Promessa

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Capítulo 14

Acordo no outro dia com um peso em cima de mim e cabelo na cara, abro os olhos e não são os meus cabelos. Julia está jogada em cima de mim, com seus cabelos no meu rosto. Empurro ela, mas não acontece nada.

- JULIA SE VOXÊ NÃO XAIR DE XIMA, EU JULO QUE EU ARRANCO XEUS CABELOS. - No mesmo segundo, ela acorda em um pulo assustada. - Obligada. - Me levanto, pego minhas coisas e vou pro banheiro. 

Depois de terminar minhas higiene pessoal, vou pra cozinha onde encontro o Morte com uma cara de acabado e a Fabiana/mãe da Julia dando bronca nele.

- Quantas vezes eu já falei pra não aparecer bêbado em casa? E ainda me aparece quando temos visita, que vergonha. O que a Aurora vai pensar?  Tu fez ou falou com ela ontem? Ela te viu? - Ele encara o café e por alguns segundos vejo ele corar. - O que tu disse pra ela? - Fabiana segura o riso. - Tu se declarou?

- Falei que eu ia cuidar dela, abracei e ela saiu correndo. - Ele coça a nuca.

- Ela não deve ser acostumada com um abraço do nada, principalmente por um homem. Mas se tu tá gostando dela ou sei lá o que tu sente, melhor tu se controlar, porque nós sabemos o que rola quando tu sente essas coisas. E se algo acontecer nem eu e nem a Julia vamos te perdoar.

- Tô ligado, vou dar um jeito nisso firmeza? Não só por ela, por mim também. Seria massa eu ter mais confiança com o pessoal do morro. - Fabiana passa a mão no rosto.

- Eu e Julia falamos isso desde sempre, mas não, vamos na onda da Morena. Vai lá fazer o que ela quer. - Morte ri.

- Sabe que nem sempre faço as vontades da Morena, e ela confia em mim, já te contei mais ou menos o motivo dela ser assim. - Fabiana revira os olhos.

- Mesmo assim, por não saber o que essa menina passou, eu não posso confiar 100%, sem contar que ela ainda não me mostrou ser confiável.

- Tô ligado... - Ele vira e me encara. - Tu tá a quanto tempo aí? - Coro.

- Che-cheguei agola. - Gaguejo. Quando ia passar por ele, ele segura meu braço, sem brutalidade e me faz encara-lo. Fabiana finge que não estamos ali e começa a preparar os mistos.

- Se tu escutou desde o começo, fica ligada que o que eu disse foi tudo verdade, eu não vou te tratar mal. Prometo mudar, não só por você, mas por mim também e vou ganhar tua confiança. Confia. - Ele sorri.

Fico encarando esse sorriso por um bom tempo, não sei quanto tempo ficamos daquele jeito, mas assim que sai do transe, Morena e Julia estavam nos encarando.

- O que tá rolando? - Julia pergunta e então, Morte solta o meu braço.

- Vamos comer que eu preparei misto pra todo mundo. - Fabiana coloca os pratos com misto na mesa e cada um senta em um lugar. O café da manhã inteiro eu senti duas pessoas me encarando. Olhei de relance e vi Morte e Morena. Morte estava com um sorriso de canto, enquanto a Morena me olhava com uma cara nada agradável.

Assim que termino, me levanto e vou pro quarto, logo depois vejo Morena entrar pela porta sem nem ao menos bater.

- Não sei o que tu fez, nem o que tu quer, mas Morte tá querendo mudar e eu não tô gostando nem um pouco disso, ele é bom do jeito que ele é. Se ele mudar, o tanto de gente que pode fazer ele de bobo. Tu tem noção de que ele pode morrer por conta dessa mudança? Por tua culpa? Eu conheço ele desde sempre, ele é o único em quem posso confiar e daí tu aparece e muda tudo. Eu não vou deixar isso acontecer, o Morte ganhou esse vulgo por ser temido e não respeitado. - Morena diz furiosa. Essa mulher tá se escutando? Sério que ela está culpando a mim? E essa decisão é dele, não minha.

- Olha, eu não xei quem voxê é e nem o que voxê que comigo, mas não me venha colocar culpa de uma dexisão dele. Se ele excolheu mudar, a culpa não é minha, e voxê develia cuidar da sua vida, ele deve salber das consequencias. Se voxê é mesmo amiga dele, deveria confiar mais nele e ficar do lado dele nessa dexisão.

- Tu não sabe de nada, tu vai arruinar a vida dele e nesse dia eu vou te matar, nem que seja a última coisa que eu faça, nem que ele me odeie pra sempre.

- Ana Luísa, cuidado com o que tu fala, quem pode morrer nessa porra pode ser tu. - Julia aparece e sorri pra mim. - Se eu ver tu ameaçando a Aurora de novo, pode ter certeza que nesse morro tu não entra mais. Se bem que, você nem vai sair. - Da de ombros.

Morena chega bem perto da Julia e ela não sai do lugar, ficando poucos sentimetros de distância uma da outra, elas se encaram por um tempo e então Morena se afasta.

- Não veria problema em matar tu também. - São suas últimas palavras antes de deixar o quarto.

- Não se preocupa com ela não, ela pode ter falado muita coisa, mas não vai fazer nem metade, ela não é doida.

- Ela golxta do Morte né?

- Gosta, mas não nesse sentido, os dois se conhecem a muito tempo atrás, minha mãe não confia muito nela, porque só colocava o Morte em situações perigosas. A real é que quem colocava ele em situações perigosas era ele mesmo. - Da de ombros. - Ele sempre foi assim. A maioria das brigas era porque ele ficava obsecado por alguma menina e ela tinha namorado ou alguém da família vinha tirar satisfação. Morena nunca ligou pra isso, chegou um tempo que ele era assim comigo e com ela. Acho que ele ainda é mas tenta de controlar mais. Agora com você? Acho que tu tá ferrada viu Aurora, nunca vi ele daquele jeito.

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