Invasão

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Capítulo 3

Acordo e escuto barulho de tiroteio, me desespero na hora.
A mulher de mais cedo aparece na porta e me abraça.

- Venha, vamos para o cofre. - Sem entender, a sigo até que entramos em um quarto e depois em no closet. Dentro do closet tem uma porta que da acesso a um lugar que ao meu ver é um quarto.

Me santo no chão e começo a chorar de desespero, a mulher me abraça e ficamos um bom tempo assim.

- Poxo chama voxê de Tata? - Ela assente e ficamos assim por um bom tempo. Ela começa a cantar e eu começo a sentir sono.

- Acorde, vamos comer alguma coisa. - Acordo e vejo Tata indo em um lugar que eu acho ser o estoque, de lá ela traz uma garrafa de água e algumas coisas pra comer.

- O que tá acuntexendo? - Pergunto.

- Invasão, umas pessoas que não gostam do Pesadelo estão vindo pro morro pra pegar ele.

- O que acuntexe se pagalem ele?

- Vão mata-lo.

- Ixo é feio, não podi. - Ela ri.

- É a vida querida, são regras e aqui funciona assim.

- Pouque voxê tá aqui?

- Me apaixonei por um cara de outro morro, mas ele entendeu tudo errado quando vim trabalhar aqui nessa casa. Na época eu era jovem e vivia namorando todo mundo, mas tudo um dia acaba e na mesma época em que eu deixei de namorar todo mundo, comecei a trabalhar, pra ajudar minha família e foi aí que conheci o pai do Pesadelo, nunca namoramos, o que eu e ele tínhamos ia além, nos éramos irmãos. - Uma lágrima escorre do olhos dela e eu a abraço.

- Pouque voxê não fala com ele?

- Eu tentei mas quando cheguei lá, ele já tinha uma outra família.

- Não fica axim. - A abraço e ficamos ali por um bom tempo.

Alguém bate na porta umas quatro vezes no ritmo de alguma musica e então Tata levanta, abrindo a mesma.

É o tal do Baiano.

- Onde está o Pesadelo? - Ele não responde, simplesmente abraça ela.

- Não, ele não pode... - Ela não termina.

- Relaxa aí coroa, ele só levou uns três furos, vazo ruim não quebra. - Ele fala como se fosse algo normal. - Até porque aquele lá até a morte foge dele. - E então os dois acabam rindo.

- Como axim? - E então ele nota a minha presença.

- Pesadelo levou um tiro de raspão no braço e na perna, por último um tiro no abdômen.

- Porque ele não usou o colete?

- Ele estava com o colete, mas daí apareceu uma criança e ele acabou dando pra ela. Cara burro.

- Então ele xaouvo a quiança? - Ele assente. - Onde ele tá? 

- No hospital, coroa, vou indo. Preciso me arrumar e colar lá pra ver como a princesa tá. - Ela assente e antes de ir ele beija a testa dela.

- Vou me alumar, eu vo com voxê. - Ela assente e sai, saio logo depois e vou me arrumar.

Assim que termino, espero ela na sala, ela aparece e então vamos para o hospital.

Encontramos o Baiano sentado tomando água enquanto bate a mão no joelho, aparentemente nervoso.

- O que o médico disse? - Tata pergunta.

- Eu não sei, cheguei aqui e ninguém me dá notícia dele. - Fala nervoso e então Tata o abraça e eles ficam um tempo assim.

Vou até a recepcionista.

- Oi, voxê pode me dize como tá o Peusadelo? - Ela me encara e depois olha pra trás.

- Moça, se ela veio parar no hospital, com certeza alguma enfermeira ou doutor irá lhe informar, então por favor se a senhora não está vendo, tem uma fila esperando pra serem atendidos. - Saiu de lá pisando duro.

- Ei, o que aconteceu? - Baiano me pergunta assim que me sento do outro lado dele emburrada.

- Aquela buxa foi grossa comigo.

- A atendente? - Tata pergunta e eu assinto. - Aquela folgada vai ver só. - Rio.

Ficamos mais um tempo esperando notícias do Pesadelo, demorou mais de duas horas, o que deixou todos nós ainda mais aflitos.

- Parentes do Pesadelo. - O doutor chama e nos três levantamos.

- Vocês são? - Ele nos pergunta assim que paramos em sua frente.

- Sou a mãe, eles são os irmãos. - Ela diz e pisca pra gente.

- Me sigam por favor. - Seguimos ele, assim que entramos no quarto, vemos Pesadelo dormindo com alguns fios grudados nele.

Tata vai direto em sua direção e pega a sua mão, logo em seguida rezando. Baiano senta ao lado do amigo e fica o encarando.

- Filho da puta, tu não me assusta desse jeito não corno do Caralho.

- Falou o cornão. - Pesadelo diz com dificuldade.

Tata e Baiano o encaram com um sorriso enorme.

- Você acordou? - Tata pergunta e ele revira os olhos.

- Não poh, tô dormindo ainda não tá vendo? - Ela bate nele e ele geme de dor. - Eu ainda tô quebrado.

- Desculpa. - Ela diz e se afasta um pouco. - Venha aqui. - Tata me puxa e me faz sentar ao lado do Pesadelo. - Ela também ficou preocupada com você. - Ele me encara meio confuso.

- Meu nome é Aurora. - Sorrio e ele continua sério, me fazendo fechar a cara no mesmo segundo. - E eu não fiquei pleucupada. - Viro a cara.

- Claro, quase estourou a mulher lá. - Baiano se mete e eu olho feio pra ele. - Tô mentindo? - Não respondo.

Eles ficam conversando sobre coisas que eu não entendo e então percebo um olhar sobre mim, mas ignoro e fico brincando com o Titi.

Logo o horário de visita acaba e vamos pra casa. Pesadelo irá receber alta só amanhã pelo jeito e vai ter que ficar de repouso em casa por uma semana. Ou seja, terei que aturar esse cara por uma semana.

Vou pro quarto e me arrumo pra dormir.

Porque será que ele ficou me encarando?

Me deito na cama mas não consigo dormir, pois fico pensando em como o Pesadelo deve estar.

Será que o nome dele é Pesadelo mesmo? Ou é só um modo de chamar ele? E o nome do Baiano? Será que ele é mesmo Baiano?

Quando vejo o sol já estava nascendo e clareando o quarto.

Laços ObsessivosOnde histórias criam vida. Descubra agora