Prólogo

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 Já recebi uma variedade quase doentia de nomes. Muitos deles engraçados, outros nem tanto.

Alguns que eu preferi esquecer.

Outros que fiz questão de anotar

Não que houvesse algum exatamente correto, mas a maioria deles era curiosa.

No entanto, um em especial me chamou a atenção.

Veio em uma noite cinza, fria e chuvosa. O tipo de noite em que eu costumo gostar de sair. A noite em que eu estava pronta para levá-lo comigo.

O humano estava lutando inutilmente contra um urso. Não havia como vencer, eu já me aproximava, pronta para tê-lo em meus braços.

Seria um desperdício, ele era bonito. Do tipo que tem potencial.

Apesar dos músculos - nos quais eu não pude deixar de reparar - ele seria irremediavelmente meu.

Não meu no sentido em que os humanos usam a palavra, mas no meu próprio. Ele seria meu e não havia nada que ninguém pudesse fazer a respeito.

Então eu me aproximei e ele me viu.

Não sei como fez aquilo, mas decididamente me viu.

Me olhou e seus lábios tingidos de sangue se contorceram em um sorriso vazio e estranhamente inocente, formando covinhas nas bochechas arranhadas.

Era realmente um desperdício.

Mas ele seria meu, e não havia nada que ele pudesse fazer para mudar aquilo.

Ou eu achava que não.

Os humanos têm o péssimo hábito de serem imprevisíveis às vezes.

Com uma voz fraca e perturbadoramente serena, ele me chamou de anjo.

Fui obrigada a parar, aquele nome era novo para mim.

Interessante, mas equivocado.

Anjos são criados para salvar vidas.

Eu, para tirá-las.

O homem que me chamava de anjo [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora