twenty two - again.

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Por Hyu

Taehyung havia tirado toda minha preocupação, todo o meu medo e tudo que me afligia de uma vez só.
Em minutos, ele devolveu toda a paz que fora roubada de mim e meu coração se aquecia por isso.

Mas é impossível fugir do medo quando ele está lá.
Por mais que não o sinta, ele não deixou de existir e por mais que não o veja, ele continua te assombrando.

Pensei poder ter paz, por pelo menos uma noite.
Após tomarmos outro banho e nos limparmos, Taehyung e eu trocamos mais brincadeiras e rimos por cada coisa que fazíamos.

Todas as pequenas coisas que rondavam as ações dele foram mais que o suficiente para neutralizar minhas preocupações externas. A forma sútil que ele se comportava, me dava mais alegria todas as vezes que era dirigida à mim.

Tudo foi tomado novamente com um telefonema.

Akira me ligou, tarde, muito tarde. Atendi o telefone, pela segunda vez na noite, com um intervalo de quase três horas após a primeira ligação silenciosa.

— Kira, vou te matar se ficar em silêncio de novo. – Taehyung ri, brincando com meu cabelo que escorria entre meu rosto e ombro.

Hyu? Oh, Hyu... – Meu corpo inteiro se arrepia.

Aquela voz.

Que eu não ouço há tanto tempo, que só vem a minha mente para causar dor.
A voz que mentiu, que machucou, que disse coisas que jamais deveriam ter sido ditas.

A voz do meu pai.

— Hyungsoo. – Digo baixo, ouvindo o homem rir.

Hyungsoo? Desde quando me chama assim, princesinha? – Ele diz em tom de zombaria. — Preferia quando me chamava de papai.

O tom sugestivo me causa nojo. Taehyung nota minha reação e a forma introspectiva que me encolho, ficando em alerta.

Ele assume uma posição de alerta, se concentrando em meus olhos para ler o que poderia ter me deixado afetada em tão pouco tempo.

— Onde Akira está? Por que está falando do telefone dela? – Pergunto, colocando a mão na testa e massageando a área.

Uma risada ecoa do outro lado da linha e so observar Taehyung, noto uma ruga de preocupação recém formada.

— Aparentemente sua amiga quis ver se você estava bem, e então, conversamos. Pedi o telefone emprestado por não conseguir falar com você do meu. Apenas isso, meu amor. – Ele diz e é possível sentir a mentira de longe.

— Onde ela está? Quero falar com ela. – Insisto, agora mais tensa do que antes.

Oh, temo que agora ela não possa atender... – Ele murmura e consigo ouvir suspiros sofregos, familiares pelo tom de voz da pessoa que os solta.

Akira está em perigo.

Se quiser vê-la, ela está esperando em sua casa. Não se preocupe comigo, estou indo para o hotel, princesinha. Até mais. – E desliga.

Graças a ter aumentado o volume da ligação o suficiente para Taehyung ouvir, ele entendeu tudo o que se passava, e não precisei dizer ou repassar toda a minha tensão.

Ele sabia.

— Tae... – Ele vem até mim e me aperta em seus braços. Está tarde, muito mais do que antes, e se minha melhor amiga estiver na rua? No frio?

— Você não vai querer esperar até amanhã e eu não posso forçar você a fazer isso, mesmo que seja mais seguro. – Estava pronta para protestar e dizer que iria agora, sob qualquer circunstância e ele não permite, continuando sua fala. — Eu te levo, e vou com você. Não vou te deixar sozinha, Hyu... ainda mais com esse cara por perto.

Meu coração bate tão rápido que é difícil descrever ou mensurar a mistura de alegria, ansiedade, alívio, medo e gratidão que se apossa do meu coração.

Taehyung pega a chave do carro e me conduz até o Porsche.

Pelo horário as ruas estão vazias, e Taehyung dirige depressa notando minha preocupação.

Agora, nada além de encontrar minha amiga toma minha mente e não reclamo ou repreendo qualquer exagero no velocímetro do carro.

Ao ver meu prédio, tudo parece normal.

Estava pronta para descer do carro quando Taehyung me impediu.

— Me deixe ir primeiro para ver se ele realmente foi embora. Eu te chamo se estiver tudo bem. – Assinto nervosa, preocupada.

No carro trancado, me sinto segura. Taehyung mesmo conversando com o porteiro, não abandona meus olhos
e continua oferecendo apoio.

Estando sentada ali, me lembro de quando eu era apenas uma criança.

Como é possível que alguém consiga destruir tanto outro ser humano só com suas ações?
Quando nos deixamos permitir que outra pessoa consiga penetrar tão fundo em nossa alma, a ponto de nos dividir?

Namorados, pais, amigos, qualquer pessoa.

Ninguém deveria ter tanto controle sobre nós.

Me disperso ao ouvir duas batidas no vidro do carro e me assusto ao ver Taehyung na porta assentindo, como se dissesse que está tudo bem.

— Você não me ouviu? – Ele pergunta quando abro a porta do carro para sair.

— Não, eu estava... pensando. – Ele levanta uma sobrancelha. — Que foi?

— Essa é uma boa hora para ser racional. O porteiro disse que um homem veio aqui, dizendo ser seu pai com a Akira. Ele o deixou entrar, e disse que Akira estava desmaiada e seu pai levou ela até seu apartamento. Depois de alguns minutos, ele desceu de novo e foi embora. – Respiro fundo, me acalmando.

Pelo menos ele não está aqui.

Cumprimento o porteiro com um aceno de cabeça ao entrar correndo no apartamento.
A única coisa que toma meus pensamentos é minha amiga. Eu espero que ela esteja bem e que aquele homem não tenha encostado nela.

Ao chegar no andar em que moro, saio do elevador e noto a porta encostada. Temendo o pior, encontro Akira.

Morta.

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- Blue Wood | kthOnde histórias criam vida. Descubra agora