Sonho?

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Capítulo 9

- Canxei. - Falo me sentando do lado do Baiano.

- Ai, mas faltava aquela loja. - Faz bico. - Tudo bem, deixa pra próxima. 

- Pesadelo ligou aqui. - Ele diz e entendo.

- Xau, até xemana que vem. - Me despeço de Julia.

- Tu conhece ela de onde? - Baiano pergunta assim que entro no carro.

- Do olfanato, ela ganhou os papais mais xedo que eu. - Falo triste.

- Tu nunca me contou esses bugs. - Dou de ombros. - Assim que brotar na goma do Pesadelo, tu vai me contar essa história aí. - Diz todo mandam.

- Tá bom. - Ele coloca umas músicas doidas, mas com umas batidas legais e fica cantando.

Assim que chegamos na casa do Pesadelo, vejo Tata batendo nele e em uma menina.

- EU JÁ DISSE, SEM PIRANHA DENTRO DE CASA.

- A casa é minha. - Pesadelo recebe outro tapa. - Foi mal. - Ele diz de cabeça baixa.

- Foi péssimo. Oi meninos. - Ela sorri pra nós dois. - Como foi o shopping?

-Foi legal. - Falo e recebo olhar mortal das duas pessoas que estavam de cara de tacho.

- Querida, tchau, adeus, que deus te ilumine. - Tata sai empurrando a menina.

Pesadelo sobe e deixa só nós três na sala.

- Me conta, como é essa sua amiga. - Tata senta no sofá toda animada.

Começamos a conversar até dar o horário do café da tarde, comemos e eu fui ajudar a Tata.

- Tata, voxê pode me ajudar a alumar a minha muchila pra semana que vem?

- Onde você vai? - Tata pergunta preocupada. - Saiba que você já mora aqui viu menina.

- Eu vou conhecer a familia da Julia. - Falo animada.

- Ajudo sim, mas vai ficar quanto tempo? 

- Acho que tlês dias. - Dou de ombros.

- Então, dois dias antes de você ir eu te ajudo. - Assinto e guardo a bagunça. Assim que entro no meu quarto, vejo que Pesadelo está na varanda.

- Vai pra onde semana que vem?

- Vou na casa da minha amiga. - Falo certinho.

- Nossa, acho que é a primeira vez que tu fala certo. - Zoa e reviro os olhos. - Não vai.

- Cala, voxê é muito bipolar, não sabe o que quer. - Falo encarando ele.

- EU NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ ME DEIXA ASSIM. - Dou um passo pra trás. - Foi mal.

- Não, voxê sempre pede descupa mas sempre faz de novo. - Falo irritada.

- Talvez seja bom mesmo tu ir pra casa dessa tua amiga.

- E vai mesmo. - Ele chega perto de mim e sinto sua respiração em meu rosto, automaticamente fecho meus olhos.

- Tão cheirosa, tão doce. - Ele me encosta na parede. Me arrepio.

Não sei o que está acontecendo comigo. É sempre assim.

- Aurora. - Escuto Baiano me chamar, me afasto e deixo o Pesadelo. - Cabeçuda, onde tu tá?

- Oi. - Falo me sentando ao seu lado no sofá.

- Onde tu tava? E que cara é essa?

- Eu taba... no meu qua-quarto... Qu-que cala? - Gaguejo.

-  Ihhhhhhh. - Ele ri assim que Pesadelo passa de cara fechada. - FOI MAL IRMÃO. - Ele grita e Pesadelo lhe mostra o dedo do meio. 

- O que voxê quelia? - Mudo de assunto. - Ah é.

Começo a contar como eu parei no orfanato, como conheci a Julia, sobre minhas deficiências e o bullying que sofri por conta disso e a cada parte, via Baiano ficando vermelho.

- Caralho, nunca pensei que tu tivesse passado por isso, nossa, me veio um ódio agora, vou ver o nome de cada um que te fez mal e vou meter bala nessas porras. - Começo a rir de nervoso. - Não é pra rir não, eu tô falando sério.

- Eu xei, mas é que eu fico neuvosa as vezes e me dá vontade de ri. - Falo e ele ri.

- Então é por isso que tu fala desse keito e age assim? - Assinto. - Já pensou em fazer tratamento? Não que você seja feia assim, porque você é perfeita do jeito que é, mas esses traumas pode dar muita merda. - Assinto.

- Não, nunca penxei, e outla, eu sou sozinha né. - Ele vem até eu e me abraça.

- Não está mais, agora tu é minha irmã, vou cuidar de tu. - Beija a minha cabeça. - Amo tu baixinha. 

- Pala, eu não sou baixinha. - Falo brava e ele ri.

Depois disso, ficamos comendo besteira, falando sobre a nossa infância, assistimos filme e mais algumas outras coisas. 

- QUE PORRA É ESSA? SEU TALARICO DO CARAMBA. - Olho na direção da pessoa que está gritando e vejo Pesadelo todo torto. Eu e Baiano estávamos assistindo desenho e ele folgado tinha colocado o pé no meu colo. Descobri que o nome do Baiano é Diego.

- Para de show que tu não é Xuxa Pesadelo.

- Cala a boca aí. Eu pensei que tu gostava de mim. - Ele olha pra mim com cara de choro. - E tu. - Aponta pro Baiano. - Achei que era meu irmão. 

- O que tá acontecendo aqui? - Tata entra com quatro potes de sorvete.

- Pesadelo que deu surto aí. - Baiano pega suas coisas. - Tia, maninha, tô vazando, antes que esse arrombado comece a falar merda e se arrependa depois. - Beija nossas testas e sai.

- Xe cuida. - Falo pra ele antes dele ir embora

- Vem. - Tata pega o Pesadelo e sai arrastando ele. - Aurora, você pode guardar esses potes pra mim , fazendo um favor. - Fala antes de subir com o Pesadelo.

Guardo os potes e subo pro quarto, me arrumo pra ir dormir e quando o sono bate, sinto a cama se afundando e eu sendo abraçada. Não me mexo, apenas finjo que estou dormindo. A pessoa inala meu pescoço, me deixando arrepiada, passa suas mãos na minha cintura e depois sobe pro meu cabelo, fazendo cafuné. Eu sei que é o Pesadelo, seu cheiro é tão viciante que consigo identificar de longe. Eu não sei muito bem o que eu sinto, é bom e ao mesmo tempo ruim. Ele me faz deitar em seu peito nu e quente. Sem perceber adormeço.

Acordo e não vejo ninguém ao meu lado. Deve ter sido só um sonho, viro pro lado e lá está, o cheiro do Pesadelo. A prova de que a noite passada não foi um sonho, ele realmente dormiu comigo. Me levanto e vou me arrumar, entro na cozinha e estão todos lá. Como em silencio em quanto os meninos fazem palhaçada.

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Me perdoem a demora, mas é que está difícil escrever um capítulo decente pra vocês... 

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