Uma esperança nascida das cinzas

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Ansel•

O caminho era calmo , já fazia três dias e finalmente paramos já que Emília quase caiu do cavalo por dormir. Não pude evitar de perceber o quão ela parecia fraca para um destino assim.
Não sabia o que ela deveria fazer, mas ela parecia saber, o quão ela estava determinada a caminhar à um rumo desconhecido era impressionante.

Duas vezes nos últimos três dias ela conseguiu dormir o equivalente há quatro horas, todos nós estávamos cansados e exaustos. Passamos direto pela estalagem e fomos para outra que ficava há poucas horas.

Kai não era acostumado com isso e dormia em cima do cavalo como se fosse o local apropriado, Dante era diferente do irmão, não pude deixar de perceber o quão ele parecia preocupado, olhando em volta pela floresta mesmo com um lobo com a  visão e audição aguçada para a cavalgada. Ele parecia assustado, não o julgo, basicamente vivíamos sob perigo constante.

Ruby com Lucca eram dois pombinhos apaixonados , queria poder sentir nojo mas estava feliz por eles, Ruby merecia a felicidade após tudo o que ela passou, se tornando espiã por dois anos em Helberth sem nunca ver o irmão que na época estava mais perambulando pelos reinos ao invés de ficar em sua própria terra.

Estava nervosa e me impressionava com o quão eu estava próxima do meu destino e estava feliz por isso, consegui tudo o que eu queria. Ser livre, ter reconhecimento e ser temida, mas agora...parecia que tudo era tão vago.

Como se cada passo que eu desse não fosse realmente o que eu deveria ter feito. Mas o exército era essencial, eu queria ser lembrada como uma mulher que nunca se curvou a ninguém, que teve amores, amizades na qual morreria por eles e eles por mim...eu tive tudo em tão pouco tempo e agora temia que tudo acabasse tão rápido quanto começou.

Nunca tive amigos ou uma família com o que contar, já conhecia kai e Ruby, mas eu não carregava certo afeto,  até Emília chegar em minha vida como uma bola de neve fazendo-me quebrar minha regra. Nunca ter fraquezas, eu não devia ter...mas eu agora tinha e faria o que fosse possível para para protege-los. E eu sabia que Emília tinha o mesmo objetivo pela forma como nos via com certo cuidado , peguei um pouco de suas atitudes e por incrível que pareça...eu gostava disso. Emília me ensinou que ser fraco não era ter amigos ou depender deles.
E sim ser sozinho, sem o que amar. Assim como Rael.

...

De longe avistei a estalagem , era uma pequena fazenda com um prédio de três andares, vi que as luminárias estavam acesas e uma chaminé exalando fumaça. Olhei para trás e acenei para os outros que estavam logo atrás , vi Emília já dormindo sentada e a gata bem no seu colo coberta por um manto, ela não saiu de perto de Emília desde que saímos do navio.
Queria não acreditar que fosse um mal sinal...

Fui na frente conversar com um homem barrigudo ,calvo mas com uma barba grande preta . Ao me olhar lavando um copo ele falou.

- Só você boneca?
- Não são oito e seja breve.

Ele me encarou prestes a falar algo que se arrependeria mas tirei o capuz que cobria parte do meu rosto. Ele largou o copo e começou a separar chaves e chamou duas mulheres de meia idade para nos ajudar.

Gostava quando as pessoas me viam e tinham medo. Era a primeira coisa que eu veria no rosto das pessoas ao me olharem, saberem que eu sou importante e temida.

Quando eles chegaram já estava tomando um chá quente. Apesar do dia ser agradável a noite era fria em Gondrov, a mudança de clima entre os reinos era questionável.

Emília bocejou ao ficar ao meu lado, ofereci meu chá e me servi de outro no balcão.

- Melhor ir dormir logo, você está com cara de quem enfrentou um exército.

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