Alta

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Capítulo 4

- Bom dia querida. - Tata diz assim que entro na cozinha. - Nossa, você está parecendo um zumbi. - Ri. - Também não conseguiu dormir não é? - Afirmo. - Sente-se, preparei o café. - Ela me entrega uma xícara e faço careta ao ver o líquido marrom, tomo e é um pouco amargo, mas bom. - Agora vai ficar novinha em folha.

A casa é invadida por Baiano e um cara desconhecido.

- Bom dia meninos, Sorriso, o que você estava fazendo ontem que não foi ver seu amigo? - Tata cruza os braços.

- A coroa me encheu de tapa ontem por ter quase morrido. - Coça a cabeça. - Vou brotar lá hoje mesmo.

- Tem café e o resto vocês que façam. - Tata diz e se senta comigo pra tomarmos café.

Assim que tomamos café, arrumamos tudo e fomos pro hospital. Assim que chego, vejo a recepcionista me encarar feio, dou a língua e ando ao lado dos meninos.

- O que foi isso. - O tal do Sorriso pergunta.

- B.o. delas. - Baiano diz e caminhamos até o quarto, entramos sem muita dificuldade, até porque ontem antes de ir pra casa, Tata disse que Baiano e o Pesadelo ameaçaram os médicos, coisa que me fez ficar furiosa.

Entramos no quarto e Pesadelo está com um sorriso enorme no rosto, sem perceber estou emburrada. Vou até uma poltrona que tem no canto do quarto e me sento lá de braços cruzados.

- Que sorriso é esse irmão? - Baiano diz.

- Mudar teu vulgo pra Sorriso. - Sorriso entra na brincadeira.

- Vão tomar no cu e me deixem em paz. - Fecha a cara.

- Que cara é essa querida? - Tata pergunta assim que me vê emburrada.

- Nada. - Falo e vejo os meninos rindo me deixando vermelha de ódio.

- Ei, Loirinha, tá putinha tá? - Pesadelo me zoa e eu reviro os olhos.

- Não me chama axim. - Falo e os homens riem. - Não tem graxa.

- Graxa de carro? - Sorriso pergunta me fazendo ficar ainda mais irritada.

- Para, eu só... - Sou interrompida.

- Ela quis dizer graça, pode parando com a gastaçao, a mina é assim. - Pesadelo diz e Sorriso para de rir.

- Ela anda assim então? Achei que ela tava fazendo graça. - Ele coça a nuca. - Foi mal aí Loirinha. - Assinto. - Mas porque tu é assim?

- Ela não quer contar, ainda não confia. - Pesadelo diz e os dois assentem. - Mas e aí? - E lá se vai de novo, conversas nas quais eu não entendo nada.

Ficamos um tempo lá e então os meninos foram embora primeiro, logo depois a Tata disse que iria ter que viajar e que era algo urgente, não entendi direito mas se era urgente não quis contestar.

Agora estou eu e Pesadelo esperando o doutor dar alta a ele. Não demorou muito e então fomos saindo mas antes claro alguém ou melhor, uma certa recepcionista tinha que se jogar pra cima do Pesadelo, que cena linda.

- Gato, precisa que eu empurre a cadeira pra tu? - Ela pergunta.

O doutor falou pra ele usar cadeira de rodas até o carro onde o Baiano está esperando e eu estou empurrando a cadeira.

- Não tá vendo que eu tô empulando? - Pergunto pra ela que ri.

- Querida, deixe que a mulher aqui cuida disso, pessoas como você não... - Ela não termina pois Pesadelo a interrompe.

- Ela está empurrando então, não se meta. - Diz curto e grosso, fazendo a mulher voltar pra recepção com o rabo entre as pernas, acabo rindo com a situação. - Para de rir, se não eu rio também daí volto para aquela porra de maca.

Chegamos no carro e Baiano estava escutando uma música no som alto.

- HOJE VAI TER BAILÃO. - Baiano grita fazendo arminha com a mão, fazendo Pesadelo rir e dar um tapa na cabeça do mesmo.

- O que é ixo? - Pergunto assim que abaixam o som.

- Uma festa cheia de piranhas e o monte de gente se comendo. - Faço careta.

- Piranha não vive na água doxe? E não podi comer pexoas. - Eles riem de mim.

- Melhor tu nem ir. - Pesadelo diz e arqueio a sobrancelha.

- Voxê vai? - Ele afirma. - Não, voxê não vai. O dotor falo que voxê tem que dormir. - Falo seria e ele nega.

- Vazo ruim não quebra e eu preciso voltar pra atividade.

- Vai vouta minha mão na xua cala. - Falo irritada fazendo eles rirem.

Chegamos na casa e eu fui pro quarto emburrada. Alguém entra no quarto, mas não vejo pois estou na janela vendo as pessoas.

- Ei, você tá brava? - Pesadelo pergunta mas ignoro. - Eu vou no bailão hoje.

- Vai, podi ir, eu não ligo. - Falo de braços cruzados.

- Tô gastando, não vou beleza? - Dou de ombros.

Ele senta na cama e fica vendo as pessoas comigo.

Ficamos olhando as pessoas até eu ficar com fome. Fomos pra cozinha, ele preparou algumas coisas pra gente comer e ficamos nos encarando por um bom tempo.

- Tu já tá com sono? - Nego.

- Voxê tem que toma o remédio. - Falo e ele assente. - Vai pá cama que eu vou leva pá voxê.

- Sei dar meus pulos.

- Agola. - Falo alto e ele sai rindo.

Pego os remédio do jeito que o doutor falou e levo pra ele. Entro no quarto ao qual Tata disse ser dele e ele não está. Escuto barulho do chuveiro e deduzo que ele está no banho. Me sento na cama e fico esperando ele sair. Não demora muito e ele sai, só de toalha.

- Se quisesse me ver assim era só falar.

- Toma, xeu remédio. - Dou o copo pra ele e ele pega, junto com a pílula. Ele toma e eu ia sair do quarto mas ele me segura.

Diferente do homem aquele dia, ele me segura com delicadeza, me prensando contra a parede. Sem querer acabo lembrando daquele dia e o empurro, fazendo ele se afastar um pouco.

- Foi mal, não sei o que deu em mim. - Ele diz coçando a nuca e volta pro banheiro.

Saio dali correndo e vou pro meu quarto, me jogando na cama.

O que foi que aconteceu? Eu não sinto tanto medo dele mais, mas me deu um pânico que não sei explicar...

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