Capítulo 7
Tomamos o café, não falei nada depois daquela "conversa" com o Baiano.
Pelo jeito, Pesadelo não lembra de nada. Ou seja, só um sonho. Mas foi tão real.
Quarto dia sozinha com o Pesadelo e acontece isso. O beijo não sai de minha mente, seu corpo quente, ele intensificando o beijo. Só se lembrar meu corpo fraqueja. Ele tem um efeito sobre mim que não sei explicar.
- Tô falando com tu. - Pesadelo diz e eu o encaro. - Que porra foi aquela que o Baiano te deu? - Respiro fundo.
- Não é tá xua conta. - Falo seria e ele fecha a cara.
- Beleza poh. - Faz joinha e sai da casa.
Pera, ele acabou de sair da casa? OH MEU DEUS DO CÉU, TATA ME MATA. saio correndo atrás do infeliz e encontro ele agarrando uma mulher ruiva. Vejo tudo imbassado e as lágrimas molharem meu rosto. Porque eu estou assim? Eu nem gosto dele. Entro na casa e vou pro quarto, tranco a porta e desabo na cama.
Não tenho nada com ele, eu nem gosto dele, mas porque parece que meu coração se partiu? Porque estou sentindo essa dor? São tantas perguntas que não as respostas.
Como eu queria que a minha mãe estivesse aqui. Ou a Tata, ela saberia me dizer o que eu tenho.
Lembro que tenho o número de uma amiga e vou em direção a sala, pois lá tem um telefone fixo. Disco o número e espero ela atender.
- Alô? - Uma voz masculina atende.
- Oi, a Julia está?
- Quem é? - Uma voz feminina soa no fundo da ligação.
- Sei lá. Qual teu nome? - O cara me pergunta.
- Aurora. - Falo e então a linha fica em silêncio.
- Aurora? Aí, que saudade que eu estava de você, como você está? Onde você está e o que está fazendo? - Ela me enche de perguntas.
- Oi Julia, eu tô bem, estou em uma casa de um cala, não sei o nome daqui e não estou fazendo nada. - Falo e ela ri.
- Bora marcar de ir no shopping menina, colocar os babados em dia. - Rio.
- Sim, pla voxê quando tá bom?
- Pode ser semana que vem? Essa semana vai tá meio corrido pra mim.
Ficamos conversando até umas horas, ela me contou como foi morar com a família que adotou ela. Falamos sobre tudo, no caso só ela falou e eu só fiquei escutando. Depois da ligação eu fui pro meu quarto. Não se se Pesadelo chegou ou não, se tá bem ou não. Me arrumo e me deito, mas a preocupação não me deixa dormir então me levanto e vou pra cozinha.
Me sento na cadeira e fico tamanho água.- Tô falando, Tata vai me matar. - Escuto Baiano a voz do Baiano e alguém rindo ao lado.
- Mata não poh. - Pesadelo ri.
- Ainda não acredito que tu tava na resenha lá cara. Não posso tirar o olho de você que já faz merda, parece criança. - Baiano joga Pesadelo no sofá.
- Culpa da Loira que não sabe cuidar de mim.
- Claro, tu trata a mina mo mal, queria o que? Que ela chegasse, fizesse cafuné e falasse que tu é um amor assim que tu é grosso com ela? Ninguém é saco de pancada pra aguentar tuas grosseria não parceiro.
- Eu só estou confuso caralho, depois que eu vi ela, eu não consigo ser mais o mesmo. Eu sou grosso com ela porque eu não sei lidar com essa porra. Ela é tão inocente, tão frágil, tão perfeita em comparação a mim. - Baiano ri. - Para de ri viado, é papo sério poh, ela é toda gata, só de imaginar ela na minha cama... - Pesadelo vê que eu estou parada escutando tudo.
- Acho que tu deveria falar essas coisas pra ela, mas quando estiver sóbrio, porque assim você lembra que falou e não é um filho da puta igual foi hoje. - Baiano vem em minha direção e beija a minha testa. - Tu tá bem? - Assinto. - Vou pegar um remédio e já levo ele lá pra cima, cuida dele pra mim? - Assinto e me encosto na parede encarando o Pesadelo que também me encara.
- Eu sou o cara mais filha da puta. Não sei fazer nada direito e quando se trata de tu, as coisas parecem que piora o dobro.
Não vou falar nada, até porque se eu falar ele vai fazer igual hoje. Apenas encaro ele. Ele levanta e vem em minha direção.
- Que porra é essa? - Baiano pergunta e tira Pesadelo de perto de mim. - Bora Pesadelo, tu vai tomar banho e amanhã quando tu tiver sóbrio faz o que tu ia fazer. - Baiano sai com o Pesadelo enquanto recupero meu fôlego. Nem a via notado que tinha parado de respirar.
Me deito no sofá e fico assistindo filme.
- Ele já está dormindo. - Baiano depois de um bom tempo desce e se senta no chão. - O que rolou entre vocês?
- Ele me beijo. - Falo e sinto meu rosto queimar.
- Cuidado tá Loirinha, ele é uma pessoa que não se apega e pega geral, não quero que se magoe. Imagens de hoje mais cedo vem em minha mente e começo a chorar. - Ei, não me diga que ele já te magoou.
- Não tem como, eu nem gosto dele. - Falo e ele ri.
- Tá na cara dos dois que estão gamado um no outro, para de enganar a si mesmo cara, isso não vai ser bom, porque quando tu notar isso pode ser tarde demais.
- Eu não gosto dele. - Fecho a cara.
- E eu virei o Cristiano Ronaldo. Quando os dois estiverem juntos vou esfregar na cara de vocês essas frases que cês falam. - Ele me puxa pra um abraço. - Se ele te magoar eu meto porrada nele. Amanhã já vou dar uma.
- Amo voxê. - Solto sem querer e ele me encara sorrindo.
- Também amo tu Loirinha, agora vai dormir porque amanhã tem mais. - Ele beija a minha testa e me despeço dele. - Deixa que eu fecho tudo. - Assinto e vou pro quarto. Me arrumo e vou dormir.
Baiano se tornou um irmão pra mim e eu amo aquele doido.
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Laços Obsessivos
RomanceAurora, uma garota que sofre de infantilismo e deficiência auditiva, por conta disso a mesma sofreu bullying no orfanato onde morava. Ao completar 18 anos, ela se vê obrigada a sair do orfanato mesmo sem ter para onde ir. Enquanto vagava pelas ruas...