𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍 ; suna rintarou

2.1

   Você nunca havia corrido tanto em sua vida, sentia seu peito implorar por oxigênio, seu coração batia forte contra sua caixa torácica como se implorasse por descanso. Aran não tinha um carro, ele se dizia ambiental demais para ter uma máquina que soltasse fumaça e para o seu azar o ponto de táxi mais perto que tinha ficava a três ruas de distância.

   Suas roupas estavam completamente encharcadas, você conseguia às sentir grudando contra sua pele, arfou aliviada ao chegar no ponto de táxi empurrando uma mulher para o lado.

   — Pardon.

   Você disse a escutando lhe xingar baixinho mas apenas entrou de uma vez em um dos táxis falando do jeito mais rápido que sua língua permitiu o endereço da casa do Kenma, não demorou muito para que o carro amarelado desse partida, você respirou fundo tentando manter a própria calma, enfiou a mão no bolso da calça agradecendo aos céus pelo celular ser a prova d'água. Demorou apenas alguns minutos para que o táxi chegasse em seu destino mas que para você pareciam uma eternidade; você arrancou algumas notas de euro da capinha do seu celular as jogando no banco antes de sair correndo do carro, conseguia sentir as gostas grossas de chuva contra sua pele, a precipitação estava muito mais forte do que antes, um trovão alto se fez presente enquanto você abria o portão pequeno com as mãos trêmulas adentrando na casa o mais rápido que conseguiu.

   A casa estava silenciosa demais. Tão silenciosa ao ponto que você conseguia escutar o som das próprias gotas do seu corpo se chocando contra o chão de madeira.

— Suna!

Você chamou com a voz falha enquanto subia as escadas rapidamente, a porta do seu quarto estava aberta, conseguia escutar um som soluçado vindo lá de dentro, você entrou com cuidado vendo um volume sobre sua cama, escondido por baixo das cobertas, tremia de maneira quase que violenta, você suspirou pesadamente sentindo seu estômago se embrulhar, andou devagar em direção a cama ficando de joelhos sobre o acolchoado, levantou o cobertor com cuidado se detendo com um Suna assustado ali embaixo, suas bochechas estavam vermelhas e os olhos dourados completamente molhados.

— Hey — você chamou baixinho, ele levantou o rosto trêmulo em sua direção, ele estava quase hiperventilando a cada trovão mais alto que se fazia presente, entreabria os lábios como se quisesse buscar o ar que havia sumido rente ao seu rosto, você levou as mãos em direção ao rosto do mais velho tampando seus ouvidos com cuidado, ele piscou devagar lhe encarando ali, tremeu suavemente —, está tudo bem, eu estou aqui.

   Você sussurrou mesmo que soubesse que ele não conseguiria escutar com os ouvidos tampados por suas mãos, Suna foi aos poucos voltando a respirar normalmente mesmo que seu corpo ainda tremesse muito, você mexeu a boca de modo exagerado para que ele conseguisse entender formando um "Você consegue ficar em pé?" ele assentiu, pouco a pouco se arrastando para fora da cama junto com você e em nenhum momento suas mãos deixaram seus ouvidos. Vocês andaram pelo quarto devagar em direção ao closet, você empurrou a porta com o corpo entrando ali juntamente com o homem fechando a porta novamente, ali o som da chuva era completamente abafado, quase que inexistente, você afastou as mãos dos ouvidos de Suna pouco a pouco e acendeu o interruptor iluminando o closet vazio, seus olhos se encontraram com os do mais velho ele fungou baixinho abriu um sorriso fraco antes de curvar o corpo em sua direção pousando a testa contra seu ombro.

   — Obrigado.

   Ele murmurou com a voz trêmula, falhada, você riu baixinho antes de encolher os ombros, levou uma das mãos em direção aos fios escuros do mais velho os acariciando com cuidado.

   — Eu que deveria estar agradecendo por ter conseguido arrastar um homem bonito para um closet vazio.

   Você disse elevando a voz e conseguiu escutar um riso fraco escapando dos lábios de Suna, ele resmungou baixinho.

   — Você está gelada... e molhada, vai ficar doente.

   — Suna Rintarou pare de ser tão exigente, eu não posso controlar as ações meteorológicas.

   — Por deus, cale a boca.

   Ele disse rindo baixinho enquanto levantava o rosto devagar lhe encarando ali, você abriu um sorriso curto fitando seu rosto próximo ao seu, encolheu os ombros. Ficaram dentro do closet por mais alguns minutos, conversaram sobre os lugares que poderiam visitar no dia seguinte, falaram em talvez ir a Torre Eiffel para que você pudesse desenhá-la, discutiram sobre restaurantes e padarias que deveriam ir. Estavam apenas fazendo planos, muitos planos, tantos planos que você talvez devesse os anotar em uma folha de papel para não os esquecer.

   A chuva parou por fim, você e Suna deixaram o closet, você foi tomar um banho quente e trocar de roupas e ele apenas voltou a se deitar em sua cama mas dessa vez muito mais calmo do que antes. Você levou suas roupas surradas de pijama para o banheiro consigo, tomou um banho rápido, lavou os cabelos molhados sentindo seu corpo frio se esquentar pouco a pouco, se secou rapidamente e colocou suas roupas antes de sair do banheiro com a toalha pendurada em um dos seus ombros, Sua desviou o olhar do celular em suas mãos para você, soltou um riso alto.

   — Você roubou essas roupas de um mendigo?

   Ele indagou arqueando uma das sobrancelhas e você bufou fazendo uma careta mau humorada, mas mesmo assim feliz, feliz pelo Suna irritante estar de volta.

   — Cale a porra da sua boca, Suna, não reclame se eu te sufocar com o travesseiro de madrugada.

  Você murmurou largando a toalha sobre uma das cadeiras do quarto antes de andar em direção a cama, Suna tinha um sorrisinho petulante em seus lábios e naquele momento você percebeu que havia dito algo que não deveria.

   — Está me chamando para dormir com você, Ma chérie?

   Ele perguntou erguendo o queixo e você suspirou sentindo seu estômago se remexer inquieto, encolheu os ombros enquanto se sentava ao seu lado na cama enfiando as pernas por baixo do edredom.

   — Só não roube minha coberta de novo ou eu vou quebrar a sua cara.

   Você disse com a voz séria, Suna sorriu, volteou o olhar para o texto em seu celular sobre a partida de futebol que havia ocorrido no Japão.

   — Ei — ele chamou baixinho sem desviar o olhar do celular, suas bochechas estavam levemente coradas, você levou o olhar em sua direção, ele suspirou —, obrigado por ter vindo.