41 | vivian

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Ouvi o suficiente para saber que minha mãe já tinha saído para ir buscar Valentina no aeroporto, como tinha combinado com ela e minha tia Victoria antes de Valentina entrar no avião

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Ouvi o suficiente para saber que minha mãe já tinha saído para ir buscar Valentina no aeroporto, como tinha combinado com ela e minha tia Victoria antes de Valentina entrar no avião.

Minha tia, ainda que tivesse encontrado um amor na Itália – e teve uma filha –, ainda não havia superado completamente o fato de que Michael a usou até que ela fosse embora e depois ficou com a minha mãe, e aqui estou eu. Michael foi o primeiro amor de Victoria e de dona Vanessa também, e eu fiquei no fogo cruzado.

A viagem até o aeroporto não duraria mais do que uma hora, então eu tinha esse tempo para levantar, tomar um banho longo e estar apresentável quando ela chegasse. Mas, na real, tudo o que eu queria era dormir até meio dia. E assim eu fiz.

Acordei com um misto de vozes na minha casa, junto com o barulho de algo em atrito com a minha janela fechada. Com muito custo, me levantei e abri a janela, vendo Tay na frente da piscina, com um punhado de pedras na mão.

─ Não era mais fácil ter subido a escada e batido na porta, Tayler? ─ reclamo, colocando a mão nos olhos, protegendo-os da claridade repentina.

─ Mas não é assim que se acorda uma princesa? ─ ele zomba, cruzando os braços.

─ Depende do sono que ela está tendo. Se for um que pode durar a vida toda, então você acorda ela com um beijo de amor verdadeiro. ─ respondo. ─ O meu sono era mais importante que isso, Holder. Você é um homem morto.

Ele gargalha.

─ E o que você vai fazer? Me empurrar com a sua barriga? ─ cerro os olhos pra ele.

─ Vou fazer pior, meu amor. ─ me debruço mais na janela. ─ Vou apadrinhar o Reeves ao invés de você.

Touché.

Fecho a janela, ainda ouvindo seus gritos indignados do lado de fora. Eu tinha noção de que já era tarde, já que ele e mais umas pessoas estavam aqui, mas não me importei.

Me demorei no banho, sempre me perdendo em pensamentos quando minha mão parava na minha barriga instantaneamente. Eu tinha acabado de entrar no quarto mês, e ela já estava tomando a forma que deveria. Era bonito, mas provavelmente me causaria muitos choros histéricos por falta de autoestima.

O dia estava estranhamente quente, embora seja outono, então coloquei um vestido soltinho e calcei o chinelo. Penteei o cabelo rapidamente e suspirei antes de descer as escadas.

A cena era hilária, se não fosse ligeiramente vergonhosa. Dona Vanessa estava sentada no chão no meio de Reeves e Josh, e os três disputavam uma partida tripla de um jogo de corrida. Hacker, Charli, Nailea e Tay estavam na torcida da minha mãe, é claro. Bryce estava encostado na parede, assistindo tudo com um sorrisinho no rosto, e na poltrona, sozinha, estava Valentina.

Eu sabia que toda a minha família tinha uma postura um tanto quanto rígida. Não exatamente rígida, mas posso dizer que minha tia não passa a tarde jogando videogame com garotos quase quinze anos mais novos que ela.

Valentina me vê antes de todo mundo e se levanta em um pulo, vindo me abraçar. Como eu disse a Hall no começo da semana, eu e ela temos uma relação estranha. Longe faz falta e perto faz raiva, sabem?

─ Deus do céu, quanto tempo! ─ ela murmura, me apertando no abraço. Seu inglês não era perfeito, mas era entendível. ─ Quase não acreditei quando a tia Nessa contou á vovó sobre você. ─ seu olhar desceu até a minha barriga, e eu dei um olhar de permissão para que ela tocasse.

Bryce me ofereceu um sorriso acolhedor, que foi devolvido no mesmo momento.

─ Você quer me matar do coração, Vivian? ─ Tayler fala, no outro canto da sala. ─ Eu quase caí naquela piscina, sua idiota desalmada.

─ Me xingar não vai fazer nada além de firmar a minha ameaça, Holder. ─ falo e pisco um olho, vendo ele colocar a mão sobre o peito. ─ Faz torrada pra mim e eu penso se te perdôo, vai.

Por incrível que pareça, ele foi sem questionar. Apenas uma careta antes de entrar na cozinha, e mais nada.

Prestei atenção no modo em que Valentina alternava o olhar sob cada um, como se os avaliasse cuidadosamente. Todos eles.

Uma gritaria me tirou a atenção e eu soube que minha mãe tinha ganhado.

─ Trapacear é de família, pelo visto. ─ Reeves reclama, deixando o controle no sofá e vindo até mim. ─ Devo dizer bom dia ou boa tarde, bela adormecida?

─ Você deve agradecer as entidades espirituais que concederam a você o dom da visão, meu amigo. Olha essa mulher! ─ Josh brinca atrás dele, o empurrando quando passou e me abraçando fortemente. ─ Você sumiu.

─ Você que sumiu. Eu vivo mais na casa deles do que na minha. ─ digo e ouço minha mãe dizer "é verdade", ainda no chão.

Reeves empurrou Josh de volta, o olhando feio.

─ Como que tá o meninão do padrinho? ─ olhei para Hall, que levantou os três dedos. Ele abaixou um por segundo, e quando já não havia mais dedos levantados, Tay apareceu na porta da cozinha.

─ Como é? ─ Reeves o ignorou e continuou com a mão na minha barriga, dizendo que ensinaria ele ou ela a cantar quando crescesse. ─ Repete essa merda de novo, Anthony. Mas só se você for homem.

─ Já chega de briga, crianças. ─ aumento a voz e ouço a risada de minhas amigas. ─ Vocês foram devidamente apresentados, meninos?

Hall acenou em negação.

─ Sempre sobra pra mim... ─ suspiro, me virando para minha prima. ─ Valentina, esses são Josh, Anthony, Vinnie, Tayler, Bryce e Nailea. Charli você já conhece. ─ Char da a ela um sorrisinho falso, que foi retribuído. ─ Meninos e Nailea, essa é minha prima Valentina.

Valentina acenou timidamente para eles, e eu ignorei o costumeiro olhar cafajeste nos rostos da maioria deles.

─ Cadê meu café da manhã, Tayler? ─ eu adoro, não, eu amo, fazer ele de gato e sapato – obviamente em brincadeira de um jeito saudável – quando o chantageio ao meu favor.

Sentei na mesa de jantar e vi Tay passar o prato de torradas e um copo de suco para Hall pelo passa prato. Logo, o prato e o copo estavam na minha frente.

─ Mais alguma coisa, milady? ─ Hall brinca, fazendo uma reverência curta.

Eu queria tantas coisas dele, tantas...

─ Mais nada, meu senhor. ─ ele sorri, voltando a se encostar na parede.

Eles estavam aqui por uma razão, mas eu só procuraria saber depois que comesse.

Mesmo que ver Valentina olhando para Bryce daquela maneira tenha tirado todo o meu apetite.

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𝗠𝗢𝗠'𝗦 𝗕𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗. Onde histórias criam vida. Descubra agora