O adeus

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Mal acordamos e eu parecia que ainda dormia , nem consegui levantar do chão, quem diria que o chão era melhor que a minha cama no outro mundo

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Mal acordamos e eu parecia que ainda dormia , nem consegui levantar do chão, quem diria que o chão era melhor que a minha cama no outro mundo .

Sam me encarou de cenho franzido.

- Tô tão ruim assim?

Ele se virou fora do meu campo de visão, com certeza estava ruim .

- Se levanta estamos á três horas da cidade.

Me levantei animada, veria a terra encantada ! Tá bom que não era como nos contos de fadas, mas era parecido o que fazia de mim uma mini aventureira.

O pensamento me fez sorrir.

- Você é uma figura estranha.

Comentou ele.

Percebi que Sam me encarava enquanto eu tirava as cobertas do chão, acabei sorrindo largamente .

- É felicidade ora.

Ele ergueu a sobrancelha .

- É tão ruim assim estar ao meu lado nos últimos dias?

Coloquei as cobertas na bolsa e entreguei a ele.

- Na verdade não, tô me sentindo uma mini fora da lei.

Ele prensou os lábios, ele estava tentando não rir .

- Eu diria que sozinha você não iria conseguir passar uma noite na floresta .

Assenti.
Ele estava terrivelmente certo.

- Com certeza, teria gritado no momento em que visse uma sombra. Nunca mais faço isso.

Ele sorriu e me fez subir o cavalo, Snow olhava para mim , tirei o pote de biscoitos do alforge da sela do cavalo e lancei para Snow , ele comeu enquanto andava. Sam me tomou o pote que estava dentro do alforge.

- Ei!
- Meu lobo vai acabar mimado por sua causa, não dê biscoitos.
- Mas ele gostou.

Protestei e ele respirou fundo.

- Ele vai se tornar um lobo gordo e mimado.

Murmurou ele me dando de novo o pote , comi um e dava outro para Snow que comia felizmente ao caminhar.

Me encantei pela caminhada , a terra avermelhada aos nossos pés, as árvores soltando suas folhas secas , o céu alaranjado, havia até pássaros cantando! Me senti a própria branca de neve .

Até que eu vi de longe...
Era uma cidade , era pequena mas era uma cidade! Havia pessoas andando como casais , filhos e famílias, havia uma praça longe com uma fonte de água, era um lugar bem animado com música e havia flores nas varandas de todas as propriedades. Definitivamente aquele parecia meu lugar.

O cavalo parou em uma distância segura da cidade. Ficamos entre a floresta e uma descida da colina.

Sam desceu e me ajudou a descer , era a despedida e apesar de tudo...era difícil dizer adeus para ele. Mas sorri , Snow pulou em cima de mim, ele era praticamente do meu tamanho então lambeu meu rosto. Sam não gostou nada daquilo, acariciei seu pelo e ele se afastou ficando atrás do cavalo.

Me senti um tanto constrangida com a forma que Sam me olhava .

- Segue aquela trilha a esquerda.

Disse apontando para um caminho onde era aberto , onde eu poderia ser vista indo para lá.

- Ok , obrigada mesmo sabe... Por tudo. Sem você provavelmente não teria chegado aqui.
- Com certeza .

Ele concordou tão rápido que fiquei com raiva , mas deixei passar.

Sem mais nem menos senti suas mãos em minha cintura me empurrando contra uma árvore, ele me ergueu e ficamos olhando um para o outro , mas então algo incrível aconteceu . Ele me beijou e foi...uau!

Ele não se importou em ser gentil , ele me beijava como se...na verdade era a última vez.

Senti suas mãos na minha perna por debaixo do vestido , entrelacei as pernas em seu corpo e levei as mãos ao seu cabelo macio . Senti cheiro de Pinho e terra , mas não era nada ruim .

Ele afastou seus lábios dos meus com um último beijo e dessa vez foi gentil e inocente. Ele me colocou no chão de pé, suas mãos subiam até que ele me soltou quando as mãos roçaram levemente meu quadril.

- Tenha uma boa vida Emília.

Sorri .

- Peço o mesmo para você.

Ele me entregou a bolsa onde estavam os vestidos que ele comprou.

Subindo no cavalo ele se foi com Snow ao seu lado , segui o caminho contrário com um sorriso no rosto.

...

A caminhada foi tranquila , ao chegar na cidade ouvi música sendo tocada por três homens que estavam sentados na fonte tocando , havia dois casais dançando, até que ao me sentar em uma cadeira de madeira para ver a apresentação senti algo , eu estava de cinto. Eu não usava cinto, mas ao olhar para minha cintura vi uma bolsa pequena de couro, ao pegar vi que estava pesada.

- Oh!

Eram moedas , moedas de ouro .

Sorri.
Ele me beijou para que colocasse a bolsa em mim sabendo que não aceitaria se ele oferecesse.

Me levantei e olhei ao redor , até que vi um restaurante , havia uma placa que precisavam de uma cozinheira , bem eu era boa na cozinha. Era hora de começar uma vida nova e dessa vez eu não estava com medo ou triste por estar sozinha , eu estava feliz .

Minha avó tinha razão.
O outro mundo não era o meu lugar.

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