Emília

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Ao entrar no seu apartamento perdi a cor do meu rosto com certeza .

- Eu sei tá meio bagunçado.

Disse ela com os ombros baixos. Neguei apesar de querer passar a noite querendo fazer faxina nesse apartamento.

- Ah que isso, afinal até o meu às vezes é desse jeito.

Nunca foi, tenho mania de limpeza,  uma mania que virou toc.

Comecei sutilmente tirando a louça de cima da mesa de refeição que era da noite anterior e coloquei na pia.

- Bem que tal mudarmos algumas coisas aqui?

Ela assentiu.
Limpamos a cama ( trocando as colchas e lençóis) , o banheiro parecia nunca ter sido usado , a parte mais difícil para ela foi seu guarda roupa .

- Não é nada meu , não quero nada.

Tirei tudo de boa vontade e coloquei em um cesto para doar amanhã .

Quando acabamos ela olhou em volta de cenho franzido .

- Precisava disso mesmo. Obrigada .

Peguei o cesto e apontei para meu apartamento.

- Não acabamos,  agora vamos jantar , suponho que esteja com fome.

Ela assentiu e dessa vez parecia que poderia enfrentar o mundo .

Acabamos dormindo em casa , dizendo ela não conseguia dormir lá hoje, então ela dormiu na minha cama

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Acabamos dormindo em casa , dizendo ela não conseguia dormir lá hoje, então ela dormiu na minha cama .

Ao acordar entreguei  seus vestidos para um orfanato que lá perto fazia doações de roupas para outras regiões de Campsbell . A dona do apartamento provavelmente já sabendo de tudo que aconteceu me olhou em reprovação quando voltei,  não liguei afinal todos merecem uma segunda chance .

Ao voltar encontrei Celeste servindo o café,  ela ainda usava a camisola que dei a ela . Sorri para ela , seu olho ainda estava roxo,  mas não parecia tão inchado quanto ontem.

- Bom dia celeste .
- Bom dia Emília, coloquei nosso café.

Fui até o armário e tirei um vestido branco e o coloquei na cama .

-Depois do café tome um banho e vamos sair, preciso fazer compras.

Ela sorriu e bateu as mãos.

-Otimo !

Sorri com sua empolgação,  ela realmente merecia ser feliz.

Estávamos na rua com vários vestidos meus e dela , óleos corporais e para cabelo que descobri há cerca de dois meses , consegui meio que domar meu cabelo com hidratação de abacate amassado e esses óleos.

Não era a mesma coisa que o creme de pentear,  mas era o que eu tinha aqui e sinceramente achava até que meu cabelo tinha ficado melhor.

- Olha! Está nos seguindo!

Exclamou Celeste.

Olhei para o lado e vi um gato, ele era peludo e laranja de olhos amarelos . Ele miou.

- Olha só que fofo ou é fofa?

Celeste o pegou no ar e verificou.

- É fofa.

A peguei e ela se acomodou em meus braços,  fiz carinho em sua barriga e ela pegou minha mão para morder.

- E bem agressiva.

Disse com uma risada, a coloquei na cesta vazia que sobrou.

- Vou levá-la,  ela não parece ter dono, está bem suja.

Celeste assentiu.

-E ela parece ter um machucado no pescoço.

Ao ver reparei que estava certa . Uma mordida talvez?

- É verdade , vamos eu tenho  remédio.

...

Ao sairmos do banheiro do meu apartamento estávamos ensopadas,  além de fofa a gata não gostava muito de água,  ela saiu do banheiro e ficou em um canto se lambendo .

- Espero que ela se comporte mais pra frente.

Dei uma risada.

- Ela me escolheu, ela é a dona da casa agora.

Ela riu e pegou uma toalha ,olhei para o relógio e percebi que o horário para ir ao restaurante se aproximava.

- Vou ter que ir ao restaurante mas vou deixar a cópia da chave caso precise.

Ela sorriu .

- Claro , vou aproveitar para levar os lindos vestidos para meu armário  e fazer um bolo que você vai adorar.

Sorrindo peguei um vestido rosa pálido com mangas curtas e justa na cintura, tomei um banho com direito a óleo de rosas para tirar o cheiro de lama que a gata espalhou durante o banho.

Ao chegar no trabalho Lúcia me fitou, seu rosto estava pálido e ela tamborilava os dedos no balcão,  ela estava nervosa e Evangelina estava ao seu lado . Fiquei preocupada.

- O que aconteceu ? Vocês estão bem?

Lúcia fez Evangeline entrar, entrei em seguida. Ao fechar as cortinas Lúcia me encarou.

- Tem alguém te procurando , te esperou a manhã toda e não quis dizer seu nome .

Imediatamente pensei em Sam,  mas era impossível,  ele não se arriscaria assim, ou talvez...

- Como ele é?

Ela negou com a cabeça.

- Não é só um,  são dois , são parecidos e parecem irmãos.

Mas o que...

- Eles ainda estão aqui?

Ela assentiu.

- Não quiseram sair desde o raiar do sol.  Estão esperando faz horas .

Imediatamente fui até o balcão e meu olhar percorreu as mesas que estavam cheias,  até que vi dois homens em um canto da parede direita perto da saída , ambos estavam de casaco e usavam cartolas,  logo eu soube que não era Sam, o físico deles não batia , muito menos a pele de suas mãos, ambos eram de pele mediana neutra . E os rostos eram cobertos pela aba das cartolas.

- São eles.

Murmurou Evangelina atrás de mim.

- Eu vou lá, mas qualquer coisa chamem os guardas da vila.

Sem olhar para elas peguei o pequeno caderno de anotações e fui até eles na maior inocência.  Precisava ver seus rostos.

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