticamente implorou para vê-lo e não deixaram porque não estava dentro dos horários de visita, então só podemos tentar de novo amanhã de manhã.

— Sim...preciso vê-lo pela manhã ou não conseguirei vê-lo mais.

Eu preciso trabalhar pelo turno da tarde e como volto apenas às onze da noite, eu só posso visitá-lo na parte da manhã. Eu preciso conseguir visitá-la pela manhã, nem que eu tenha que me vestir de enfermeira e entrar no meio delas para conseguir ver ele. Se eu pudesse, estaria lá o dia inteiro.

— Você mal sabe quem vai ser titia — lembro-me de contar a ela a notícia. Ela fica parada, me olhando com atenção.

— Não me diga que você...

Não! Eu não! — entro em uma crise de riso e ela leva a mão até o peito, aliviada.

— Ufa! Seria muito complicado Noah acordar sem saber de nada e bum! Ter um filho para criar com uma pessoa que ele nem reconhece. — ela ri, mas para por um segundo. — Desculpa, acho que essa última parte foi pesada demais.

Nove Dias - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora