Pulei da cama assim que o meu celular despertou. Tomei um banho frio, coloquei a primeira roupa que vi pela frente e logo eu já estava dentro do carro, dirigindo em direção ao aeroporto.
Usei a quase uma hora de silêncio para pensar, pensar e pensar. As coisas entre eu e Vivian estavam melhores, aparentemente. Não tivemos mais nenhuma briga, mas eu ainda podia sentir o clima chato às vezes.
E, se não tivemos mais nenhuma briga, quer dizer que não tocamos no assunto nós, e creio que, por ela, não faríamos isso tão cedo.
Kaylan já estava a par de toda a situação. Minha cabeça ainda dói dos gritos que ela deu depois que eu contei que minha não-namorada estava grávida e que descobriríamos o sexo do bebê no sábado, amanhã. Minha irmã pegou o primeiro vôo de Nova Iorque até aqui e chegou ontem um pouquinho depois do almoço.
─ Não ganho nem um abraço? ─ eu estava tão imerso em meus pensamentos que sequer percebi minha mãe se aproximar do carro, agora parada ao lado da minha porta.
Quando foi que eu cheguei aqui?
Saí do carro e a abracei; não fazia tanto tempo desde que havíamos nos visto, mas qualquer tempo é tempo demais longe dela.
─ Kaylan já está na minha casa. Acho que eu tenho que passar no otorrino, ainda tô sentindo meus tímpanos doendo desde que ela gritou para os quatro cantos o quanto eu sou um irmão ingrato. ─ faço uma careta enquanto dona Kami encontra o lugar ao meu lado, rindo.
─ Pelo menos eu acertei na educação de uma. ─ ela retruca e eu a olho, indignado. ─ O quê?
─ Achei que eu fosse o seu favorito! ─ exclamo, como uma criança mimada.
─ Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Hall. ─ ela retruca, abaixando o espelho e passando um tipo de hidratadante labial.
Conversamos sobre coisas banais o resto do caminho, e só paramos quando o portão eletrônico da garagem se fechou atrás do carro.
─ Mãe! ─ Kaylan gritou, pegando minha mãe em um abraço assim que a mesma desceu do carro.
Elas também não se viam há algum tempo, visto que Kay mora em NY desde o início do ano.
─ Vamos! Não podemos perder tempo, tenho um almoço para fazer e uma nora para conhecer! ─ dona Kami bateu as mãos duas vezes e correu para o interior da casa, que estava vazia a pedido meu.
─ Nem pensar, dona Kami! ─ grunhi, indo atrás dela. ─ Eu já deixei as duas à par de toda a situação...
─ De que você é um idiota sem senso? Sim, deixou mesmo. ─ minha irmã me interrompe.
─ Como eu ia dizendo, as duas sabem que o único vínculo entre eu e Vivian é o bebê, e nada além disso! ─ repeti aquelas palavras pela décima vez. ─ Então, nada de "norinha" ou "cunhadinha". Estamos entendidos?
─ Completamente, capitão. ─ minha mãe retruca.
O sarcasmo e a ironia é de família, como podemos ver.
Minha mãe começou a preparar o almoço as dez e meia e, curiosamente, o que ela fazia era nada mais, nada menos que Paella. O prato que Vivian fez para mim quando fui na casa dela pela primeira vez, como o namorado de Vanessa.
Se arrependimento matasse...
─ Querido, você pode passar no mercado antes de buscá-la? ─ minha mãe apareceu na sala, onde eu e Kaylan víamos um filme. ─ Precisamos de queijo ralado e um refrigerante gelado.
Olhei para o meu relógio de pulso e suspirei antes de me levantar. Tinha dito à V que ficasse pronta ao meio dia, e agora são onze e cinquenta.
─ Ok.
Passei a mão no boné branco da Tommy Hilfiger e peguei a chave do carro no bolso da bermuda.
