Deu ruim?

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Capítulo 13

- Se a Tata tivesse aqui, ela me mataria, mas essa comida tá muito boa. - Baiano diz e afirmo.

Escuto barulho de porta.

- RAFAEL, SEJA EDUCADO E VENHA FALAR COM AS VISITAS, VOCÊ TAMBÉM ANA LUISA. - A mãe da Julia grita, assim que o home entra na cozinha, vejo que é o mesmo de mais cedo, junto com a tal da Morena.

- Toma no cu, agora vou ter que matar esse filho da puta. - Aponta pro Baiano.

- Não vai, ele não vai contar não é Baiano? - Julia pergunta e ele afirma. - Pra ficarmos quites, diz teu nome aí.

- É Diego. - Ele da de ombros. - Precisa mais de alguma coisa? RG, CPF, número de telefone, nome dos meus pais ou dos meus parentes? - Ele diz e Morte/Rafael olha feio pra ele.

- Tu tá tirando com a minha cara? - A mãe da Julia logo entra na conversa e fala pra eles comerem.

- Anda, estou com fome. - Julia diz assim que Morte pega o prato. - Se serve logo sua lesma de meio ano. - Morte olha feio pra ela. - Cara feia pra mim é fome arrombado.

- Olha a boca, já disse que dentro de casa não se fala palavrão. - A tia repreende.

- É né, comigo você briga agora com esse daí. - Aponta pro Morte. - Tu não fala nada, tá certa, ama mais teu filho aí né. - Faz drama e a tia revira os olhos.

- Para de drama, sabe que amo os dois igual. - Morte ri da cara de Julia.

- Tanto que não briga comigo oh. - Ele zoa e recebe tapa da mãe.

- Nunca pensei que veria o tão temido Morte, o traficante mais procurado do Brasil, rindo e zoando. - Baiano diz baixo mas Morte escuta, fechando a cara logo em seguida.

- Sem brigas, tenho certeza que ele só está brincando. - A mãe da Julia diz.

- Foi mal aí. - É a última coisa que ele diz depois de ficar calado o almoço inteiro.

- Vai embora não? - A mulher pergunta pro Baiano.

- Só saio quando a Aurora pedir. - A mulher olha pra mim, esperando que eu fale algo, simplesmente dou de ombros.

- Não vai falar pra ele ir? - Ela finalmente fala algo depois de ficar me encarando.

- Ue, iumão, pode ir se quiser. - Falo e ele assente.

Seu celular toca e ele fica branco.

- O que aconetexeu? - Pergunto e ele nega.

- O Pesadelo ligou umas 10 vezes, preciso ir, antes que ele resolva mandar os vapores me matar. - Quando ele ia sair, a mulher barra ele.

- Onde vai? - Ele fica sem entender.

- Ue, vou pra casa, não era isso que cêis queriam?

- Chefe? - Ela encara o Morte e ele da de ombros.

- Deixa o menino ir, qualquer coisa vocês invadem o morro. - A tia/mãe deles diz.

- Libera. - Morte diz e a mulher bufa, mas logo sai da frente.

Baiano vai embora e fica um clima estranho.

- Vem, vamos deixar esses chatos aqui, vou te mostrar o quarto que você vai ficar, preparei ele pra você. - Julia sai me puxando.

- Eu xei andar xabia? - Ela ri e ignora.

- Pera. - Morte aparece e Julia fica encarando. - Quero conversar com a baixinha aí.

- Ei, eu não xou baixinha. - Falo irritada.

Quem ele pensa que é pra me chamar de baixinha. Julia encara ele por alguns segundos e suspira.

- Não faça nada que de na telha e cuidado com as gírias. Aurora, vou te esperar no quarto. - Fala e sai.

- Ei, mas quem dixe que eu quelo falar com ele? - Cruzo os braços emburrada.

- SÓ ESCUTA O QUE ELE TEM A DIZER. - Julia grita.

- Prometo não fazer nada que você não queira. - Ele levanta os braços em rendição.

- Tá. - Falo e acompanho ele até seu quarto. - O que voxê quer comigo?

- Sei lá, só queria ficar sozinho com tu. - Dá de ombros.

Esse jeito bonzinho me lembra o Pesadelo, será que eles são iguais? Será que depois de um tempo ele também vai me tratar na grosseria e me deixar triste?

- Ei, no que tu tá pensando? - Sou tirada de meus pensamentos.

- Nada, é que eu conhexo um cara que é legal comigo, mas tem ola que ele me tlata muito mal. - Vejo o maxilar dele travar, será que eu falei algo de errado?

- Foi o Pesadelo? - Meus olhos se arregalam mas apenas assinto. - Eu vou matar aquele filho da puta. - Ele diz baixo, mas consigo ouvir. - Não sou igual ele. - Ele se aproxima e eu dou dois passos pra trás. - Calma, eu só quero um abraço. - Não sei o que deu em mim, minhas pernas não me obedecem e eu simplesmente sou abraçada. - Eu vou cuidar de tu, não precisa ter medo.

Droga, eu não posso chorar, essas palavras, esse abraço me trouxe uma paz que eu nunca pensei que sentiria, um sentimento que não sei explicar. Eu nem conheço essa pessoa, mas ela está me fazendo sentir uma paz tão grande. Deve ser coisa da minha cabeça, só pode.

Assim que ele me solta, o empurro com tudo e saio correndo. Encontro a Julia saindo do banheiro só de toalha.

- Ei, o que houve? Ele te fez alguma coisa? Falou algo? Te ofendeu?

- Não, ele foi legal comigo, e é isso que me axusta. O Pesadelo fez a mesma coisa, ele é bonzinho e depois me tlata mal. - Ela me encara e acaba soltando um riso.

- Foi mal, mas que cara bipolar. Enfim, voltando ao meu irmão, quando ele bebe, ele se torna uma pessoa sincera por isso eu deixei ele com você. - Da de ombros. - E pelo que eu vi ele gostou de você. Não posso falar se é amor ou não, até porque vocês mal se conhecem mas, de a chance de conhecer ele. Tenho certeza que ele não vai te fazer mal algum e se ele fizer tambem, pode deixar que eu e minha mãe cuidamos disso. - Ela sorri.

- Eu não xei. - Falo cabisbaixo.

- Deixa acontecer naturalmente. - Ela cantarola.

- Vou tomar banho. - Sigo ela e ela me entrega a toalha, pego minhas coisas e vou tomar banho.

O que eu faço? E se ele for igual?

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