- Blue Wood | kth

nineteen · it's you.

Por Hyu

Suspirei impaciente pela milésima vez. A atendente do restaurante se inclinou tantas vezes para "ver" o número dos pratos que escolhemos no cardápio, deixando os seios dela na altura dos de Taehyung, que eu ficava tonta.

Como alguém se presta à isso? Claro, o corpo é dela e ela faz o que quiser, mas isso? Chamar a atenção de um homem acompanhado usando o corpo?

O mais engraçado era Taehyung, que não tirou os olhos do papel em formato de livreto em momento algum.

- Quer escolher o vinho, amor? - Taehyung tira os olhos da cartela de vinhos que segurava e olha em meus olhos, sorrindo e o apelido me faz o fitar chocada.

Amor?

Pelo canto do olho, é possível ver a atendente revirando os olhos e endireitando sua postura, notando sua falha tentativa de atrair o olhar do Kim.

- Bom... - Pego a lista de vinhos, dando uma olhada ali e sorrindo, ao achar um dos melhores vinhos que existem - Um Cabernet Sauvignon seria ótimo. - Sorrio para a atendente, que anota o pedido e sai da mesa rapidamente.

- Ciumenta. - Taehyung suspira, brincando com o saleiro.

- Hm? - Murmuro.

- Você despachando a garota. Ela é tão simpática.

- Então chame ela para jantar.

Taehyung explode em uma gargalhada, atraindo alguns olhares curiosos, que o fazem colocar a mão em formato de punho à frente da boca para voltar à sua postura.

- Eu vim com você, não é? - Assinto - Porque eu quero você. Digo, jantar. Quero jantar com você. - Ele tenta consertar a frase, logo olhando para baixo e exibindo uma expressão séria, que se desmancha quando nos entreolhamos e rimos juntos.

- Tudo bem, tudo bem. - Suspiro fundo, tirando meu celular do bolso e lendo algumas das notificações.

- Eu... - Taehyung diz baixo, me fazendo olhar para ele - Eu gostaria de saber mais sobre você.

Abro a boca, um pouco em choque pelo que havia ouvido. Depois de tudo que contei... Ele queria saber mais?

- Taehyung, eu já te contei tudo, não acho qu-

- Não! Eu não quero saber sobre isso, Hyu. Eu quero te conhecer, sem essa parte. Podemos apagar isso? - Franzo o cenho, confusa - Não quero pensar em você tendo sofrido tanto assim.

Meu coração palpita e meu peito aperta. A expressão de dor que ele faz ao ciciar me deixa entorpecida. Ele se importa?

- Bom, eu... Eu amo ler. Tenho alguns livros e uma pequena biblioteca em casa, passo a maior parte do tempo lá quando não estou trabalhando. Gosto muito de música, mas você já sabe disso. Tudo que faço em casa ou na rua é regado por melodias que me deixam na mesma vibe da situação - Pontuo.

Paro por alguns segundos, tentando pensar mais e quando iria continuar, recebo uma ligação.

Pego meu celular ao mesmo tempo em que a garçonete traz o vinho. Taehyung inclina o rosto para o lado e contrai o maxilar ao notar minha cara de confusão e medo.

- Yoongi? - Murmuro baixo, sem acreditar. - Já fazem anos! Na verdade não, o que foi? Yoongi, não interessa, eu... - Paro, boquiaberta ao ouví-lo - Você tem certeza? - Ouço o homem por mais um tempo e desligo o celular ao terminarmos a conversa.

Tomo um gole do vinho, sentindo minha garganta se fehar a cada segundo e cada centímetro do meu corpo se arrepiar por completo.

Taehyung não faz questão de esconder sua face preocupada, com os olhos sutilmente arregalados e os lábios rígidos em uma linha fina.

É possível perceber que ele não tem certeza do que perguntar e se vai perguntar alguma coisa.

Ele toca minha mão que repousava trêmula sobre a mesa, a apertando com cuidado e escolhendo as palavras cuidadosamente.

- Hyu... - Ele começa, mas não permito que ele termine.

- Ele voltou. - O Kim parece ponderar por alguns segundos e desvia o olhar para um ponto não específico no restaurante. Quando ele parece finalmente entender, ele me olha com dor.

- Você tem certeza? Isso é... Meu Deus!

- Yoongi é um amigo de infância, meu antigo vizinho. Ele viu meu pai na frente da minha casa. - Digo olhando para baixo, ainda inexpressiva.

- Você não vai voltar pra casa, Hyu! Isso está fora de cogitação, você não pode! - Balanço a cabeça negativamente, levantando meu olhar e o fitando, incerta.

- Para onde eu vou, Tae? Não tenho lugar nenhum pra ir, pra fugir, eu não-

- Você tem sim. Vamos para casa. - Ele enfatiza a última palavra, me deixando calma.

Estamos indo para meu único lugar seguro, agora...
Para casa de Taehyung.

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