02 | vivian

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A casa estava lotada, mesmo do lado de fora

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A casa estava lotada, mesmo do lado de fora. O jardim da frente estava cheio de garotas, principalmente; algumas vomitando, outras ajudando as que passavam mal.

─ Se essa for a sua definição de homem bonito, tá todo mundo na merda. ─ digo, assim que passamos pela porta.

Nunca liguei muito para a aparência, mas essa é outra ocasião.

─ Eu disse que os amigos do Quinton são gatos, não os outros. ─ Charli se defende, nos guiando até a parte de trás da casa, onde tinha uma piscina mediana e um espaço enorme, que era quase totalmente ocupado por pessoas dançando.

─ E onde eles estão, exatamente? ─ Nailea pergunta, forçando a vista.

─ Não sei. ─ Char mexe os ombros, voltando para o interior da casa.

A seguimos, vendo que ela iria até a enorme cozinha. Algumas pessoas abriam e fechavam um freezer grande, então entendemos que era ali que as bebidas estavam.

Nailea pegou uma garrafa média de algo alcoólico, dando um tchauzinho com a mão antes de passar pela porta da cozinha e sumir dentre o mar de pessoas que estavam ali. Eu sabia que em algum momento Charli faria a mesma coisa e eu teria que achar algum lugar pra ficar quietinha e, provavelmente, fuçando no Instagram. É por isso que eu odeio festas.

─ Um shot pra esquentar. ─ ela me estende um copo pequeno com algo transparente dentro; não penso muito, apenas levo-o até a boca e viro, sentindo a minha garganta arder por alguns segundos. ─ E mais um pra acostumar.

Em cinco minutos, viramos mais seis shots de seja lá o que for, e mesmo eu estando acostumada com o álcool em meu organismo, já estou mais alegre que o normal.

─ Eu sei que você vai sumir em algum momento, então vamos estipular um horário. ─ quase grito por cima da música para que ela me ouça. ─ Uma hora, lá fora. Beleza?

─ Beleza. ─ ela toma um gole direto da garrafa. ─ Se eu não aparecer, não precisa me esperar. ─ ela diz, carregando um sorriso malicioso.

Char me puxa para a sala de estar que, assim como a área da piscina, estava sendo feita de pista de dança. Eu mal ouvia a letra da música, apenas a sua melodia junto com um zumbido.

Percebi que já não estava mais sob controle quando senti duas mãos grossas na minha cintura e, ao contrário do que eu faria estando sóbria, eu aproveitei para dançar ainda mais sensualmente. Os anos sendo animadora de torcida tinham que servir para algo, afinal.

Charli já não estava no meu – limitado – campo de visão, mas eu não me importava. As mãos do garoto se fecharam mais na minha cintura, me puxando e me apertando contra ele. Eu tinha plena certeza que estaria estrelando um filme pornô ao vivo se todos não estivessem bêbados o suficiente para não perceberem.

─ Tem quartos vazios lá em cima. ─ ele murmura, beijando o meu pescoço.

Me viro para ele, entrelaçando meus braços em seu pescoço. Seu cabelo é loiro e seu olho é um castanho muito claro. Ele é muito atraente, mas ainda não estou bêbada o suficiente para transar com um desconhecido.

─ Faça um bom aproveito. ─ respondo, pronta para me afastar.

Mas isso não acontece.

Uma de suas mãos agarra o meu antebraço, me puxando para onde eu estava, colada em seu corpo. Arregalo os olhos.

─ Ficou maluco? ─ tento o empurrar, mas saiu como um sopro em uma parede. ─ Me solta!

─ Não até eu te foder toda! ─ senti o meu estômago embrulhar enquanto era facilmente arrastada pelo garoto que nem sei o nome.

As pessoas viam a minha expressão de choque, e na minha mente eu gritava o mais alto possível, mas nada saía. Nadinha. Era desesperador.

─ Por favor, não... ─ consigo murmurar, sentindo a minha garganta secar.

O loiro não me responde, apenas aperta o meu braço e me puxa com mais força. Em um momento de lucidez, consigo puxar o meu braço com força e me virar o mais rápido que consigo. Não consegui dar mais de cinco passos sem esbarrar em alguém, caindo no chão e levando a pessoa comigo.

─ Me desculpa, eu... ─ gaguejei, olhando para trás a cada segundo. O loiro me olhava com raiva, pronto para vir até mim. ─ Não deixa ele me levar, por favor. ─ sussurro para o garoto que esbarrei, com tom de súplica na voz.

Assim que me levantei, o loiro deu três passos até mim. Me encolhi na parede, pensando se realmente consegui pedir ajuda ou foi só coisa da minha mente.

─ Acho que ela não tá afim, cara. ─ uma voz incrivelmente rouca soa atrás de mim, e logo o mesmo cara se coloca na minha frente, bloqueando a passagem do loiro. ─ Tem muita mina lá embaixo, desencana dessa aqui.

O garoto loiro demorou alguns segundos até suspirar profundamente e passar por nós, descendo os degraus como um furacão.

─ Você tá bem? Ele te machucou? ─ imediatamente olho para o meu antebraço direto, vendo marcas vermelhas que, sem dúvida alguma, ficariam roxas em algumas horas.

─ Eu tô bem, eu só... ─ me interrompo ao sentir uma náusea forte, seguida de uma intensa ânsia de vomito. Para a minha sorte – e para a família Griggs também –, a porta atrás de mim dava acesso a um banheiro.

Me ajoelho na frente do vaso sanitário e deixo sair cada substância alcoólica que havia ingerido na última hora. De repente, ouço o ranger da porta e logo o meu cabelo é suspenso do meu rosto.

Não tenho tempo para raciocinar nada, apenas volto a cabeça para a direção interior e vomito ainda mais. Agora é oficial, eu odeio festas.

Depois de cinco ou seis minutos, respiro fundo algumas vezes e levanto a cabeça, dando descarga e fechando a tampa do vaso sanitário. O cara de antes ainda está aqui, agora me olhando, como se fosse um médico me analisando.

Ignoro a sua presença por mais alguns minutos. Me posiciono em frente a pia e ligo a torneira, enxaguando a boca; não satisfeita, abro o armário espelhado e quase sorrio ao ver uma pasta de dentes. Depois de higienizar a minha boca, suspiro novamente e me viro para ele, que agora tinha os braços cruzados.

─ Eu não preciso de babá. ─ digo, soando mais rude do que gostaria.

─ Sério? Não parecia há, tipo, dez minutos atrás. ─  ele retruca, igualmente rude.

Encaro o chão por alguns segundos.

─ Me desculpa, eu.. eu sou uma idiota. ─ ele solta um riso nasal. ─ Obrigada, de verdade.

Ele me responde com um sorriso pequeno, mas que era possível enxergar a perfeição de seus dentes incrivelmente brancos. Agora, parada no canto, eu posso observar cada traço seu. O seu cabelo devidamente cortado, a sua barba feita, seus olhos castanhos, a sua roupa preta... Tudo.

─ Bryce. ─ ele diz, me pegando de surpresa. E é claro que teria um sorriso presunçoso em seus lábios, depois de uma secada dessas... ─ Meu nome é Bryce.

─ Vivian. ─ respondo, sorrindo minimamente. ─ Eu tenho que encontrar as minhas amigas...

─ Espera! ─ o olho com a sobrancelha erguida, confusa. ─ Tem pasta de dente no seu queixo. ─ ele diz, sorrindo, enquanto eu abaixo a cabeça, envergonhada. ─ Eu limpo pra você.

Ele se aproxima em passos largos e levanta o meu rosto delicadamente com a mão esquerda, enquanto a direita se levanta até o seu rosto, onde ele passa a língua suavemente, porém rapidamente, pelo polegar e o traz até o meu queixo, sem deixar de encostar no meu lábio inferior.

Isso é um tipo de teste, Deus?

Porque se for, infelizmente eu não passei.

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01¡ O último de hoje. Amanhã posto mais.

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