Parte dois
O interfone toca e me levanto da cama limpando meu rosto, ouço a voz de Agnes e depois a de Alex.
Eu o avisei para sair enquanto pudesse.
Saio do quarto descendo as escadas e vendo minha cunhada batendo uma mochila nele gritando algo sobre ele ser um idiota. A amizade que se formou entre Agnes, eu e Alex costuma ser muito divertida, ainda mais agora vendo-a bater dele. Se alguém tentasse fazer isso ele com certeza impediria, mas acho que ele está quieto porque sabe que está errado.
Engolindo a risada, pigarreio antes de chamá-la.
– Agnes?
Ela para de socar a mochila nele e a joga no chão vindo até mim e me abraçando apertado. Foi preciso muito controle para não desmoronar de tanto chorar, eu não faria isso na frente dele.
– Ah, que bom que você está bem – Ela diz lançando um olhar afiado para Alexander.
– Bem não seria a palavra que eu usaria para me descrever, mas sim, acho que estou bem – Olho para Alex com uma carranca. – Te mandei sair, o que ainda está fazendo aqui? Se correr talvez ainda dê tempo de encontrar aquela vadia e transar com ela em algum motel.
Agnes encara a nós dois com um olhar confuso.
– Aury, eu já disse que não sabia que vocês eram amigas
– E isso por acaso vai fazer com que eu me sinta melhor? Ou isso é só para eliminar sua culpa por transar com minha amiga depois de me levar para cama!?
– Acho que vocês precisam conversar – Agnes diz pegando sua bolsa e andando até as escadas. – Vou estar no seu quarto, trouxe porcarias para a gente comer.
– Não agi bem como você ontem a noite – Ele se aproxima. – Acabei bebendo além do que deveria e fiz burrada.
– Ah, então me levar para a cama e tirar minha virgindade foi uma burrada? É assim que vai descrever, Alexander? – Tento não parecer chateada, mas sei que meu rosto mostra o quanto estou devastada com suas palavras.
– Você é minha irmã Aurora – Diz sério. – Aquilo nunca deveria ter acontecido entre nós.
– Não somos irmão – Murmuro com desdém. – Você é adotado.
Não me importei de ferir seus sentimentos naquele momento. Eu queria causar dor nele, para que ele sentisse o que causou em mim com todas as burradas que fez hoje.
– Fomos criados como irmãos, eu te vejo como uma irmã
– É mesmo? – Pergunto com um tom cínico. – Não era o que seu rosto dizia enquanto você gozava em mim.
A dor que eu queria infligir nele estava lá, não causada pela minha fala sobre não sermos irmãos de sangue, mas pelo fato de mencionar nossa noite juntos. Ele realmente se arrependia de ter dormido comigo, e isso me deixou ainda mais machucada, porque foi uma noite incrível para mim.
– Nunca vou poder desfazer o que fiz com você, Aurora – Diz com pesar. – Tudo o que posso te pedir é que me perdoe e esqueça isso.
– Não dá – Sussurro sorrindo triste. – Amo você seu idiota, e por mais que você tenha me destruído com tudo o que fez hoje, nada me fará esquecer o quão incrível foi a noite passada. Você está alojado em mim como uma praga.
– Está confusa – Ele diz com firmeza. – Está triste e confusa, não sabe o que está dizendo.
– Pode ter certeza de que eu quis dizer cada uma dessas palavras – Digo devagar, para que ele possa sentir o peso das minhas palavras. – E é com essa certeza que eu vou te dizer mais uma coisa, você nunca mais ouse se dirigir a mim, não quero que me olhe, fale comigo ou me toque. Sinto nojo da sua voz, do seu toque e seu mero olhar na minha direção me causa asco.
– Aurora – Ele chama tentando se aproximar, seu rosto contorcido de desgosto pelas minhas palavras.
– Não – Grito batendo em sua mão quando ele tenta tocar meu braço. – Te quero fora desta casa agora! Nossos pais só chegam em duas semanas, até lá, eu não quero te ver na minha frente, Alexander
– Não pode ficar sozinha todo esse tempo
– Você me deixou sozinha o dia inteiro enquanto fazia sei lá o que por aí, não finja que se importa – Desdenho. – Além do mais, Agnes está aqui. E a casa da tia Mie sempre estará disponível para mim. Eu não preciso de você
Alex me encara uma última vez antes de assentir levemente e se virar para sair.
– Tem certeza disso – Pergunta por cima do ombro.
Sua fala causa uma grande raiva dentro de mim. Não sou mais uma criança, não preciso da ajuda ou da pena dele. Meu sangue esquenta, meus dedos formigam e minhas mãos automaticamente pegam um dos jarros favoritos de cristal da minha mãe.
– VAI EMBORA! – Arremesso o jarro nele, a raiva momentânea não me deixando sentir nenhum remorso ao ver um pouco de sangue pingar no chão. – Eu não te quero aqui
Subo as escadas correndo encontrando Agnes saindo do meu quarto com uma expressão assustada.
– Ouvi o barulho, está tudo bem? – Questiona preocupada.
– Eu o mandei embora, não foi nada demais – Minto, não quero mais falar sobre isso, sobre ele. Forço um sorriso. – E então? Onde estão as porcarias que você disse que trouxe?
– Vem, entra – Diz me puxando. – Estava assistindo a série que estava pausada.
Ela bate em meu braço me fazendo reclamar.
– Ai, sua maluca!
– Bem-feito – Resmunga. – Quem mandou achar uma série legal e não me indicar?
– Ei? – Chamo curiosa. – O que disse ao meu irmão para vir para cá?
Agnes se acomoda do lado direito da cama e aponta o controle para a televisão dando play.
– Minha amiga Kate está em Marseille, eu disse que precisava falar com ela e vim – Explica dando de ombros. – Carter não gosta muito dela, então foi uma ótima desculpa para ele não vir junto.
Ela me oferece um balde de pipoca e aceito colocando algumas na boca, pego a garrafinha de refrigerante dando um gole no líquido gelado e gasoso.
Como algumas jujubas azedas fazendo careta. Não sei que horas nos passamos o vídeo para o notebook ou quando puxei a cama de baixo e nos deitamos nela, mas quando acordamos no dia seguinte o notebook piscava pedindo carga e uma Agnes babando em meu ombro dormia ao meu lado.
E então agradeci aos céus por Isaac ter uma namorada tão legal, que sai de outro país só para me ajudar.
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My dear killer
RomantizmLIVRO 1 - TRILOGIA AMORES INSONDÁVEIS. Agnes é uma mulher encantadora no auge dos seus 23 anos de idade, doce e inocente, sempre procura ver o melhor nas pessoas; isso até Alex seu primo e melhor amigo a embebeda em uma tentativa repugnante de se ap...