fifteen · remember.

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Por Hyu (GATILHO! abuso sexual.)

Mordi meu lábio inferior ao ouvir que Taehyung havia acertado, nos afastamos minimamente para ele ver se tinha acertado.

Tiro do bolso da saia o tubinho de batom de cereja, mostro para ele que sorri e solta uma risadinha nasalada.

— Vem tirar. – Sussurro sentindo suavemente seus lábios contra os meus.

Em segundos, ele se volta para mim e volta e me beijar.

Suas mãos fortes alternavam entre minha cintura, meu pescoço e meu quadril.

Ele tinha pegada.

O Kim me deitou na cama, ficando por cima de mim sem deixar meus lábios em nenhum momento.

Uma de suas mãos segurou minha nuca e traçou selares molhados da minha boca até minha clavícula.

Senti sua ereção recém formada roçar minha perna, e então, em um pulo me afastei dele. A expressão confusa deu um contraste com minha expressão de medo.

Medo.

Não senti medo de Taehyung, mas lembrei de coisas que me deram medo a maior parte da minha vida.

E ainda me causam arrepios...

— Hyu? – Ele me chama, preocupado.

Respiro fundo, com os lábios entteabretos e a respiração cortada.

— Tae, você precisa de mais alguma coisa? Acho que está na hora de ir para casa. – Ele tenta se aproximar e eu recuo.

— Está tarde, não? Meu motorista já encerrou o turno, mas eu mesmo posso te levar.

— Oh, não! Não é necessário, eu pego um táxi. – Digo tremendo, pegando meu blazer em cima da cama.

— Hyu! Eu não vou te deixar pegar um táxi sozinha a essa hora da noite! – Ele percebe meu olhar trêmulo e se aproxima hesitante. — Me desculpe, tudo bem? Eu não quis que ficasse com... medo.

Ele soou incerto, mas ele acertou. Medo. De tudo que eu passei por anos e que nos últimos tempos não passei, mas lembrei todos os dias até hoje.

— Senhor, se me permite – Minako aparece na ponta do corredor, perto da porta do quarto e assinto, antes de Taehyung,  para ela dizer o que quer — Acredito que a senhorita possa dormir aqui.

Não!

— Não! – Taehyung coloca a mão em meu ombro.

—  Você não vai ficar no meu quarto, Hyu, está tudo bem. – Respirei fundo, para me acalmar.

Minako sai após um menear de cabeça de Taehyung e ficamos nós dois sozinhos.

— Posso te perguntar uma coisa? – Assinto. — Você é virgem, não é?

Me sento na cama, fecho os olhos e respiro fundo tentando me concentrar.

Taehyung se senta ao meu lado e me olha com carinho. Ele apoia o rosto na mão sustentada pelo cotovelo e me espera.

— Lembra que te disse que meu pai era doente? Ele era, mesmo. Ele me tocou por anos, todos os dias desde os meus 8 até os meus 16. Eu não saía de casa nem para estudar, minha mãe me educava. Meu pai saía, bebia e quando voltava, deixava minha mãe desmaiada e ia até mim. O recorde dele foi 5 vezes em uma noite. Tinha medo de quando dava 23:00, eu sabia que ele estava chegando e que meu inferno começaria. Minha mãe deixou de me ver como a filha que sofria abusos do pai e começou a me ver como a mulher pela qual o marido sentia desejo — Sequei uma lágrima quando flashes daqueles dias vieram em minha mente —  Nunca me deitei com um homem por vontade própria, ninguém, tirando meu próprio pai, jamais me tocou. Então não, Taehyung. Eu não sou virgem. Mas eu não perdi minha virgindade, ela foi tirada de mim.

O Kim me olhava espantado e pude ver uma lágrima escorrer do rosto macio dele. Ele abriu a boca e a fechou novamente duas vezes, parecia pensar se falaria algo ou não.

— Hyu, me perdoe, eu não... Posso te abraçar? – Suspiro, secando meu rosto mais uma vez e assentindo devagar.

Taehyung se aproxima com cuidado e me abraça como se eu fosse de vidro. Ele passa a me apertar e eu circulo seu pescoço, o abraçando de volta.

As memórias, os flashes, as lembranças e as sensações horríveis que cresci tendo voltam com força e me permito chorar tudo que não chorei por anos.

Taehyung chorava baixinho e eu não sabia o motivo e ele teve que começar a me segurar. Eu chorava copiosamente, perdi a força das pernas e ele me sentou na cama, ainda me abraçando.

Me afastei um pouco, tentando me acalmar para continuar contando.

— Eu nasci com endometriose, mas comecei a tomar anticoncepcionais muito cedo, meu pai me obrigava. O anticoncepcional escondia a endometriose e por não saber que ela existia, não fiz o tratamento e hoje não posso ter filhos. Isso tudo foi tirado de mim, Tae... – Suspiro, voltando a abraçar o homem ao meu lado.

Ele acaricia minhas costas com carinho e afaga meu cabelo.

— Ah, Hyu... eu nem consigo imaginar tudo isso, me desculpe, eu não sabia de nada. – Ele parecia triste e afetado de verdade, me afastei minimamente para acariciar uma das bochechas do moreno.

— Tudo bem, Tae. Não é sua culpa. – Ele beija minha testa e continua com o selar ali por alguns segundos. Depois me puxa para seu peito e continua com o carinho em meu rosto.

Taehyung é tão doce que faz meu coração quebrar.
Tentei ser indiferente, fria, mas ele me derreteu por completo.

Todo o vazio que sentia foi suprido por ele em pouquíssimo tempo e me fez mal ficar longe e deixá-lo pensar que não éramos nada ou que eu não o queria por perto.

Eu não lutaria mais contra isso, não podia mais lutar contra isso.

Ele parecia querer e gostar de estar comigo também, e eu não o afastaria, não de novo.

Eu sabia e me senti feliz por isso.

Eu estava me apaixonando por Kim Taehyung.

•'•'•'•'•'

oi, gente, tudo bem?
queria conversar com vocês.

abuso sexual é um assunto muito delicado, e enquanto escrevia e pensava sobre esse capítulo, tentei pensar em como trataria sobre isso no livro.

antes que alguém diga coisas como: "você não tem propriedade para falar", sim, infelizmente eu tenho.

todos sabemos que abuso sexual é crime e deve ser exterminado da sociedade qualquer ato que compactua com isso.

o que eu quero dizer é: DENUNCIE!

não ouça as ameaças do seu pai, tio, padrinho, padrasto, irmão, seja quem for.

conte para um ADULTO de confiança, peça ajuda, não sofra em silêncio.

eu sei que não é fácil contar, mas tenha força! terá sempre alguém para te ouvir, não fique com medo dos olhares, opiniões ou qualquer reação das pessoas.

conte, lute, denuncie! não deixem isso dominar vocês.

tenham uma boa vida, ok? sempre!
eu pretendo tratar sobre isso na história com o cuidado e a delicadeza que esse assunto requer.

beijinhos e contem comigo caso precisem de conversar.
até breve 💕

- Blue Wood | kthOnde histórias criam vida. Descubra agora