08 | vivian

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Eu encarava o rosto do ortopedista com a minha mais sincera expressão de pavor

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Eu encarava o rosto do ortopedista com a minha mais sincera expressão de pavor.

Depois de ter o pulso esquerdo enfaixado com uma longa faixa de gaze e coberto por uma tala, assim como o meu tornozelo direito – sem a parte da gaze –, o médico me entregou um papel de atestado de sete dias. Mas não era isso que me assustava.

Ficar sem aula por sete dias a beira da semana de prova final não me assustava.

Ficar sem treino por sete dias, estando perto do final da temporada, onde há uma possibilidade de eu conseguir uma bolsa para a faculdade, não me assustava.

Mas ficar uma semana sob os cuidados do meu "padrasto", ah, isso sim me assusta.

Como eu sei disso? É fácil. A vida de empresária nunca descansa, e a minha mãe já me convenceu disso das últimas dezenas de vezes que pagava babás para cuidar de mim enquanto eu estava doente. Agora, tendo um namorado, é conveniente para ela, e acaba com o seu estresse. Acaba com o seu estresse, mas aumenta o meu.

Olhei para Charli, pedindo socorro, mas ela estava ocupada demais segurando a risada. Filha da puta.

Os próximos quarentena minutos foram os piores da minha vida. Eu passei meia hora apertando a mão de Char, tentando pedir ajuda de alguma maneira, e tudo o que ela me disse foi: usem camisinha.

Os outros dez minutos foi a distância entre a casa de Charli e a minha, que foi ainda pior. Eu tinha de ficar o mais longe possível desse homem nos próximos sete dias. Não, nos próximos sete anos!

─ Você já pode parar de me tratar como se eu fosse um ogro. ─ ele resmunga assim que me coloca sentada sobre o sofá.

─ Então não aja como um. ─ respondo, mesmo sabendo que ele nunca deu motivos para eu tratá-lo dessa maneira.

O problema sou eu, na verdade.

─ Por favor, não me diga que você vai ser a minha babá durante a semana toda! ─ falo, suplicando misericórdia a qualquer ser religioso que me ouça.

─ É tão ruim assim? ─ suspiro em derrota, jogando a minha cabeça no estofado de couro do sofá.

Já passei por isso uma vez, o tornozelo torcido e tal. Minha babá tinha que me ajudar no banho, ou eu molharia a tala, e não posso tirar até que o médico diga.

─ Você não vai me dar banho. ─ ele arqueia a sobrancelha, surpreso.

─ Eu não disse que iria. ─ ele se defende, com um sorrisinho presunçoso, se jogando no outro sofá, no lado oposto da sala. ─ Mas você vai ter que dormir na sala, pra evitar a escada.

─ Eu só evitaria a escada se você trouxesse o meu guarda-roupa para a sala e me arrumasse um penico. Caso contrário...

─ A parte do penico eu posso providenciar. ─ reviro os olhos e ergo o dedo médio, tirando um riso fraco dele. ─ Então parece que eu vou ser o seu burro de carga, afinal.

𝗠𝗢𝗠'𝗦 𝗕𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗. Onde histórias criam vida. Descubra agora