Emília

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As paredes eram pretas , o piso havia um porcelanato liso escuro,  na parede a minha frente haviam várias armas de todos os tipos.  Bestas, arco e flecha, espadas, punhais e adagas .

Havia uma mesa grande com lâminas, pergaminhos amarelados enrolados com fitas vermelhas. Vi um mapa aberto.

Ao me aproximar vi que era o mapa de todos os reinos. Pra quê isso?

- Qual o motivo do mapa?

Rael que falou.

- Existem novatos que nunca saíram de Helberth.

Ao olhar para uma mesa vi um livro , a capa era vermelho carmin de couro.

- É a história de Helberth.

Disse Dante tranquilamente, Rael desviou o olhar para uma adaga presa a parede .

- A origem?
- É,  ninguém sabe a história real , mas essa é a mais próxima da realidade.

O livro devia ter umas seiscentas páginas.  Olhei para Dante.

- Vai ter que me contar tudo.

Ele riu e apontou para Rael.

- Ele é que é louco por história.

Rael olhou de Dante para mim, sorri para ele como uma forma de convence-lo.

Ele revirou os olhos.

- Às vezes esqueço que você não é desse mundo.
- Então vai me falar?
- Tenho escolha?

Curiosa olhava para Rael, sua linguagem corporal era muito diferente de Dante que era mais novo, sua fala também parecia antiga. Sabia que muitas pessoas com magia tendem a ter uma idade retardada. Ninguém sabia muito sobre a família real de Helberth, não era como Alec que esbanjava muito de si em seu reino.

- Quantos anos você tem, Rael?

Rael ergueu a sobrancelha escura pegando uma outra adaga de cabo preto. Era fina e brilhava como nova.

- Sinceramente não sei, parei de contar quando cheguei aos cinquenta e quatro.

Fiquei boquiaberta e olhei para Dante que deu de ombros.

- E você?

Dante sorriu ao falar.

- Setenta e três.

Olhei de um para o outro ainda chocada.

- Não entendo. Li um pouco sobre os serem mágicos daqui, mas a maioria deles tem idades normais e morrem antes dos cem.

Foi Rael que respondeu se aproximando de mim com a adaga na mão a girando entre os dedos.

Ele queria me assustar?

- Só os que não assumem sua parte mágica. Eu assumi aos dezoito, mas parei de envelhecer quando cheguei aos trinta e cinco, Dante foi aos vinte e quatro.

Mesmo sabendo da ameaça que Rael carregava entre os dedos...perguntei.

- Seu irmão mais novo não assumiu?

Dante se afastou e desviou o olhar para olhar o mapa, ou fingindo ler o mapa.
Rael deu um suspiro pesado e respondeu tirando um cacho solto perto dos meus olhos com a adaga.

Não senti medo, apenas um arrepio e uma sensação de vento gelado em minhas costas.

-  Não, ele não queria, queria apenas viver como uma pessoa normal. Na verdade ele até queria rejeitar sua coroa, fazendo de Dante o próximo rei de Helberth se eu morrer sem filhos.

Terra de sangue e fúria Onde histórias criam vida. Descubra agora