seven - coming home.

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Por Hyu

Durante todo o jantar, Taehyung foi bem cordial. Gentil e interessado em tudo que conversamos, sobre nossos trabalhos, ambições e até sonhos.

Ele não parece ser tão ruim assim.

Depois dele, entramos no carro e ele pareceu dirigir bem devagar, aparentemente, ele também não queria que a noite terminasse.

— Você gostou? – Ele diz, e vira o rosto da estrada para mim, para observar minha expressão confusa, e então, quando finalmente entendo a pergunta o respondo.

— Sim, foi menos pior do que eu pensei. – Digo, brincalhona.

— Você pensou que seria ruim? – O Kim coloca uma mão no peito, fingindo dor.

— Deixe de ser bobo, apenas pensei que não seria tão agradável como foi. Você não é tão ruim assim.

— Vou tomar isso como um elogio. – Nós dois rimos juntos.

— Você tem algum talento escondido, Tae...Hyung? – me impeço de dar um apelido para ele, e torço para que ele não tenha percebido, mas não é o que parece...

— Do que me chamou?

Ops. Ótimo, Hyu.

— Taehyung. – Olho para a janela que passava a paisagem como borrões coloridos.

— Não, você me chamou de 'Tae, e depois se corrigiu? – Notei o tom risonho de sua voz, e ao olha-lo, notei que ele estava sorrindo.

— Pare com isso, está ouvindo coisas. – Posso ouvir ainda o som da risada disfarçada que ele tenta, inutilmente, esconder. — Mas responda a minha pergunta, você tem?

— Bem, eu canto bem pouquinho e sei tocar saxofone. – Levanto uma sobrancelha surpresa e em seguida ele me olha como se me perguntasse o motivo da minha reação.

— Saxofone é um instrumento que nem todo mundo tem curiosidade em aprender, é legal você saber.

— E você, quais têm? – Ele me pergunta.

— Quais? No plural?

— Dá pra notar que você canta, sua voz é firme e seu tom é suave, tem um bom vocal. Mas não deve ser só isso. – Assinto.

— Bem – Imito o som de sua voz na fala anterior — Eu sei piano e violão, também.

— Eu gostaria muito de te ouvir tocando e cantando. – Ele diz e tenho uma idéia.

— E por que não hoje? – Ele levanta as duas sobrancelhas em espanto.

— Quer que eu vá na sua casa? – A forma com que ele diz quase me parece absurda, e eu sei que se eu pensar nisso, provavelmente também vou achar assim. Então não vou pensar.

— Não era você que queria me ouvir? – Ele assente e nos aproximamos mais de casa.

O caminho foi trilhado em silêncio, cumprimentamos o porteiro e subimos pelo elevador, e o percurso do elevador até lá foi ainda mais longo. Mais longo do que deveria.

Em um súbito, Taehyung se aproxima perigosamente de mim, encosta uma das mãos na parede acima de meu ombro, me encurralando.

Me sinto tão atraída pela pele caramelo quanto pelos lábios finos e bem desenhados.

Me sinto uma adolescente.

Taehyung pega minha mão esquerda e analisa a ponta dos meus dedos. Ele passa o indicador dele por cada espacinho de pele, onde era mais grossa e havia algumas marquinhas.

— O que está fazen-

— Instrumentos de corda machucam, não é? – Ele sussurra próximo ao meu ouvido, a voz forte e marcante ficava ainda mais evidente.

Assinto em silêncio enquanto ele umidece os lábios olhando no fundo dos meus olhos.

Ele beija cada dedo por alguns segundos, beija minha mão e em seguida minha bochecha direita.

E assim como ele veio para perto, foi para longe. Em um segundo.

Ele se encosta na parede metálica enquanto esperamos o elevador terminar de subir.

Droga de elevador lento...

Quando as portas se abrem, corro para fora da caixa de metal, onde o clima parecia estar 7°C acima do que realmente estava.

Taehyung, mais atrás, ria da minha reação.

Abro a porta do meu apartamento e entro rapidamente, e Taehyung, como se para me irritar, anda devagar atrás de mim enquanto eu estava com pressa.

Quando ele finalmente entra, fecho a porta e sigo para meu quarto.

Tudo em silêncio, até que ele o quebra.

— Opa, já vai me levar pro seu quarto? – Estaco no lugar, como ele ousa?!

— Não. Você fica aí – Aponto para a sala. — Vou pegar o violão.

— Por que só o violão? – Ele pergunta.

— Porque o piano está na minha sala de música e eu não vou te levar até lá.

— Por que não? – O Kim franze o cenho. Essa era uma pergunta razoável, mas considerando que as últimas pessoas que entraram lá foram meus avós, não estava interessada em levar outro alguém lá. Era difícil até pra mim...

— Quer me ouvir tocar ou não? – Ele assente — Então fica aí.

Ele se senta em uma das poltronas da sala enquanto vou ao meu quarto.

Pegando o violão de madeira visivelmente pesado e voltando para a sala, me sento no sofá, de lado e de frente para ele ao mesmo tempo.

— Algum pedido? – Pergunto conferindo a afinação do instrumento.

— Cante o que quer dizer – Ele diz e passa as mãos pelos fios escuros.

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- Blue Wood | kthOnde histórias criam vida. Descubra agora