44 | vivian

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Não disse a minha mãe o que tinha acontecido, mas ela entendeu que eu precisava de um momento

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Não disse a minha mãe o que tinha acontecido, mas ela entendeu que eu precisava de um momento. Ela saiu quinze minutos depois que eu cheguei.

Tay insistiu em ficar. Colocou em um filme de comédia e pediu uma pizza.

─ Você não precisa ficar aqui. ─ falo, fazendo uma careta ao perceber como minha voz saiu abafada pelo choro recente.

─ Claro que preciso! ─ ele se deita ao meu lado. ─ O quê mais eu posso jogar na sua cara no futuro? ─ ele aperta meu nariz e eu sorrio.

─ Você é ridículo, sabia? ─ ele ri comigo. ─ Eu vou tomar um banho antes que a pizza chegue.

E assim fiz.

Demorei, pelo menos, vinte minutos debaixo da água quente, sentindo a minha pele arder. Eu fiz aquilo, eu o dei a liberdade que eu, supostamente, tinha pegado dele. Ele sempre foi livre, desimpedido, e não é diferente agora. Tenho que lidar com isso.

Só desliguei o chuveiro quando Tay reclamou do outro lado da porta. Me enrolei no roupão e não demorei no quarto.

A pizza já tinha chegado, e Tayler estava colocando um pedaço em cada prato em cima da mesinha de centro da sala.

─ Esposa de Mentirinha ou Gente Grande? ─ ele pergunta enquanto eu bato as almofadas no sofá.

─ Gente Grande.

Assistimos os dois filmes, e eu não tive tempo de pensar sobre qualquer outra coisa que não fosse relacionado aos filmes ou ao Adam Sandler. E então os filmes acabaram.

─ Você tá caindo de sono... ─ ele diz, querendo rir. ─ Levanta e vai andando, Vivian. Eu até te pagaria no colo, mas você sabe como é né... Já não tenho a coluna muito boa.

Mostro o dedo pra ele, que ri. Ele me segue até meu quarto, apagando cada luz até chegar no meu quarto.

─ Como eu sei que você me ama, eu durmo com você hoje. ─ reviro os olhos, dando espaço pra ele deitar.

─ Vai ficar pra me consolar ou pra não chegar lá e deitar ele no soco? ─ ele gargalha.

─ Um pouco dos dois, provavelmente. ─ nós dois rimos. ─ Mas mais porque eu sei que sua cabeça tem estado a mil por hora desde que você soube da minha afilhada, e seus sentimentos estão triplicados e blá blá blá.

O olho estranho, mas sorrindo.

─ Eu tenho duas irmãs mais velhas e assisti Grey's Anatomy três vezes. ─ ele mexe os ombros. ─ A questão é: se for pra ficar brava, você fica muito puta. Se for pra ficar triste, você provavelmente vai até o fundo do poço. E eu sou a cordinha que vai te puxar de lá, beleza?

Acerto a posição certa no travesseiro e continuo olhando pra ele, admirada. Ele me olhou de volta como se perguntasse "o que?"

─ Por que não era você naquele corredor? ─ então ele gargalha alto, me abraçando forte.

─ Não era pra ser, V. ─ ele faz carinho no meu cabelo com as pontas dos dedos. ─ É claro que eu seria um puta de um namorado, mas acho que faço um bom trabalho sendo melhor amigo, não faço?

─ Ninguém nunca me tratou como você me trata, namorado ou melhor amigo. ─ suspiro. ─ Sorte da Charli...

Ouço ele soltar um forte suspiro e eu dou risada.

Eu estava prestes a fazer um comentário sobre os dois quando um barulho ecoou no andar de baixo. Não era a minha mãe, já que ela disse que jantaria com aquele carinha da empresa e voltaria muito tarde, ou só amanhã. O que me leva a segunda opção: Valentina.

Meus músculos ficaram tensos e a vontade de chorar me atingiu de novo.

─ Ela vai morar contigo até o ano que vem, Vivian. ─ o jeito que ele falava o meu nome me acalmava, ao contrário da maioria, que só servia para me deixar mais nervosa. ─ Você vai ter que lidar com o fato de que os dois fizeram isso, independente do que vocês já viveram ou ainda vão viver. Chorar não vai adiantar muita coisa.

─ Não faz nem vinte e quatro horas que ela pisou em solo americano, Tayler. Nem um dia, e ela já fez o que faz de melhor. ─ murmuro.

─ Que seria...?

─ Jogar na minha cara que pode ter tudo o que eu tenho, senão mais. ─ funguei. ─ Foi assim a nossa vida toda. Quando eu a visitava, ou ao contrário, ela sempre pegava as minhas coisas, quebrava e aparecia com uma idêntica no dia seguinte. Ela fazia questão de beijar os garotos que eu gostava quando menor, e agora isso.

─ Ela é uma vaca, então. ─ mexo a cabeça. ─ Mostrar que se importa é o mesmo que entrar no joguinho dela, V. Ela quer que você se abale, que se sinta inferior, que se sinta exatamente como você está se sentindo agora, e se você permitir, ela ganha. Você quer que ela ganhe?

Balancei a cabeça em negação.

─ Então seca esse rosto e finge que nada aconteceu, minha linda. ─ sorri fraco. ─ O que você não pode é usar essa máscara a todo momento, entende? Eu e os meninos estamos sempre aqui pra você, não importa o momento. Mas, na frente dos dois, exclui essa memória da sua mente. Exclui os dois da sua mente!

─ Você deveria ser psicólogo. ─ ele faz uma careta. ─ Eu vou tentar, ok? Não é fácil desse jeito na prática.

─ Eu sei que não é. Vai por mim, eu te entendo completamente. ─ suspiramos. ─ Segura essa barra, pelo menos até minha afilhada nascer. Depois disso, você pode cortar qualquer contato com ele, e só falar sobre a única coisa que ainda liga vocês dois: o bebê. Entendido?

─ Sim, senhor. ─ ele me aperta mais. ─ Tay?

Ele murmura um "hm?"

─ Você disse que entende sobre como uma mulher grávida fica durante a gestação, certo? ─ ele concorda. ─ O que eu vou fazer se eu quiser.. você sabe.

─ Santo Deus, mulher! ─ gargalhei. ─ Isso já não é problema meu, Vivian. Se fosse no começo de tudo eu te ajudaria com prazer e honra, mas agora é tão nojento quanto beijar a minha irmã.

─ Eu vou levar isso como um elogio, ok? ─ ele ri. ─ E eu não estava pedindo a sua ajuda nesse sentido, idiota. Eu só queria um conselho, sei lá.

Ele olha para o teto antes de responder.

─ Compra um vibrador.

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