Capítulo doze, sobre decisões

113 25 5
                                    

A que eu estava para tomar mudaria minha vida – ou por assim dizer.

A do meu humano irritante também.

Embora ele ainda não soubesse daquilo.


E nem eu.


Duas barracas foram armadas.

Quatro pessoas sentaram-se ao redor de uma fogueira crepitante quando escureceu rápido demais.


O tempo, ah, o tempo.

Os humanos vão continuar tentando domá-lo.

Enganá-lo.

Ignorá-lo, enquanto perdem-no entre os dedos como um fio de óleo escorregadio, e nunca vão aprender que eu sempre chego.


E o tempo do meu humano das letras faltando estava se esgotando.

E não havia nada que ninguém pudesse fazer a respeito.


Escorri de um galho e parei ao lado dele.

Podia sentir seu cheiro insuportavelmente convidativo me chamando, e uma parte de mim queria ir.

A outra, não.


E era a segunda que eu devia ter escutado.

Porque a garota do cabelo espetado se sentou ao lado dele.

E o humano desprezível sorriu.


Isso, sorria enquanto ainda há tempo.


E seu sorriso se alargou, formando as covinhas desprezíveis que seriam capazes de fazer até a Estátua da Liberdade sorrir de volta.

Mas eu não.


Esgueirei-me entre os dois, sentindo meus dedos se moverem sozinhos na direção da garota.


Não interfira, não interfira.


Mas eu queria interferir.

Queria apenas tocá-la com o mindinho e ver aquele brilho insuportável se esvair de seus olhos negros enquanto sua alma pateticamente minúscula viria em direção aos meus braços.

E ela não chegaria perto do meu humano outra vez.

Nunca mais.


Oh.


Senti meus lábios se contraírem em um sorriso, e não os reprimi daquela vez.

Porque era isso que ia acontecer.

Ele seria meu.

Só meu.


- Vem. – disse o garoto moreno estendendo uma de suas mãos para a garota do cabelo de espeto, que não hesitou em pegá-la.

Vi os olhos azuis brilhantes do meu humano estúpido faiscarem de ódio, mas ele nem se mexeu.


Levante-se, agarre o pescoço dele.


Talvez assim ambos quebrassem a perna e então eu seria poupada do desfecho daquela noite desnecessária.

O homem que me chamava de anjo [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora