16.

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NOAH

      Dizer que a Alice está bonita é um eufemismo. Ela está gata pra caralho com essa roupa e essa maquiagem toda. Ela não precisa de tudo isso para ser linda, mas porra, quando se arruma desse jeito, me faz enlouquecer. Ela parece não uma menina, mas uma mulher muito confiante e dona de si. Nem parece que fica com vergonha e sem jeito quando falo safadeza perto dela. Quer dizer, quando eu falava. Estou com vontade de dizer um monte dessas coisas para ela agora, mas não quero que ela fuja de mim. Quero apenas curtir essa noite tranquilo, sem forçar a barra com ela. Eu nem queria estar aqui, mas os amigos do João desistiram de vir e eu resolvi acompanhá-lo, já que ele é o único que ainda conversa comigo naquela escola. Não estava animado, mas agora estou cem por cento interessado no que vai acontecer essa noite. No que eu e Alice vamos conversar e se vamos avançar algum passo. Não falo de beijo e nem nada, mas sim da nossa comunicação. Tem sido difícil estar tão longe dela, então apenas alguns minutos de conversa com ela já preenche um pouco do vazio que se formou no meu coração. Ela está bem ao meu lado, e sempre que eu olho para ela, ela desvia o olhar e finge conversar com a Stefany, que está do outro lado dela.

— O que você vai pedir? — João me pergunta enquanto olha o cardápio de bebidas.

— Só uma água.

— É sério? — ele me encara, sem acreditar. — Você veio pra cá para beber água?

— Sim, eu não vou beber.

Ele continua me encarando por alguns segundos e então olha para Alice e depois para mim, sacando que eu não quero beber por causa dela. Não quero fazer nenhuma merda e quero me lembrar de cada detalhe do que vai acontecer aqui. Ela já está um pouco alterada, porque a voz está saindo arrastada, então eu prefiro permanecer sóbrio para ficar de olho nela. Não quero mais uma decepção minha na lista de merdas que eu fiz com a Alice. Já chega de magoar a menina que eu amo. Se eu quero reconquistá-la de novo, tenho que pensar antes de agir, o que costuma ser bem difícil para um cara descontrolado como eu.

— Você está bem? — pergunto para ela, que está bebendo um gole da bebida rosa que ela escolheu. Não faço ideia do que seja isso, mas parece ser bom pelo modo que ela lambe os lábios. Como eu queria sentir o gosto da bebida na língua dela...porra, Alice.

— Sim, e você? — ela continua sem olhar para mim, concentrada na bebida.

— Melhor agora. — brinco, porque é melhor levar as coisas no bom humor do que ficarmos nesse clima estranho.

— Você tá me perseguindo ou algo do tipo? — ela finalmente me olha, sob os imensos cílios colado nos olhos. As pálpebras dela estão pesadas, indicando o efeito do álcool.

— Por que eu estaria te perseguindo?

— Para vir atrás de acabar comigo. — ela desvia o olhar para a bebida de novo.

— Acabar com você?

— Sim. Você acabou comigo e quer acabar ainda mais vindo atrás de mim e não me deixando viver a minha vida em paz. — ela responde, baixinho.

Fico encarando ela, com o peito apertado. Ela não esboça nenhuma reação e bebe o restante do líquido dentro do copo. Quando o barman chega com a minha água, ela se vira para mim de novo.

Nove Dias - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora