Capítulo treze, sobre castigos

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Eu devia ter tentado fugir deles.

Devia ter largado a alma peluda do urso em qualquer lugar por aí e ter fugido.

Desaparecido.


Devia.

Mas Rose McQueen não faz isso.


Rose McQueen volta para o lugar parecido com o céu com as mãos vazias e a cabeça erguida.

Até avistar Jason.


- Você não vai escapar de mim. – ele disse vindo em minha direção, metralhando meus ouvidos com sua voz insuportável, e a vontade de socá-lo reascendeu em meu peito como um desejo quase incontrolável.

Quase.

- Me deixe em paz. – respondi, sem nem encará-lo para não precisar vomitar.

Mas é claro que ele não ia deixar.

É do meu inferno particular que estamos falando.


- Você ficou maluca? – cuspiu correndo com seus cambitos, me alcançando muito mais rápido do que gostaria. Na verdade, mesmo que demorasse um milhão de anos, ainda seria rápido demais. – Viu o que você fez, McQueen? Ou melhor – ele riu, aquele sorriso irritante que pedia para ter uns dentes quebrados. – o que não fez?


Sim, eu sabia.

Tinha perfeita consciência das minhas ações e ele era a última pessoa que precisava me lembrar dela.

Não, na verdade, não.

Ele não estava nem na lista.


- Já disse para me deixar em paz.

- Gregory vai ouvir sobre isso.


Gregory.

Outra vez a palavra desceu como metal gelado escorrendo pela minha pele, congelando meus poros como um veneno instantâneo.

É claro que Gregory saberia.


Mas não por Jason.


- Vá cuidar da sua vida, seu imprestável.

Ele se materializou na minha frente, com seu truquezinho barato de quinta categoria e o sorriso torto irritante que pedia para ser destruído com ácido sulfúrico.

- É exatamente o que eu estou fazendo.


Passou-se um segundo de silêncio e o ar ficou tão denso que poderia ser cortado com uma faca e arremessado de volta na cara de Jason.


Faria com o maior prazer.


- Só queria agradecer, McQueen. – seus dentes nojentos ainda estavam à mostra, como se me desafiassem a pegá-los com um alicate e arrancá-los de sua boca um a um.

Ou não.

Talvez aquela fosse só minha vontade.


- Poupe seu tempo.

- Não, é sério. Quer dizer, acho que sei como limpar minha ficha.


O homem que me chamava de anjo [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora