Terra de sangue e fúria

Emilia

Acampamos a noite e o lobo parecia ter gostado do meu colo, do nada ele se deitou enquanto eu comia , fiquei em choque mas não assustada , ele era fofo demais para pensar ser um assassino que ele era, passei a mão pela sua pelugem branca como a neve , ele fechou os olhos e dormiu, não consegui tira-lo de cima de mim por pena .

O homem ficou olhando a floresta , cada vez mais não consegui ter tanto medo, sim ele era um tanto arrogante e sem o menor senso de noção, mas ele não me tocou indevidamente , ele era gentil e não pediu nada em troca,  tudo que ele falou foi que além dessa cidade , na outra ele me deixaria passando a fronteira de Campsbel. Estava animada pelo fato de ser em Campsbel !

Lembrava que minha avó havia dito que o lugar era povoado pela maioria duendes com magia , eles criaram o lugar para o povo que segundo eles  merecia um lugar na qual se sentissem seguros . O lugar era coberto de magia, não entrava quem tinha ficha suja, ou seja um inimigo da coroa, os duendes sumiram com o passar dos anos alegando o trabalho ter sido feito e que o povo estaria por conta própria. Isso faz mais de dois mil anos.

Então me lembrei que estava sozinha. Como iria me instalar lá? Bem eu daria um jeito, consegui dar um jeito até agora, não seria diferente em Campsbell. Bem...esperava por isso.

- Qual o seu nome?

O homem me olhou como se eu fosse louca e voltou o olhar para a floresta.

- Pra que quer saber?

Não podia nem ser educada que ele vinha com cinco pedras na mão.

- Só estava querendo saber , estamos há mais de dois dias juntos no meio da floresta. Não seria legal se ao menos soubéssemos nossos nomes?

Ele bufou , desisti e arrastei sua bolsa com comida para perto, ele poderia brigar por comer demais durante o dia, mas fingiria estar quase desmaiando alegando fome. Ele merecia.

- Sam .

O ouvi falar.
O encarei e sorri.

- O nome verdadeiro?

Ele negou.

- Não, mas é um nome na qual você pode me chamar.

Peguei um pedaço de biscoito açucarado e o mordi.

- Ok então, meu nome é Emília.

Ele me encarou.

- Nome verdadeiro?

Sorri.

- Não.

Menti .

Ele não sorriu mas se virou para a floresta , ele pareceu menos assassino .
Dormi como uma pedra com o lobo em cima de mim, fui acordada por Sam, o sono não deveria ter durado tanto.

- Acorde logo.

Me sentei rapidamente.

- Outros?

Ele revirou os olhos .

- Não , mas já é tarde então se levanta tem uma estalagem mais a frente.

Me levantei com o lobo me cheirando e correu para frente nos guiando.

- Qual o nome dele?

Sam franziu o cenho.

- O lobo.

Esclareci e ele me fez subir no cavalo que parecia bem disposto do que no dia de ontem.

- Lobo.

O observei subir no cavalo.

- Ele não tem nome?
- Onde já se viu dar nome em um animal? Eles não entendem.
- Entendem sim senhor!

O cavalo começou a andar, fiquei incrédula vendo o lobo farejar o caminho todo sendo fiel ao seu dono ignorante e grosso.

- Primeiro que o lobo é meu, e segundo já falou demais pra alguém que acabou de acordar.

Ele me deu uma garrafa de água e biscoitos em um pote. Comecei a comer.

- Só acho que ele merece um nome! Imagina se você se perder dele e ter de chama-lo? Como vai fazê-lo?
- Lobo.

Revirei os olhos.

- Ele merece um nome.
- Por favor só...come.

Disse impaciente.

Me calei , mas pensava em um nome para o lobo leal,  pensei em vários que correspondiam sua personalidade. Na minha cabeça eu já tinha um nome , mas sabia que se o chamasse assim o homem com certeza me jogaria no lago mais próximo.