Capítulo 2

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Isaac

Após terminar o serviço me desfaço do corpo e das roupas sujas de sangue vestindo limpas e a deito com cuidado no banco do carro, tiro alguns fios de cabelo que caiam em seu rosto. Ela parecia tão serena, como um anjo.

Tomo meu assento e logo estou no meu apartamento, saio do carro e a pego no colo entrando no prédio com ela em meus braços. Entro no elevador e aperto o botão da cobertura digitando meu código, o elevador abre na minha sala e passo direto subindo as escadas até meu quarto, a deito na minha cama e entro no banheiro para tomar um banho e tirar o cheiro metálico de sangue.

Saio do banho com a toalha enrolada na cintura e a vejo sentada na cama olhando para baixo, algumas lágrimas caem de seus olhos, assim que me vê ela se afasta da ponta da cama ficando o mais longe possível de mim.

Subo na cama ficando a poucos centímetros dela e acaricio sua bochecha corada.

-O que uma bela jovem como você estava fazendo sozinha tão tarde da noite? Não sabe como a rua é perigosa nesse horário? - Pergunto e minha voz sai mais rouca do que de costume.

- Matando alguém que não era. - Ela retruca - E olha só quem fala de perigo, um assassino e sequestrador, tem algo mais perigoso que isso? -Ralha me olhando com os olhos cerrados.

- Pode apostar que ele mereceu, a morte foi pouco para ele.

- E quem você pensa que é para decidir quem deve ou não morrer, Deus?

- Na verdade, quem decide é o Alex. Ele quem monitora as ligações dos meus clientes.

- Você... mata pessoas, por dinheiro? - Ela pergunta incrédula e reviro os olhos.

-Eu sou pago para livrar o mundo da escória. - Digo e me levando caminhando até o closet.

Escolho calmamente as roupas sabendo que ela provavelmente vai tentar fugir, mas será inútil.

Depois de vestir uma calça de moletom saio do closet e vejo que o quarto está vazio, passo pelo corredor e desço as escadas silenciosamente. Mais à frente a vejo tentando abrir a porta da frente sem fazer barulho, ando até ela ficando centímetros do seu pescoço e sussurro.

- Boa tentativa, pena que está trancada.

Ela se vira assustada e se afasta encostando na porta.

- Acho que deveria saber que a porta só se abre com minha digital, o que quer dizer que você só sai daqui quando eu quiser, ou quando eu decidi o que fazer com você. -Indago e vou em direção a cozinha.

Pego algumas coisas da geladeira e ponho no balcão, ouço o som de uma faca sendo tirada do faqueiro, me viro e a vejo com a faca em mãos, tiro com facilidade a faca de suas mãos e aponto em sua direção.

- Está com fome?- Pergunto e ela assente com os olhos arregalados.

-Por que eu estou aqui? Eu vi você matando alguém, e se meu celular não tivesse tocado eu teria corrido e ligado para a polícia. Então por que não me matou? Por quê? - Ela pergunta com a voz aguda, parecia controlar as lagrimas de rolarem descontroladamente pela sua face.

- Eu ia, eu ia te matar, ia te amarrar no porão, te dopar e atirar em você, mas não o fiz. Então agradeça por estar viva e se sente nesse banco antes que eu me arrependa de estar te mantendo viva. Estou tentando achar um motivo para de deixar ir.

- Não tenho um bom motivo para viver, ninguém se importa comigo na verdade. Então não precisa perder seu tempo atrás de um motivo para não me matar porque não vai achar. - Ela diz como se não se importasse em viver ou morrer e é nesse momento em que decido que não a matarei e nunca a machucarei, ela não merece mais dor e sofrimento do que ela aparentemente já recebeu.

- Não vou te matar - Declaro antes de virar a massa de panqueca na frigideira.

Descasco algumas frutas como mangas, abacaxi e kiwi e pico junto com alguns morangos e uvas. Coloco as frutas em uma tigela, pego o xarope na geladeira e tiro a última panqueca da frigideira deixando tudo arrumado em cima da mesa.

Agnes estica as mãos em direção as frutas, mas dou um leve tapa em sua mão a olhando repreensor.

- O que foi? Quer que eu morra de fome?

- Não, mas você não irá comer enquanto não lavar suas mãos com sabão - Retruco e ela me olha incrédula.

- Quem é você? Minha mãe?

- Eu só não quero que fique doente, então pare de reclamar e vá logo lavar as mãos, Agnes.

- Como sabe o meu nome?

- Acha mesmo que eu não pesquisaria a seu respeito? Tenho que saber se não estou trazendo uma maníaca sexual para dentro da minha casa. - Falo fingindo estar céptico.

Ela bufa e se levanta da banqueta tendo que dar um pulinho para alcançar o chão, devo ter o dobro de seu tamanho.

Agnes abre a torneira e lava as mãos logo as secando no pano que a entrego, ela se senta com dificuldade na banqueta alta me olhando desafiadora antes de colocar algumas panquecas no prato a sua frente e jogar uma quantidade absurda de xarope por cima.

Tomo o prato de sua frente antes que ela comesse aquele poço de diabetes.

- O que é agora? Não posso simplesmente comer sem você me interromper a cada movimento meu?

- Está maluca se acha que vou deixá-la comer aquelas panquecas cheias de xarope.

- Por que se importa com o que eu faço ou com o que eu como? - Ela pergunta confusa e não sei o que dizer. Nem eu sei por que estou me preocupando tanto com ela.

- Se é isso que você quer então coma, eu não ligo - Indago e ponho o prato novamente no lugar saindo da cozinha.

♥️♥️♥️

My dear killerOnde histórias criam vida. Descubra agora