capítulo 1

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Pouco mais de uma semana havia se passado daquele estranho e bizarro incidente da tentativa de furto mal sucedida. Marco não vira mais o ladrão moreno de orbes negras e intensamente provocativas e zombeteiras, também não mais pegava o ônibus no lugar de costume justamente para evitá-lo.

O loiro andava sempre para o ponto anterior da rota do ônibus, nesse meio tempo acabava perdendo o que normalmente pegava e tinha que esperar o próximo, mas isso não era de todo um problema, afinal, o ônibus seguinte era conduzido por um motorista engraçado e alegre que parecia decorar e saber a vida de todos os passageiros. O que por si só já era uma diferença positiva em sua rotina.

Às vezes ficava sentado na parte da frente do ônibus antes da catraca apenas para ouví-lo falar sobre algo ou contar sobre sua vida divertida e inusitada como motorista, as histórias engraçadas que vivia.

Seus irmãos haviam até mesmo achado certa graça quando descobriram o motivo do loiro chegar atrasado em casa, rindo e fazendo piadas sobre tomar cuidado para não acabar tendo o coração roubado e cair de amores pelo ladrão.

O loiro por vezes revirava os olhos em total descrença por seus irmãos não levarem a sério quando contara que achava que o rapaz, além de ladrão, traficava órgãos, ouvindo ainda mais risadas e piadas deles.

"Meu irmão está vivendo seu primeiro amor bandido" lembrou-se de Thatch o zuando e rindo até os olhos lacrimejarem e a barriga doer pelas risadas, ignorando completamente seus argumentos sobre os perigos daquela situação.

Era impressionante como seus irmãos não lhe levavam a sério nem naquele estranho e perigoso incidente, se o rapaz estivesse armado ou fosse mais profissional com certeza teria perdido seu celular junto as moedas ou pior.

Só de imaginar isso, o loiro sentia seu corpo inteiro se retecer e olhar para os lados um tanto preocupado, pensando se não estava sendo observado ou algo do tipo.

Seus olhos logo vislumbraram o ônibus se aproximar e Marco fez sinal para que parasse, ao subir no veículo, estranhou o fato do motorista que conhecera na última semana não estar ali, mas apenas deu de ombros e seguiu para a catraca.

Logo passava seu bilhete e observava o saldo aparecer na máquina, no dia seguinte teria que recarregá-lo para poder voltar para casa. Em passos rápidos se dirigiu para o fundo do ônibus e se sentou, aclopando os fones em seu celular para ouvir um pouco de música durante o caminho.

Estava tranquilo, seguindo o caminho habitual, quando o ônibus parou por tempo demais no ponto seguinte, as portas abertas e uma pequena confusão de vozes indicavam que algo estava errado.

O loiro ergueu seu olhar para a parte da frente do ônibus, notando o ladrão da semana anterior trocando algumas palavras com o motorista que não parecia nem um pouco contente.

Marco pensou em como algo do tipo poderia estar acontecendo consigo, deveria ter feito algo de errado e hediondo em suas vidas anteriores para estar no mesmo ônibus que o ladrão amador, além de tudo não poderia simplesmente descer e esperar o próximo, já que não possuia saldo o suficiente para pegar outro.

Tudo o que poderia fazer era torcer para que o ladrão não o reconhecesse ou que ele saisse do ônibus, talvez se fingisse que não estava ali, ou só desse algum jeito de passar totalmente despercebido... Por curiosidade retirou um lado de seus fones para entender o que estava acontecendo entre o rapaz e o motorista.

— Não vou lhe dar uma carona, moleque, cai fora. — Anunciou o motorista, apontando para a placa em que dizia a proibição de dar carona.

— Ora, por favor, são só alguns pontos, nem vai fazer diferença pra você. — Pediu o moreno fazendo um pequeno beicinho, recebendo um "sai fora" como resposta. — Se fosse o Ivan-chan ele me daria uma multa.

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