amor bandido

capítulo 32

Era completamente novo e estranho estar na casa de alguém que não fosse a de Ace. Marco nem ao menos imaginava que seria convidado para passar o fim de semana na casa de Law junto de Kid e Ace. Também não imaginava que no fim do semestre, o trio se reunia para estudar para as provas finais.

Não que fosse reclamar, mas não era muito a sua estudar em grupo. Na verdade, costumava recusar qualquer convite para estar com mais pessoas durante o estudo, sentia-se um tanto desconcentrado com a presença alheia e o silêncio sempre foi muito bem-vindo.

Contudo, acabou sendo convencido a participar daquilo pelo trio. Foram tantos argumentos sem pé nem cabeça que o loiro acabou aceitando apenas para que eles parassem de tentar convencê-lo. Agora estava ali sentado no chão do quarto do tatuado, enquanto observava Kid e Ace retirarem diversos pacotes de salgadinhos e doces de suas mochilas.

— Vocês vieram para estudar ou para comer, no fim das contas? — Questionou Marco franzindo levemente o cenho ao ouvir o som de estouro de um dos pacotes.

— Comer. Com certeza, comer. — Afirmou o ruivo enfiando a mão no pacote, colocando um punhado do salgadinho em sua boca.

— Não consigo pensar com fome. Estudo melhor enquanto eu como. É uma técnica secreta e milenar, passada de geração em geração. — Disse o moreno, sua mão agarrando um pirulito e o levando aos lábios. — Deveria tentar, ajuda a concentrar.

— Ajuda a desconcentrar... Não sei porque ainda fazemos isso se vocês falam e comem mais do que estudam... — Murmurou o tatuado abrindo um dos livros e tentando ignorar os dois desordeiros comilões.

— Porque o Kid só consegue se concentrar vendo o amor da vida dele estudando. Tão bonitinho. — Provocou o sardento dando uma risada ao ver o ruivo adquirir um tom avermelhado em seu rosto e tentar acertá-lo com o travesseiro.

— C-cala a boca, idiota. Eu vou estudar que eu ganho mais. — Pontuou o ruivo se voltando para o livro, tentando focar sua atenção ali, seus olhos estavam totalmente voltados para as páginas, mas era claro que não estava nem ao menos lendo, apenas encarando as letras para disfarçar.

Marco ficou encarando por alguns segundos o ruivo e tombou a cabeça levemente para o lado em confusão. Em seguida tocou sutilmente no braço do moreno próximo a si, recebendo um olhar questionador e o corpo alheio se inclinando para mais perto.

— Devo avisar que o livro está de ponta cabeça? — Questionou lançando um rápido olhar em direção a Kid.

— Nhe, deixa ele, daqui a pouco ele percebe. — Respondeu o sardento dando uma risadinha e pegando uma lapiseira e seu caderno. — Se importa se eu deitar no seu colo? Gosto de estudar deitado... Mas se não quiser, tudo bem.

— Não... Quer dizer, pode ficar como quiser... Não me importo. — Afirmou o loiro e o moreno lhe respondeu com um sorriso, pouco antes de apoiar seu rosto na coxa alheia, ficando deitado e levemente de lado. A lapiseira girou brevemente entre seus dedos e não demorou para que a ponta do grafite começasse a riscar a folha, escrevendo algumas sequências de números e letras.

Marco observou o menor em seu colo, a maneira como seus fios levemente ondulados recaíam sobre si de uma forma tão natural, como o peso do moreno parecia ser o exato para não lhe ser incômodo. Seu coração batia em um descompasso tranquilo, mais acostumado e adaptado a presença do sardento próximo a si. Não havia sentido a súbita vontade de se afastar ou sido algo que o loiro tivesse que pensar a respeito para deixar acontecer.

Apenas parecia algo que tinha que acontecer, gradualmente se tornando mais e mais comum, mais aceitável em seu coração. Claro, ainda existia uma mínima vozinha irritante que permanecia ali escondida em seu interior, pronta para falar em qualquer brecha que aparecesse, mas, naquele momento, ela estava em silêncio, o que lhe deixou mais confortável com aquela situação.