Passado

3.1K 191 8
                                    

Capítulo 5

Me levanto e vou tomar água, quando estava voltando pro quarto, paro e escuto alguém gritando.

- EU NÃO SOU IGUAL VOCÊ. - Me assusto e saio correndo pro quarto do Pesadelo.

- Ei, tá tudu bem. - Falo acariciando seus cabelos molhados por conta do suor.

Ele levanta em um pulo e fecha a mão e levanta o braço, fecho os olhos pra receber o impacto mas não sinto nada apenas abro os olhos e o vejo com um olhar mortal.

- Tu nunca mais entra no meu quarto. - Sem dizer nada apenas me levanto. - Tu escutou? - Ele segura meu braço com força. Puxo meu braço e saio correndo.

Vou pro quarto e fico chorando. Como eu pude ser burra de pensar que ele era uma pessoa legal? Ele é um cara grosso que não está nem aí pra ninguém a não ser ele. Nunca mais ajudo esse cara, ou até mesmo me preocupo.

Chorei tanto que nem percebi quando cai no sono. Acordo com alguém batendo na porta do meu quarto.

- Loirinha. - Essa voz, não é do Pesadelo. Ah, é o Baiano. Me levanto e vou até a porta, abro a mesma e encaro a pessoa. - Bom dia, bora levantar que o Pesadelo não pode sair de casa e só não dá conta. - Ele sai entrando e abre a cortina.

- Não vou ajuda ele. - Falo de braçoscruzados.

- Vai sim, Tata te pediu. - Nego. - Para de fazer birra, o que ele te fez? - Conto pra ele o que aconteceu ontem. - Fica assim não Loirinha, ele é assim com geral. Principalmente com mulher que ele não conhece.

- Eu só quelia ajuda. - Falo e ele me abraça de lado.

- Fica assim não, vou desenrolar isso com ele, enquanto isso vai se arrumar que hoje nois vai ser baba de traficante. - Faço careta por conta das palavras que ele disse que eu não entendo.

Ele sai e vou me arrumar, assim que entro na cozinha, vejo Baiano arrumando fazendo o café e preparando misto quente.

- Voxê leva pá ele. - Falo me sentando e pegando o copo.

- Baiano, já falei pra tu que eu tô bem poh. - Pesadelo diz entrando na cozinha, assim que me vê finge que não estou presente.

- Pede desculpa pra mina aí. - Baiano diz sério e Pesadelo ri.

- Ihhh fih, parece até que não tá ligado que eu não faço essas coisas. - Ele diz e Baiano o encara serio.

- Pede desculpa pra ele. Bora Pesadelo. - Pesadelo faz careta e me olha.

- Depois tu tá fudido na minha mão Baiano. Foimalai. - O final ele fala tão rápido que não entendo nada, parece até que falou em outra língua.

- Fala português filho da puta. - Baiano mete um tapa na cabeça dele, recebendo um olhar mortal. - Não adianta não, tu tá ligado que fez merda. Bora. - Pesadelo fica me encarando e então respira fundo.

- Foi mal aí. - Ele diz e depois vai pegar o café. - Hoje tem bailão. - Diz pro Baiano que está rindo. - Tá rindo de que?

- Nada, vai ter bailão hoje mas tu vai ficar em casa. Mata nois se souber que tamo no baile.

- Deixa baixo, ela precisa saber não.

- Voxê não pode sair. - Falo sério e ele me encara rindo.

- E quem é que vai me impedir? Tu?

- Xim, o médico dixe que voxê não pode xair, então voxê não xai.

- Tu não sabe cuidar nem de tu mesma. O que tem de gata tem de infantil.

- Quer sabe, vai, apoveita e suma lá. Tô nem aí se acontexer alguma coisa com voxê. - Falo pegando o prato e o copo, voltando pro quarto.

Eu sou tão burra, falei que não ia mais ajudar ele ou que iria me preocupar, mas lá estava eu de novo me preocupando com o cara que nem se quer da valor a isso.

- Loirinha, posso entrar? - Falo um sim e Baiano entra. - Foi mal aí pelo Pesadelo. Ele é um filho da puta, mas lá no fundo ele é um cara bom, pode confiar.

- Eu xó quelia ajuda. - Falo triste.

- Ele não tá acostumado com isso tá ligada, então é difícil pra ele receber de boa esses bagulho. Principalmente por nem te conhecer. - Assinto.

- Voxê vai fica aqui por muito tempo? - Ele nega.

- Vou poder ficar muito tempo aqui não, tô tendo que trabalhar no lugar daquele filho da puta. E Sorriso não dá conta das coisas sozinho não. Assinto.

O radinho dele toca e ele se despede de mim e sai. Fico assistindo desenho e então resolvo ir lavar o prato e o copo que sujei.

Estou lavando a louça quando sinto uma respiração no meu pescoço.

- Foi mal aí mina, queria te fazer mal não. - Pesadelo sussurra em meu ouvido, me deixando arrepiada.

- Voxê é chato, não goxto te voxê. - Falo assim que termino de lavar e saio correndo pro quarto desesperada, pois não estava entendendo o que acontecia quando ele ficava próximo, nem parece ser eu.

Mal percebo quando meu aparelho auditivo cai, de tão nervosa que estava.

A única pessoa que sabe sobre isso é a Tata, tive que contar a ela, pois ela a via percebido.

Assim que percebo saio correndo atrás do aparelho, até que o encontro caído no chão. Pego e vejo que ele está quebrado.

Droga, agora é que eu não vou escutar nada.

Vejo Pesadelo vir em minha direção falando alguma coisa mas por conta do aparelho ter quebrado, não escuto nada.

Sem falar nada saio dali, mas antes que eu possa sair, ele me prensa na parede e encaixa seu rosto no meu pescoço, exalando meu cheiro. Vejo meu corpo se arrepiar com isso e então ele deposita um beijo ali.

Minhas pernas estão falhando e meu corpo está quente. Nunca senti isso antes, isso está me assustando, mas é tão bom.

Ela me solta bruscamente e diz algo mas não escuto, vejo ele indo pro seu quarto e assim que ele sai do meu campo de visão, vou para o quarto.

Sei lá quantas vezes esse negócio aconteceu, mas sei que em todas as vezes, meu corpo não me obedecia.

Laços ObsessivosOnde histórias criam vida. Descubra agora