Pânico

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Capítulo 1

Assim que sai do orfanato, ou melhor dizer, do inferno. Comecei a andar pelas ruas, sem rumo algum.

A maioria das vezes que eu passava pelas pessoas elas me olhavam estranho, como se eu fosse um extraterrestre.

Não ligo, mas me incomoda muito os olhares.

Estou andando por um beco quando sinto uma presença de alguém, ignoro e continuo a andar.

- Ei querida, não quer me fazer feliz? - Um cara diz atrás de mim mas ignoro e caminho mais rápido. - Ei lindinha, não adianta fugir. - Ele me alcança e me prensa na parede. Assim que ele vê eu segurando o meu Stitch e com uma chupetas na boca ele ri. - Não se preocupe "criança" lhe farei mulher e acabarei com essa sua frescura rapidinho.

- Me solta, me larga seu nojento. - Tento me afastar mas por ele ser forte é inútil.

- Calma querida. - Ele coloca a mão no meu pescoço, apertando com uma certa brutalidade.

- Ela falou pra você soltar ela. - Um cara diz e então o homem se vira em direção a voz.

- E quem é você pra se meter hein? - Não escuto, apenas corro, sem olhar pra trás.

Quem será que me ajudou? E se ele só quisesse fazer a mesma coisa que o nojento? Será que eu sou tão feia, só por eu ter essas deficiências?

Estou perdida em meus pensamentos que nem percebo que parei em frente a um lugar onde tem uns homens armados, me encarando. Um deles se aproxima de mim, meu coração começa a disparar de medo e me bate uma vontade de chorar. Sem perceber já estou chorando e gritando de medo, fazendo assim os homens me encarar sem reação nenhuma.

Desesperados um aponta a arma pra mim. Piorando mais ainda a situação do meu pânico.

- Que porra foi essa? - Um cara pergunta para o cara que havia se aproximado de mim.

- Não sei, essa noiada aí que surtou do nada... - Ele vê que estou com chupetas na boca. - Hahahaha que merda é essa? Uma mina usando chupetas nessa idade? - Ele e o outro cara riem de mim, fazendo eu chorar mais ainda.

Um deles param de rir e fala alguma em algo que eu deduzo ser um radinho.

- Chefia, tem uma noiada aqui, o que eu faço?

- TU ME CHAMA UMA HORA DESSAS PRA FALAR DE NOIADO BAIANO???

- Foi mal aí chefia, é que essa noiada é meio diferente. - O cara do outro lado para de falar.

- TOMA NO CU BAIANO. Tô brotando aí. Se fude. - O tal do Baiano ri e fica me encarando.

- Se alguém tocar um dedo nela antes do Pesadelo morre. - Ele diz e todos assentem.

Um tempo depois, aparece um homem alto, moreno e de olhos castanhos.

Ele era muito bonito, acho que o primeiro cara que eu vi que me chamou atenção. No orfanato não tinha lá meninos bonitos, os que tinham eram logo adotados. Ao mesmo tempo em que esse homem se aproximava eu sentia seu ar de superior me causando frio nas espinhas.

Eu estava com medo, apavorada. E ele me causava mais medo ainda.

- Vaza. - Ele simplesmente disse isso. Continuei parada ali até ele me encarar com ódio, mas logo mudou pra um olhar com um certo brilho, assim que nossos olhos se encontraram.

Ele me puxa pelo braço e eu começo a me debater, pra que ele me solte mas é inútil.

- Me solta, me larga. Me deixa em paz. - Falo mas ele apenas ignora. Me joga dentro de um carro e antes que eu possa fugir, tranca o mesmo.

Começo a bater na janela desesperadamente.

- Se tu não parar eu meto bala na tua cara. - Diz curto e grosso. Fico com medo e paro.

Ele para em uma casa grande, desce e me coloca em seu ombro, me carregando como se fosse saco de batata.

Mal tenho tempo de ver como é a casa quando ele me joga em algo macio.

- Vai ficar aqui até me dizer quem é tu. - Sai e tranca a porta do quarto. - Se pensar em fugir já sabe.

Fico um bom tempo, tentando raciocinar o que acabou de acontecer.
Pego um grampo e destranco a porta pra tentar fugir desse lugar, assim que chego na porta sou parada por um cara, acho que é o mesmo cara de mais cedo.

- Loirinha, melhor tu voltar pro quarto, o chefe não vai gostar de saber que tu tá fugindo. - Ele diz e me leva de volta pro quarto.

Já sei, fugirei hoje a noite.

Me deito na cama e fico imaginando como será que era o cara que a via me salvado hoje mais cedo e porque aquele cara não me deixava em paz.

Será que ele ia me matar? O que seria de mim se aquele cara não tivesse me salvado?

- Te trouxe comida. - O moreno alto diz e deixa uma bandeja no criado mudo, logo saindo. Me levanto e vou ver o que ele me trouxe.

Na bandeja tem suco de uva e um sanduíche.

Não sabia que estava com fome até encarar a bandeja, esqueci que havia comido apenas mais cedo, antes de sair do orfanato. Logo devoro o sanduíche. Vejo que ele deixou um bilhete. Mas porque ele deixou um bilhete se simplesmente poderia ter falado.

Tem toalha no armário do banheiro e roupa limpa no guarda roupa

Vou ver se tem mesmo e me surpreendo quando vejo que realmente tem, pego tudo e vou tomar um banho, nada como um banho quente pra relaxar. Coloco as roupas e volto a deitar, abraço meu Stitch e pego no sono.

Vejo o homem se aproximar e me prender na parede, um pânico me consome e então ele está com uma arma mirada na cabeça de uma mulher que eu acho ser minha mãe.

Por favor não mata ela. - Falo mas é inútil, estou desesperada pois não minha voz não sai e não quero que ela morra.

Então ele atira e o sangue respinga um pouco em mim. Apenas choro.

- NÃO, PORQUE?

- Acorda. - Uma voz grossa diz.

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