Passei no mercado como me foi pedido e depois conduzi o carro até a casa de Vivian. Ela já estava do lado de fora, vestindo uma calça jeans preta e um cropped soltinho rosa bebê, que combinava com o tecido felpudo do seu chinelo.
Tayler, Anthony, Charli e Nailea estavam com ela, mas deduzi que eles também estavam de saída.
─ Se sair uma só lágrima de dentro dela por sua causa, Hall, você vai morrer sem saber se seu bebê é menino ou menina! ─ ouvi a ameaça de Charli antes da mesma entrar no carro de Reeves.
Percebi pelas dobras esbranquiçadas de seus dedos que ela apertava o celular, talvez para descontar ali o nervosismo.
─ Você pode ir embora a hora que quiser! ─ falo, preocupado. ─ Elas querem te conhecer, apenas. Não é como se fosse uma reunião de negócios.
─ Espera... Elas? No plural? Achei que fosse só a sua mãe! ─ ela se embola, confusa.
─ Eu acabei comentando com a minha irmã, e ela já tinha pegado o avião antes que eu pudesse contestar. ─ a olho por alguns segundos. ─ As duas são um pouco... Extrovertidas. É, essa é a palavra. Talvez você se sinta um pouco desconfortável no começo.
Ela libera uma risada anasalada.
─ Se elas forem como você, acho que sei perfeitamente como lidar. ─ ela brinca e eu sorrio.
Não com beijos e uma sentada maravilhosa, é claro. Provavelmente com comentários igualmente irônicos e retribuindo as brincadeiras.
Vejo ela publicando uma foto no Instagram, provavelmente tirada antes de eu ir buscá-la.
Ela solta o celular repentinamente e coloca a mão na barriga. De início, penso que era algum tipo de dor ou sei lá, mas suspiro aliviado quando ela sorri.
O bebê estava mexendo de novo.
Eu não tinha a visto desde o ultrassom, mas não pude ver e nem sentir o bebê mexer aquele dia. E nem agora, já que estou dirigindo.
Honestamente, eu não sei se ficaria mais feliz se for um menino ou se for uma menina. O meu amor já é tão grande e eu sequer sei o essencial, por assim dizer, então isso vai ser apenas um mero detalhe.
Eu queria, sim, uma miniatura minha. Alguém para chamar de Bryce Jr, mesmo que – obviamente – não tenha o meu nome; ensinar a jogar futebol, videogame, ajudar na lição de casa e todo o resto.
Mas, eu ficaria muito, muito feliz se for uma menina. Observar o crescimento de uma mini Vivian seria, no mínimo, interessante. Eu faria com ela todas as coisas que faria se for um menino, sem uma única diferença.
Não me importava se ali dentro estava o Vincent ou a Violet, a única coisa que importa é a minha responsabilidade sobre ele ou ela, assim como Vivian.
Paro o carro em frente a casa e me estico para o banco de trás, pegando a sacola com o queijo ralado e o refrigerante que minha mãe pediu.
─ Pronta? ─ pergunto, sorrindo fraco.
A ajudo a descer do carro e tranco o mesmo, sentindo ela enganchar o seu braço no meu esquerdo, antes de começarmos a andar em direção à porta.
─ Nem um pouquinho.
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𝗠𝗢𝗠'𝗦 𝗕𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗.
Fanfiction𝕸𝗢𝗠'𝗦 𝕭𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗 ❝A minha mãe vai me matar!❞ 𝗢𝗡𝗗𝗘, em uma festa Vivian acaba ficando com o namorado da sua mãe. ⤷ 𝗔 𝗕𝗥𝗬𝗖𝗘 𝗛𝗔𝗟𝗟 fanfiction ▕ Original project by 𝗺𝗮𝗴𝗶𝗰𝗸𝗹𝗮𝘂𝘀 ▕ Adaptation by 𝗵𝗮𝗰𝗸𝗲𝗿𝗽𝘆𝘁𝗻 ▕...