Um segredo

78 17 95
                                    

- Chegamos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Chegamos .

Disse Sam, ao olhar de longe vi uma pequena casa de dois andares , era bem rústica, bem parecido com um chalé. Vi fumaça saindo pela chaminé.

Suspirei.
O local devia ser quente , esperava que sim pois o frio me consumia , nem meu manto conseguia evitar tremer de frio.

falei que odeio o frio?

Vi que tinha uma mulher varrendo a entrada da casa , ao nos ver ela ficou ereta e seus olhos aumentaram de tamanho , ela parecia ser de meia idade , usava um vestido simples verde , tinha cabelos castanhos mas havia alguns fios prateados. Ela largou a vassoura na parede da entrada e entrou apressada.

Franzi o cenho, aquilo era estranho.
Logo a mulher saiu da casa com uma outra mulher que era mais velha , possivelmente sua mãe , ambas eram bem parecidas , a mais velha estava com o cabelo preso em um coque apertado e trajava um vestido marrom com um avental branco .

Nós paramos e elas se aproximaram , o lobo rosnou e elas se afastaram rapidamente .

Sam desceu do cavalo e me ajudou a descer , ele tirou sua bolsa do cavalo e a mulher mais nova sorriu levando o cavalo para os fundos da casa que imaginava ter um estábulo. O lobo ficou bem ao meu lado parecendo me proteger, acariciei sua cabeça peluda.

A mulher gesticulou para a estalagem.

- Por favor entrem .

Disse a mulher com a voz rouca pela idade. Ao olhar ao redor fiquei um tanto curiosa , a estalagem era bem no meio da floresta , admito que na beira da estrada seria um tanto perigoso para pessoas como Sam.

Havia uma pequena horta de legumes e galinhas presas há poucos metros dali.
Era uma área bem grande...

Entramos na casa , era bem aconchegante e logo senti o calor da lareira, tirei o manto colocando-o no antebraço.

Era tão bonita , na verdade parecia bem familiar, havia quadros de pintura nas paredes e em frente a lareira tinha um sofá pequeno marrom com almofadas coloridas de crochê e duas cadeiras de palha pintadas de vermelho, havia uma mesinha de centro de madeira, vi o lobo pegar um biscoito que tinha em um prato em cima da mesinha e ficar ao meu lado em uma velocidade impressionante.

Sam, claro não viu.

A idosa nos levou até o andar de cima e mostrou dois quartos , um era o meu e de frente era o de Sam. Ótimo! Privacidade.

- Tem que ser um quarto único.

Me virei para Sam.

- Oi? Como assim quarto único?

A mulher abriu a porta que seria o meu quarto, somente meu!

- A cama dessa é melhor e maior.
- Para apenas uma pessoa!

Disse irritada, mas Sam entrou sem nem me ouvir. A mulher furtivamente saiu em direção às escadas.

Fechei a porta com força.

- O que é isso?

Ele já estava sentado na cama tirando as botas. Ele falou sem me olhar.

- Se não notou estamos no meio da floresta com duas mulheres , você acha que assassinos não irão entrar facilmente para mata-la ou algo pior do que a morte?

Vi o lobo se deitar no tapete felpudo vermelho escuro , ele parecia exausto. Percebi que a cama era realmente grande , as colchas eram brancas assim como os dois travesseiros , mas ainda assim era um espaço muito pequeno para nós dois. Ele era enorme!

- As chances são mínimas de nos encontrarem aqui. Aliás porquê estariam atrás de nós? O que você faz da vida para viver fugindo?

Ele me encarou.

- Não te interessa e eu quero que você fique aqui, se você colocar o pé pra fora sem mim eu não vou ser responsável por você.

Com isso ele tirou sua camisa , arquejei com o que vi, sua pele pálida tinha várias cicatrizes , não eram profundas mas ainda assim...pareciam feitas por chicotes.

Não sabia o que pensar enquanto ele se deitava de peito para cima e fechava os olhos , seu peito assim como as costas haviam cicatrizes , linhas brancas cortavam sua pele , eram antigas e ele parecia tão jovem...

Me sentei na beira da cama e me deitei , puxei o cobertor até o queixo e fechei os olhos. Ouvi o vento da floresta soar até meus ouvidos , o local era tão silencioso, não era como a cidade em que cresci onde em qualquer lugar que se passava, havia barulho, era um lugar onde as pessoas podiam dormir tranquilas, viver sem ter medo até.

Seria esse o motivo para o homem ao meu lado vir até aqui? No meio de tanta confusão e tristeza ter um pouco de paz?

Terra de sangue e fúria Onde histórias criam vida. Descubra agora