Capítulo 11

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Anne acordou sem fôlego, o suor cobrindo seu rosto e encharcando sua camisa. Ela estava respirando pesadamente, mal conseguindo recuperar o fôlego. 

Ela não consegue se lembrar por que acordou, apenas que sente vontade de chorar, ou gritar, ou ambos.

Ela precisava de um pouco de água. Talvez isso ajude a acalmar seus nervos.

Ela se levantou e caminhou até sua minigeladeira, pegando uma garrafa de água e abrindo-a com um estalo rápido.

Ela bebeu, deixando a água fria descer por sua garganta, até que não houvesse mais nada. 

— Você está bem? — Diana perguntou, um pouco grogue por ter sido acordada.

Anne não estava exatamente quieta dessa vez.

— Não. — Ela admitiu, com o lábio inferior tremendo.

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Anne esbarrou em alguém enquanto caminhava na lateral da rua. Estava chovendo muito, e ela estava com o guarda-chuva, que mal a cobria o suficiente para não se molhar. 

Estranhamente, ela não se importou em se molhar com a chuva. Ainda estava quente, e o som era reconfortante e calmante para sua mente cansada e caótica.

— Desculpe. — Disse uma voz, desculpando-se por esbarrar em Anne quando se cruzaram na rua.

— Não tem problema. — Anne respondeu com indiferença, sem se preocupar em olhar para o estranho enquanto continuava caminhando para casa. 

Ela estava além de exausta e só queria se enrolar em sua cama e talvez deixar Diana escovar os dedos pelo cabelo e cantarolar a última música pop que ela gosta atualmente.

Mas então, a voz de repente pareceu familiar para ela, fazendo-a parar e olhar por cima do ombro. Ela girou na direção em que o outro entrou, seu guarda-chuva pingando chuva por toda parte.

O garoto entrou no ônibus, chegando a tempo. Anne olhou para seu perfil lateral, repentinamente fascinada por ele, como se o tivesse visto antes. 

O ônibus começou a se afastar e Anne o perdeu de vista. Ela suspirou, voltando-se e caminhando novamente em direção ao seu dormitório. Ela ergueu a mão para ajudar a ajustar as alças da mochila com mais força.

E então ela percebeu.

Um cordão vermelho amarrado lindamente em torno de seu dedo mindinho.

Seu corpo ficou frio e seu peito começou a se contrair, quase como se ela estivesse prestes a hiperventilar. 

Imediatamente ela voltou na direção em que o ônibus partiu. Sua corda puxou e emaranhou, seguindo o caminho que o menino tomou. 

Porém, mais uma vez, desta vez era tarde demais. Mais uma vez, ela não poderia estar com Gilbert.

Ela ficou paralisada de choque e medo quando ouviu o eco distante dos freios de um grande veículo gritando e depois batendo.

Os olhos de Anne começaram a arder e lacrimejar, sua visão ficando embaçada pelas lágrimas que ela estava prestes a derramar. 

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— Não! — Anne gritou, sentando-se na cama e segurando o peito. 

Diana acordou assustada, rolando e balançando as pernas para o lado da cama. 

— Anne? — Ela gritou na escuridão. 

Anne a ignorou, segurando sua cabeça com as mãos. 

— Sinto muito. — Ela se desculpou em um sussurro áspero. — Eu sinto muito por estar assim. — Ela continuou, mesmo depois que Diana tentou falar gentilmente com ela e dizer que estava tudo bem. Que não foi culpa dela. 

Ela continuamente sentia como se seu mundo estivesse entrando em colapso, estilhaçando, até mesmo quebrando. Ela não pode descrever de outra maneira. 

Diana segurou sua mão, esfregando círculos suaves nas costas dela. Anne deixou, apenas olhando para seu dedo mindinho em transe. Em vez de lutar contra a dor, em vez de lutar contra o medo que normalmente sente, ela decidiu pela primeira vez abraçá-lo. Para agarrar-se aos pequenos sussurros de pensamentos que mal restam de seus sonhos cada vez que ela acorda.  

"Quantas vezes você planeja salvá-lo?"

As palavras soaram de algum lugar dentro dela. Ela se agarrou a essas palavras e não as largou. Ela estava cansada de fingir que tudo estava bem, quando ela claramente sabia que não estava. 

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Era feriado e Anne finalmente estava voltando para casa, para Avonlea. Na verdade, ela poderia ter ficado no campus como Diana e Ruby, mas ela percebeu que precisava mudar de cenário para ajudar a limpar sua mente. Ela estava quebrando a cabeça e deixando-se louca tentando se lembrar sobre o que eram seus pesadelos. 

Quanto mais ela tentava, mais sua cabeça doía. Mas parecia estar funcionando. Ela só tem pensamentos fugazes de vez em quando que não fazem sentido algum. 

Olhando para o trem do metrô que ela estava viajando, algo chamou sua atenção. 

Lá, em frente a onde ela estava, do outro lado do trem, estava um estranho muito bonito. Anne tentou olhar mais de perto sem ser assustadora, mas ela não acha que foi totalmente bem-sucedida. O perfil lateral do menino era impressionante, e ela talvez pudesse ter desenvolvido uma pequena queda pelo homem bonito. 

Infelizmente, sua parada foi a primeira. Ela precisava trocar de trem nesta estação, então se aproximou das portas do metrô e esperou que ele parasse e abrisse. 

Anne ficou triste e relutantemente saiu do trem, uma carranca em seu rosto por ter deixado o menino bonito tão cedo. No entanto, antes de o trem pudesse ir novamente, ela olhou por cima do ombro uma última vez e quase pôde jurar que viu o menino também olhando para ela pela janela. 

"Vamos ficar juntos para sempre, não ficaremos separados nem por um segundo."

Cerca de vinte minutos depois, enquanto ela estava embarcado em seu segundo trem, Anne e o resto dos passageiros receberam o anúncio. Eles teriam um grande atraso devido ao acidente do outro trem. No momento, não parecia que haveria muitos sobreviventes. 

Os olhos de Anne se arregalaram, o choque tomando conta de seu corpo inteiro. Ela não sabe por que estava tão assustada, ela não viu o acidente do trem do metrô. Ela não teve o azar de ver esse tipo de tragédia acontecer. Ela nem conhecia ninguém naquele trem.

Então, por que ela sente como se seu coração tivesse sido arrancado do peito? Por que suas mãos estão tremendo incontrolavelmente?

Por que ela está chorando tanto, como se tivesse acabado de perder alguém tão importante para ela? 

Ela tentou firmar as mãos e impedir o pânico de borbulhar à superfície, e foi quando ela tristemente viu o fio vermelho do destino em torno de seu dedo mínimo. 

Ela chorou ao perceber que a linha começava a se desgastar no meio

"O ciclo nunca terminará enquanto ele estiver conectado a você."

In our next life.Onde histórias criam vida. Descubra agora